Nos dias 26 e 27 de março passados (2013), os “Chefes de Estado” do Brasil, Rússia, Índia, China e “África do Sul” (agrupados sob o acrônimo BRICS) reuniram-se na cidade sul-africana de Durban, em decorrência da realização da “5ª Cúpula dos BRICS”.
Importa destacar que este grupo foi identificado analiticamente em 2001 por Jim O’Neill, chefe de pesquisa em economia global do grupo financeiro Goldman Sachs, quando usou a sigla BRIC para resumir o conjunto composto por Brasil, Rússia, Índia e China, o qual percebia que se constituía em um agrupamento de países cujas economias internas teriam influência crescente sobre a economia mundial. Os Estados adotaram a ideia e, em 2011, houve o ingresso oficial da “África do Sul” ao conjunto, por meio da “Declaração de Sanya”, fazendo com que o sigla passasse a ser BRICS.
Por conta da reunião deste ano ser em seu território, o governo sul-africano acabou centralizando na África, sob o tema “BRICS e África: parceria para o desenvolvimento, a integração e a industrialização”. Apesar de soar estranho para alguns, há diversas justificativas para a participação da África do Sul neste concerto. Dentre várias razões, pode-se citar: o país conquistou o status de potência média e possui condições de liderar a região qualificadamente, haja vista as relações comerciais naquele continente; a África do Sul dispõe de considerável setor financeiro; ela compartilha ainda com seus parceiros do grupo a visão de que o mundo tem passado por diversas, rápidas e intensas mudanças, as quais demandam reorganização da governança global; há forte relação de reciprocidade na seara negocial sul-africana, posto que suas empresas têm interesse em expandir os negócios para os quatro países e vice-versa.
Um dos pontos que restaram destacados pela “África do Sul” no encontro foi a necessidade de auxiliar no desenvolvimento do continente africano como um todo, uma vez que este espaço ainda encontra precariedades e deficiências em vários setores de infraestrutura, o que muitas vezes dificulta e desestimula os aportes de investimentos estrangeiros.
Como afirma a professora pesquisadora do “Centro Brasileiro de Estudos Africanos” (Cebrafrica) da “Universidade Federal do Rio Grande do Sul” (UFRGS)“…a África do Sul pode desempenhar o papel de articuladora e, assim, “destravar” o potencial do restante da África. Garantir a reciprocidade também pode ser uma tarefa sul-africana, que deverá pressionar por mais oportunidades para o continente, já que é uma das economias mais diversificadas e um país politicamente estável[1].Nesse sentido, os demais países do BRICS podem oferecer-lhe auxílio com base em sua expertise, empresas, mão de obra, recursos naturais etc..
Conforme ainda apontam vários observadores, as afinidades entre os membros do Bloco não se limitam ao que foi relatado. Dentre alguns pontos gerais de convergência, podem ser destacados: todos investem crescentemente em debates visando à busca de desenvolvimento forte e sustentado, mediante cooperação nos setores econômico, financeiro e comercial; os participantes defendem a necessidade de alterações na composição do “Fundo Monetário Internacional” (FMI); eles percebem a necessidade de debater a reforma do “Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas” (CS da ONU), visto entenderem que sua estrutura (mantida desde sua criação, em 1945) não mais representa fielmente a realidade contemporânea, embora Rússia e China não demonstrem interesses imediatos, já que a forma como está estruturado lhes é benéfica; e os membros trabalham com o foco no desenvolvimento e uso de recursos energéticos renováveis.
Neste cenário, tem sido convergente o posicionamento de vários analistas que ressaltam a importância sul-africana, tanto pelo crescimento que obteve, como pelo que ela representa para o seu continente, podendo ser determinante notadamente para o progresso da África como um todo, além de auxiliar seus países-parceiros no BRICS a alcançarem objetivos comuns.
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Imagem (Fonte):
http://www2.planalto.gov.br/multimidia/galeria-de-fotos/foto-oficial-da-v-cupula-do-brics-
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Fontes consultadas:
[1] Ver:
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