O terrorismo tem representado uma crescente ameaça estratégica para a Europa, pois altera a percepção de segurança, acarreta consideráveis aportes de recursos e estremece a abertura e a tolerância das comunidades europeias. Dos maiores atentados ocorridos em solo europeu nos últimos anos, quatro aconteceram em território francês, mais precisamente em Toulousse, no ano de 2012; em Paris, nos meses de janeiro e de novembro de 2015; e em Nice, em 2016.
Dentre as razões que explicam por que a França se tornou um alvo constante de ataques, se pode destacar: a participação efetiva do país como membro da Força de Coalizão liderada pelos EUA, atuante no combate ao ISIS no Oriente Médio; a presença da maior comunidade islâmica da Europa Ocidental, cuja população imigrante ou de origem estrangeira nascida na França sofre há décadas os problemas de integração e é, em boa parte, desfavorecida socialmente; por fim, a Lei da Laicidade, de 1905, que determina a separação entre o Estado e a Igreja, não permitindo ao Estado francês oferecer serviços públicos específicos para determinada comunidade religiosa, nem financiar a construção de mesquitas.
Diante deste contexto, o primeiro-ministro francês Edouard Philippe anunciou um pacote com sessenta medidas para conter uma ameaça gradual representada pela radicalização islâmica no país. Entre as medidas anunciadas salientam-se: a criação de zonas de isolamento para detentos radicalizados nas prisões, sejam daqueles que voltaram de zonas com influência jihadista, ou daqueles que manifestaram interesse pelo terrorismo em terras francesas; a maior regulação na criação e funcionamento de escolas particulares que tenham por base ensinamentos religiosos e ignoram a forma laica de educação pública praticada pelo governo; a intensificação na fiscalização contra postagens radicais em redes sociais; o aumento da prevenção a partir da assistência social e fundos para ajuda psicológica; a formação de uma rede mais forte com países vizinhos nas investigações de possíveis radicalizados; e o afastamento imediato de funcionários públicos com tendências radicais.
As estratégias utilizadas pela União Europeia para o combate ao terrorismo têm sido alteradas e adaptadas em decorrência das mudanças nos modos de atuação das organizações terroristas nos atentados mais recentes. No entanto, os três pilares prioritários a serem respeitados para o constante entendimento e repressão a esse fenômeno, ainda permanecem sendo: promover a segurança da população civil; prevenir a radicalização e proteger os valores; manter e aperfeiçoar a cooperação com os parceiros internacionais.
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Fontes das Imagens:
Imagem 1 “Polícia francesa colhendo evidências no Bataclan, no dia seguinte ao ataque” (Fonte):
Imagem 2 “Primeiro–Ministro Francês, Edouard Philippe” (Fonte):
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89douard_Philippe#/media/File:Edouard_Philippe.png
O Major Frederes tem se destacado com seus percucientes comentários sobre esse árido assunto, que requer conhecimento específico, capacidade de comunicação escrita e visão abrangente dos fatos. Muito bom. Parabéns.
Luiz Alberto Hoff