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Desde o advento da anexação da península da Criméia pela Rússia, em 2014, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) mantém um relacionamento de baixa intensidade com Moscou, pois adotou a posição de que houve uma agressão russa à soberania ucraniana. A revés desta situação, os Estados do Báltico, sobretudo a Letônia, nutrem um receio de que futuramente seus países possam vir a experimentar uma invasão da Rússia, por abrigarem milhares de descendentes russos da época soviética. O caso produziu um azedamento diplomático no entorno do Báltico, cujo reflexo resultou na ampliação do sentimento de desconfiança mútua entre os Estados locais e na securitização regional.
Com o objetivo de dissuadir a ascensão de belicismos, representantes dos Ministérios da Defesa da Letônia e da Rússia fizeram uma reunião, em 8 de dezembro de 2016, com a intenção de apresentar propostas para a redução de diferenças e busca de transparência com a finalidade de melhorar as relações pelas vias da cooperação. Riga enviou uma sugestão que estipulava a visitação recíproca em zonas de fronteira e de controle de armamentos em conformidade com os princípios do Documento de Viena da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), cujo conteúdo remete ao fomento de medidas de segurança e confiança. Todavia, a proposta foi recusada pela Rússia, no último dia 9 deste mês (março), a partir da alegação de que tal proposta é prematura.
No que tange a questão, o Ministério da Defesa Letão declarou: “Considerando as atividades provocadoras da Rússia perto da fronteira com a Letônia e a falta de transparência, o interesse da Letônia é examinar a capacidade militar da Rússia nas áreas fronteiriças e promover a transparência nos aspectos militares”. Tal declaração decorre do fato de os letões se preocuparem com o aumento dos treinamentos e da atividade militar ao longo da fronteira com os países Bálticos, cujas ações tendem a despertar um clima de insegurança entre as partes.
Já o Ministério da Defesa Russo respondeu com a seguinte afirmação: “Em 2017, o Ministério da Defesa russo, aderindo a política de abertura, convidou uma delegação do Ministério de Defesa da Letônia para visitar a Divisão de Aerotransporte da Brigada de Aviação do Exército na cidade de Ostrov e Pskov, que expressou anteriormente preocupação com o lado da Letônia. No entanto, a solidariedade a NATO impediu o lado letão de enviar representantes para assegurar a ausência de quaisquer ameaças reais do Ministério de Defesa Russo na região”.
Conforme apontam os analistas, percebe-se a existência de carência de fé entre os atores, e o principal entrave talvez seja a estrutura da OTAN na localidade, sobretudo o fato de a Letônia fazer parte do Bloco Militar. Logo, convém que ocorram negociações mais intensas com o propósito de fazer diminuírem as tensões, a exemplo da introdução de um ator neutro capaz de guiar o processo, porém seria necessário a inclusão da vontade de Riga e Moscou em resolver a dificuldade mediante o diálogo e a transparência militar.
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Imagem 1 “Bandeira da Letônia” (Fonte):
Imagem 1 “Bandeira da Rússia” (Fonte):
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