Ante a “Guerra Civil” que assola a Síria há mais de dois anos e em face do número crescente de vítimas mortais e milhares de refugiados, os EUA e a Rússia partem para a tentativa de pôr fim ao conflito através de uma conferência internacional, marcada para meados do mês de junho, em Genebra. Antes das negociações, na semana retrasada tiveram lugar as conversações da “União Europeia”, em Paris e Bruxelas, e da Oposição síria, em Istambul. A conferência, denominada “Genebra 2”, será a segunda convocada para tentar encontrar uma solução para a “Guerra na Síria”, sendo que a primeira aconteceu em junho de 2012, sem resultados positivos. A frustração das negociações na primeira Conferência, recorde-se, provocou a demissão do então enviado especial para a Síria, Kofi Annan[1].
O Governo e a Oposição têm interesse em participar da conferência em Genebra, mas não demonstram otimismo[2]. Simultaneamente, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, vê com preocupação o conflito. Porém, as conversações para se chegar a um consenso antes da conferência não têm sido fáceis. A “União Europeia” reuniu-se em Bruxelas e Paris para tratar do embargo de armas para os rebeldes[3]. A princípio, o Bloco esteve dividido quanto à liberação, ou não, da entrada de armas na Síria e, após várias negociações, acabou por decidir-se pelo fim do embargo do envio de armas aos opositores de Bashar al-Assad.
Os EUA e a Rússia, que estão no comando das negociações, também divergem quanto à participação do Irã na conferência internacional. Para os EUA, o Irã apoia o Governo sírio e, portanto, não deve participar na reunião, ao que se opõe a Rússia. A Oposição síria exige clareza do Governo nas conversas a serem desenvolvidas em “Genebra 2”, de modo a deixar clara a intenção de promover a transição democrática. Paralelamente ao objetivo comum, que é o fim do Governo atual, cresce entre a Oposição síria a divisão em termos de interesses[4], o que demonstra dificuldade de união dos rebeldes em torno de um objetivo único tendo em vista o futuro nacional.
No meio de interesses divergentes, Michel Kilo, escritor e ativista dos direitos humanos, foi escolhido para integrar as conversações. A presença de Michel Kilo tem por objetivo contrabalançar o peso da “Irmandade Muçulmana” na coalização opositora ao regime de al-Assad, por se tratar do principal bloco de oposição da Síria. Porém, o grupo do ativista não teve um apoio considerável da coalizão e ficou reduzido a apenas cinco assentos[5]. Segundo os especialistas, chegar a um acordo entre o Governo e a Oposição não será uma tarefa fácil, visto que a questão passa, em primeiro lugar, pela necessidade de unidade entre a Oposição para ultrapassar os interesses de grupo e alcançar os objetivos comuns. A Oposição espera a renúncia do Governo enquanto este não passa a ideia de ser, hoje, um executivo demissionário. Mais uma vez, a diplomacia assumirá a difícil tarefa de tentar o entendimento entre os opositores e o Governo sírio, assim como a obtenção de um acordo que contemple a viabilidade de uma Síria unida no pós-Guerra Civil.
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Imagem (Fonte):
https://ceiri.news/wp-content/uploads/2013/06/chaos-in-syria.jpg
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Fontes consultadas:
[1] Ver:
http://www.maannews.net/eng/ViewDetails.aspx?ID=599348
[2] Ver:
http://edition.cnn.com/2013/05/26/world/meast/syria-civil-war/index.html?iref=allsearch
[3] Ver:
[4] Ver:
http://www.afp.com/en/node/951764
[5] Ver: