A Islândia ficou conhecida recentemente pelo envolvimento de seus políticos no escândalo do Panama Papers, que derrubou o governo do primeiro-ministro Sigmundur Gunnlaugsson. Em janeiro deste ano (2017), Bjarni Benediktsson assumiu a função de Premiê com uma coalizão tripartidária, após as eleições de 29 de outubro, em que os membros dessa coalizão ocuparam 32 dos 63 assentos no Parlamento.
Em 8 meses de governo, o primeiro-ministro Benediktsson, do Partido da Independência, não conseguiu levar adiante meios de diálogo com os parlamentares islandeses, pois descobriu-se que seu pai Benedikt Sveinsson ajudou Hjalti Hauksson a solicitar na Justiça do país a limpeza de sua ficha criminal. Ele havia sido condenado por pedofilia, em 2004, por ter violentado sua enteada por 12 anos.
Os parlamentares do Partido Futuro Brilhante foram os primeiros a deixarem o governo sob o argumento de quebra de confiança, visto que, supostamente, funcionários governamentais mantiveram longe do público informações do caso Hauksson. A partir dessa questão observa-se que o estopim da situação foi a omissão de uma suposta carta feita por Benedikt Sveisson em benefício de Hauksson pelo próprio premiê Benediktsson. Os demais parlamentares não apreciaram as ações do líder do governo e resolveram se retirar da coalizão.
Em relação à questão, o Jornal New York Post noticiou a afirmação do cientista político da Universidade da Islândia, Baldur Thorhallsson, o qual comentou: “Não seria necessariamente uma surpresa se o Primeiro-Ministro quiser convocar uma eleição. Atualmente existe uma grande incerteza política na Islândia”. Já o Jornal Icelandreview informou a fala da Presidente do Conselho de Administração do Partido Futuro Brilhante, Guðlaug Kristjánsdóttir: “O debate na reunião levou à conclusão de que houve uma violação da confidencialidade de tal magnitude que esta coalizão do governo não poderia continuar”.
Conforme o rito na política islandesa, o primeiro-ministro Benediktsson informou ao Presidente da Islândia, Gudni Jóhannesson, a dissolução da coalizão parlamentar. O presidente Johannesson tentou sem sucesso uma alternativa para a formação de um novo gabinete, e terminou por aceitar novas eleições parlamentares, marcadas para 28 de outubro de 2017, entretanto salientou, consoante ao Jornal RÚV: “Nós podemos mudar os governos, mas não podemos mudar os eleitores, ao estimular as pessoas a votarem”.
De acordo com os analistas, a Islândia enfrenta uma reviravolta semelhante a uma crise política, mas não chega a tal proporção devido a relutância de parlamentares em permanecer no governo. Observa-se a inexistência de insatisfações institucionais, visto que as mesmas apresentam solidez, todavia, a maior das incógnitas para o país é a reação popular nas eleições antecipadas, as quais podem trazer surpresas.
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Fontes das Imagens:
Imagem 1 “Alϸingi, Parlamento Islandês” (Fonte):
Imagem 2 “Primeiro–Ministro da Islândia, Bjarni Benediktsson” (Fonte):