O território britânico de Gibraltar, localizado ao sul da região espanhola de Andaluzia, enfrenta duras críticas e uma possibilidade de retaliação por parte da Espanha após permitir a instalação de um recife artificial na entrada do “Mar Mediterrâneo”. As disputas diplomáticas chegaram a um ponto em que a Espanha ameaça implantar uma taxa para todos que quiserem atravessar a fronteira para Gibraltar e vice e versa[1].
O conflito começou no último dia 26 de agosto de 2012 quando barcos provenientes de Gibraltar atiraram no mar barreiras de concreto para formar um recife artificial com o intuito de aumentar a população de peixes naquela área. A Espanha, no entanto, alega que tal atitude irá prejudicar o setor pesqueiro daquela região, nominalmente, os barcos de pesca espanhóis que ficarão impossibilitados de passar por aquela área[2].
A Espanha então ameaçou impor uma taxa de 50 euros (aproximadamente 150 reais) para quem quiser cruzar a fronteira e ameaçou também investigar a renda dos gibraltinos que possuem imóveis na Espanha, promovendo um aumento no tom das relações diplomáticas entre ambos[1].
O governo do Ministro Chefe de Gibraltar, Fabian Picardo, anunciou que não hesitará em levar a questão ao “Tribunal de Justiça da União Europeia”, visto que, de acordo com os tratados do Bloco, tal medida é inviável pois ameaça uma das liberdades fundamentais garantidas pela UE, no caso a livre circulação de pessoas e trabalhadores[3].
O “Ministro espanhol das Relações Exteriores”, Manuel Garcia-Margallo, deixou claro em uma declaração que “a festa acabou”[1], refletindo o tom da política do governo de centro-direita de Mariano Rajoy com relação ao Rochedo*. Tal endurecimento ocorre após anos de uma política mais leniente com relação a Gibraltar, pela qual o governo socialista de José Luis Zapatero evitava trazer à tona o discurso nacionalista a respeito das alegações de soberania espanhola sobre o território.
Desde que foi assinado o “Tratado de Utrecht” há mais de 300 anos, quando a Espanha cedeu Gilbraltar ao Reino Unido, e mesmo após insistentes investidas por parte do governo Espanhol de conseguir de volta o Rochedo, o próprio povo da região deu a sua opinião em dois referendos, um em 1967 e o outro em 2002, onde 99% dos votantes em ambos os casos optaram por permanecer como um território ligado ao Reino Unido[1].
Tal atitude não era vista desde os tempos do ditador facista espanhol, o General Francisco Franco, quando este fechou a fronteira entre ambos os territórios durante a década de 70 até meados da década de 80. O endurecimento deste discurso tende a complicar ainda mais as relações entre “Reino Unido” e a Espanha, sem contar a possibilidade de causar um mal-estar político com o restante da “União Europeia”, tendo em vista que tal atitude pode de fato ferir o que a UE defende.
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* Outro nome pelo qual Gibraltar também é conhecido, devido a presença do chamado “Rochedo de Gibraltar” que se estende por todo o seu território.
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Imagem “Vista área do território de Gibraltar” (Fonte):
http://www.algemeiner.com/wp-content/uploads/2012/12/Gibraltar.jpg
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Fontes Consultadas:
[1] Ver:
http://www.euractiv.com/cap/fishing-dispute-sparks-new-frict-news-529708
[2] Ver:
http://www.theguardian.com/world/2013/aug/04/gibraltar-comments-madrid-london-uk-spain
[3] Ver:
http://www.theguardian.com/world/2013/aug/06/gibraltar-legal-action-spain-dispute