Pode-se dizer que o ano de 2014 foi um ano desafiador no mandato da Presidente da Coreia do Sul, Park Geun–hye. O plano e as ações para a revitalização econômica e a Reforma do Estado, dois dos principais assuntos da agenda política de seu Governo, foram acompanhados ao longo do ano por uma série de eventos que geraram críticas sobre a capacidade de liderança da Mandatária.
A resposta à tragédia com a embarcação Sewol, em abril, foi interpretada como apática pela opinião pública e culminou na renovação de todo o Gabinete Ministerial, bem como no pedido de renúncia de Chung Hong–won do cargo de Primeiro–Ministro. As sucessivas nomeações para Primeiro–Ministro realizadas pela presidente Park, sendo a primeira a do juiz Ahn Dae–hee e em seguida a do jornalista Moon Chang–keuk, representaram uma quebra no processo em direção às almejadas reformas por conta das denúncias de ganhos ilícitos e declarações passadas tidas como ofensivas, envolvendo os nomeados e que levaram à renúncia de ambos.
Diante destes fatos, a popularidade da presidente Park despencou para 40% e, após estas nomeações mal sucedidas, Chung Hong–won acabou permanecendo no cargo de Primeiro–Ministro [1]. Apesar de não se ter mostrado expressiva a habilidade da Presidente em lidar com tais eventos, bem como com os conflitos internos no alto escalão do seu governo, é inegável a determinação de Park para dar continuidade às prioridades de sua agenda política.
Em declaração na primeira semana de 2015, ela deixou clara a necessidade da Coreia do Sul revitalizar sua economia, solicitando a atenção e junção de esforços dos Ministérios para concretizar o plano para renovação econômica. Diante de uma economia mundial instável, a Coreia do Sul busca criar condições que garantam o crescimento econômico do país nos próximos anos. Com uma política fiscal que visa a expansão da demanda interna, o Governo já anunciou que investirá 2,7 bilhões de dólares na construção de 6 complexos industriais e 630 milhões de dólares no desenvolvimento e comercialização de novos produtos e tecnologias, tais como drones de alta velocidade, dispositivos inteligentes para serem vestidos e veículos autônomos com o objetivo de diversificar suas exportações[2][3].
A meta do Governo para 2015 é atingir crescimento da economia em 4%, com uma taxa de emprego de 70% , e garantir uma renda per capita superior a 40.000 dólares[4]. Além desses números, a expectativa é de que o volume de investimento externo direto em 2015 atinja 20 bilhões de dólares, um aumento de quase 10 bilhões de dólares comparado à 2014, em decorrência da entrada em vigor dos Acordos de Livre Comércio (ALC) que o país estabeleceu com os países do Sudeste Asiático e Canadá, em 2014[5].
Um ALC com a China está em andamento, com previsão para conclusão das negociações até o final de 2015. A China foi o país que mais investiu na Coreia do Sul em 2014, aproximadamente 1,19 bilhão de dólares[6]. A China tem recebido atenção especial da presidente Park desde o início do seu mandato. O país vizinho é visto como parceiro estratégico pelo atual Governo sul-coreano tanto no terreno econômico como no terreno político, principalmente no que diz respeito à desnuclearização da Coreia do Norte, diferente do Governo anterior ao da presidente Park, que privilegiou relações somente com os EUA.
Outra reforma proposta por Park, a Reforma do Estado, envolve uma série de medidas com o objetivo de tornar as empresas e órgãos públicos mais eficientes. Cortes de gastos entendidos como desnecessários, que em 2014 totalizaram 24,4 trilhões de won, continuarão em 2015. Até 2017, o Governo almeja integrar ou finalizar cerca de 600 projetos e negócios que se encontram sobrepostos, sendo que metade deles já é objeto da redução orçamentária em 2015.
O vice-ministro das finanças Bang Moon-kyu informou nesta semana que anunciará em abril “uma orientação abrangente para lidar com as redundâncias e a ineficiência e fazer com que as empresas públicas concentrem-se em suas operações primordiais”[7]. O sistema que a Coreia do Sul pretende introduzir na gestão pública é o pagamento baseado em mérito, proporcional ao desempenho do servidor.
Certamente, as propostas de Park são ambiciosas e o ano de 2015 apresenta condições favoráveis para ela dar passos adiante na implementação das reformas propostas em seu governo. Não haverá eleições, o que de certa forma não dissipa as atenções, possibilitando a concentração dos esforços na direção das reformas. Além disso, trata-se de um ano para Park trabalhar com a coerência do seu discurso político e das ações empregadas para transmitir confiança e aumentar o índice de aprovação, principalmente no que diz respeito a unificação com a Coreia do Norte, como isso poderia realmente trazer os benefícios econômicos para a Coreia do Sul, já que existe uma divisão interna forte sobre esta questão.
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Imagem “Presidente Park Geun–hye” (Fonte – Yonhap):
http://res.heraldm.com/phpwas/restmb_idxmake.php?idx=60&simg=%2Fcontent%2Fimage%2F2014%2F12%2F31%2F20141231000593_0.jpg
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Fontes Consultadas:
[1] Ver:
http://koreaherald.com/view.php?ud=20141230000866
[2] Ver:
http://koreaherald.com/view.php?ud=20150113000487
[3] Ver:
http://koreaherald.com/view.php?ud=20150106000784
[4] Ver:
http://koreaherald.com/view.php?ud=20150113001033
[5] Ver:
http://yna.co.kr/mob2/en/contents_en.jsp?domain=3&ctype=A&site=0100000000&cid=AEN20150105001000320
[6] Ver:
http://yna.co.kr/mob2/en/contents_en.jsp?domain=3&ctype=A&site=0100000000&cid=AEN20150105001000320
[7] Ver:
http://koreaherald.com/view.php?ud=20150113000487