Desde 2017, a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) vem aumentando de forma significante suas tropas no leste europeu. Isso faz parte de um movimento de reforço denominado de eFP (do inglês “enhanced Forward…
Em 24 de agosto (2019), as Forças Armadas
da Rússia realizaram testes com o lançamento de mísseis balísticos intercontinentais*
a partir de submarinos nucleares posicionados no Oceano Ártico e no mar de
Barents. Tais procedimentos, segundo informações, fazem parte das “medidas
simétricas” que o Presidente russo, Vladimir Putin, exortou em uma
reunião realizada de forma urgente com o Conselho de Segurança da Federação
Russa, no dia anterior aos testes, quando foram direcionadas responsabilidades
ao Ministério da Defesa, ao Ministério das Relações Exteriores e a outras
instituições especiais, no intuito de analisar o nível de ameaça à Rússia
criada pelas ações dos EUA.
Teste com míssil de cruzeiro norte-americano – Agosto 2019
As referidas manobras dos EUA, as quais a
Rússia presta acusação, se baseiam em teste realizado em 18 de agosto, na ilha
de San Nicolas, costa do estado da Califórnia, com artefato militar proibido
pelo Tratado INF**, do qual as duas nações se retiraram por conta de alegações
mútuas de desrespeito ao acordo bilateral. Na referida ocasião, o Departamento
de Defesa norte-americano realizou um teste de voo de um projétil a partir de
um sistema de lançamento vertical denominado Mark 41. Segundo
informações do Pentágono, o artefato, que é uma variação de um míssil de
cruzeiro de ataque terra-terra Tomahawk, atingiu com precisão um alvo
localizado a mais de 500 quilômetros de distância no Oceano Pacífico.
Logo após o teste norte-americano, não só
Rússia, como também a China, condenaram tais ações denunciando o risco de uma
escalada de tensões militares e de retomada da corrida armamentista, podendo
haver graves consequências negativas para a segurança regional e internacional.
Especificações de mísseis intercontinentais russos
Os mísseis russos utilizados nos testes
pertencem às classes Bulava e Sineva, ambos do tipo SLBMs[vídeo 1] (sigla do inglês Submarine Launched Ballistic Missiles – Mísseis Balísticos Lançados de Submarinos), que têm como plataforma
de lançamento, propriamente dita, os SSBNs
(sigla do inglês Ship Submersible
Ballistic missile Nuclear powered – Submarino
Nuclear Lançador de Mísseis Balísticos). As principais características
técnicas dos mísseis são:
–
Bulava (SS-NX-30), denominação OTAN SS-N-20 Sturgeon: É uma versão do mais
avançado míssil balístico russo, o Topol-M (SS-27)[1]. Peso total de 36,8 toneladas com propulsão a partir
de combustível sólido, possui segmentação de 3 estágios podendo transportar de
6 a 10 ogivas nucleares e atinge alvos a uma distância de até 10 mil
quilômetros com precisão entre 250-300 metros.
Bulava (SS-NX-30)
–
Sineva (RSM-54), denominação OTAN SS-N-23 Skiff[2]: Com peso total de 40 toneladas, é um míssil
balístico intercontinental com propulsor líquido de 3a geração.
Possui capacidade de transportar de 4 a 10 ogivas nucleares e atinge alvos a
uma distância de até 11.500 quilômetros com precisão de 500 metros. Está
equipado com contramedidas de defesa antimísseis e o seu curso pode ser
corrigido com o auxílio de satélites de navegação.
Os submarinos nucleares russos
responsáveis pelos lançamentos podem executar a manobra em movimento de até 13 quilômetros
horários em uma profundidade de 55 metros, com capacidade de armazenamento de
16 mísseis cada, sendo que todo míssil pode carregar até 10 ogivas nucleares com
capacidade de até 100 Kt (Quilotonelada de TNT – Trinitrotolueno) por unidade,
quantidade de material explosivo suficiente para destruir uma cidade de grandes
proporções.
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Notas:
* Um míssil
balístico intercontinental é um projétil que segue uma trajetória
pré-determinada, que não pode ser significativamente alterada após o míssil
queimar todo o seu combustível (a sua trajetória fica governada pelas leis
da balística – física). Para cobrir grandes distâncias, a trajetória
dos mísseis balísticos atinge as camadas mais altas da atmosfera ou o espaço,
efetuando um voo sub-orbital.
** Tratado de Forças
Nucleares de Alcance Intermediário, conhecido como Tratado INF (do inglês –
Intermediate-Range Nuclear Force), o qual foi assinado em 8 de dezembro de 1987
pelo Presidente norte-americano à época, Ronald Reagan, e pelo Secretário Geral
do Partido Comunista da União Soviética, Mikhail Gorbachev. O Tratado tinha
como meta a total eliminação de mísseis balísticos e de cruzeiro, nucleares ou convencionais,
cujo alcance efetivo estivesse entre 500 e 5.500 quilômetros de distância. No
dia 18 de junho (2019), a Duma (Câmara Baixa da Rússia, similar à Câmara dos
Deputados no Brasil) aprovou por ampla maioria (417 votos a favor e uma
abstenção) a suspenção do Tratado. Esta
votação é o resultado de vários anúncios proferidos pelo Presidente da Rússia,
Vladimir Putin, desde o dia 2 de fevereiro deste ano (2019), em resposta à
decisão do Presidente dos EUA, Donald Trump, que, em 20 de outubro de 2018, anunciou que seu governo iria encerrar sua
participação no referido Tratado.
Com a assinatura de um acordo de
cooperação militar entre a Federação Russa e a Venezuela no último dia 15 de
agosto (2019), especialistas militares apontam que o Kremlin está muito próximo
do seu objetivo de implantar bases militares no país caribenho. O acordo,
acertado entre o Ministro da Defesa da Rússia, general Sergey Shoigu, com seu
homólogo venezuelano, Vladimir Padrino Lópes, permite, num primeiro momento, o
amplo envio de navios de combate das frotas dos dois países de forma bilateral,
ou seja, um poderá se deslocar para portos navais do outro apenas por meio de “notificação prévia”. Posteriormente, com
o andamento desse acordo, a possibilidade de estabelecimento de um centro
aeronaval russo pode tomar corpo, o que vem sendo discutido desde 2005, entre o
Presidente russo, Vladimir Putin, e o falecido Presidente venezuelano, Hugo
Chaves, quando, à época, firmavam os contratos iniciais de compra de
equipamentos e sistemas para as Forças Armadas Bolivarianas.
Localização Ilha La Orchila
De
acordo com os especialistas, Moscou
provavelmente calcula que as relações estreitas com a Venezuela, em torno de
acordos, vendas de armas, comércio ou negócios de energia, irá resultar em
acesso a portos e aeródromos em seu território, permitindo, assim, a
implantação de ativos militares na região, principalmente na ilha de La
Orchila, localizada a 200 quilômetros a nordeste de Caracas, capital da
Venezuela, e a 1.500 quilômetros da Flórida (estado norte-americano), onde já
existem certas facilidades estratégicas como campo de pouso e serviços navais,
o que poderia possibilitar a expansão de sua pegada militar e de segurança no
hemisfério ocidental para combater ou pressionar os Estados Unidos
militarmente, e que, nas palavras do Ministro da Defesa venezuelano, Padrino
López, “um
complexo forte vai tirar do agressor
a vontade de agredir, servirá de dissuasão contra um invasor”.
Frota militar norte-americana
Os EUA, por sua
vez, em oposição ao acordo bilateral russo-venezuelano, expuseram ameaças de
bloqueio naval, o que possibilitaria, como medida extrema, o impedimento de
passagem de qualquer navio com destino à Venezuela. “A
Marinha dos EUA está pronta para fazer o que for preciso na Venezuela”, declarou o Chefe do Comando Sul dos EUA,
almirante Craig Faller, em 19 de agosto (2019). Não seria a primeira vez
que os Estados Unidos imporiam um bloqueio naval a um país latino. No contexto
da Crise dos Mísseis, os Estados Unidos impuseram um bloqueio naval a Cuba com
a aprovação da Organização dos Estados Americanos (OEA), em 1962. Naquela
época, a justificativa utilizada foi impedir o acesso a navios que
transportavam mísseis nucleares provindos da extinta União Soviética.
De acordo com a agência Bloomberg*, a Federação Russa está prestes a se colocar na quarta posição global entre os maiores detentores de moeda, ouro e outros títulos, devido a um constante processo de limitações…
Atualmente, a
Rússia é uma das maiores potencias do planeta e à sua frente está o governo do
presidente Vladimir
Vladimirovitch Putin, que, no último dia 9 de agosto (2019), completou 20 anos
na liderança desta nação, e cuja persistência de sua influência na política
global atual promete ser uma das marcas do século XXI.
Presidente russo Boris Yeltsin – 1991 a 1999
A história política de Putin tem início
em 1999, como então Vice-Presidente da Federação Russa, e viria a assumir o
cargo de dirigente principal do país por conta da renúncia do então presidente
Boris Yeltsin, que deixava como legado uma nação mergulhada numa profunda crise
econômica, apresentando um alto índice de endividamento, desemprego e
desestabilização político-social em relação ao período soviético, chegando até
mesmo a se abster do pagamento de sua dívida externa frente a órgãos
internacionais, algo que provocou efeitos negativos na economia mundial. Posto
isso, o ex-agente da KGB* se tornou o líder hegemônico dentro da Rússia,
disputando sua primeira eleição presidencial no ano 2000 e vencendo o pleito
com 53,4% dos votos contra o seu principal concorrente, Gennady Zyuganov, que
obteve 29,5%. Isso determinou o início de uma nova era política na Federação
Russa.
Em 2004, o país passou por mais uma
eleição presidencial, sendo o presidente Putin reeleito para um mandato de 4
anos, com a obtenção de um massivo resultado de 71,9% dos votos frente ao seu
opositor Nikolay Kharitonov, que ficou em segunda posição com apenas 13,8%.
Seus primeiros anos na Presidência do país demonstraram não só uma relevante
melhoria em indicadores econômicos e sociais importantes para o
restabelecimento da nação, mas, também, uma demonstração de concentração de
poderes, o que lhe assegurou a maioria da representação política na Duma e no
Conselho, que são os dois órgãos do Legislativo Russo.
Presidente Dmitri Medvedev e Primeiro-Ministro Vladimir Putin – 2008
Em 2008, não
podendo participar das eleições presidenciais pela terceira vez seguida, Putin
indicou um afilhado político, Dmitri Medvedev, que se tornou Presidente e ele
mesmo migrou para o cargo de Primeiro-Ministro. Em sistemas
semipresidencialistas, como o russo, o Presidente é o Chefe de Estado, enquanto
o Primeiro-Ministro é o Chefe de Governo, mas a divisão formal de cargos, que
durou de 2008 a 2012, não deixou Putin longe do controle dos assuntos do país,
retornando, depois, a disputar novas eleições presidenciais em 2012 pelo
Partido Rússia Unida, a qual venceu com um resultado de 63,6% dos votos contra
seu principal opositor, Gennady
Zyuganov, do Partido Comunista Russo, que
ficou com 17,1%. Dessa forma, Vladimir Putin assumiu seu terceiro mandato,
desta vez não mais de 4 anos, mas por 6 anos, conforme uma reforma
constitucional, implantando, assim, uma coesão política interna que daria
impulso às grandes pretensões internacionais da Rússia.
Em meio aos acontecimentos que ocorreram
neste terceiro mandato, tendo como o principal a reincorporação da Península da
Crimeia em 2014, que causou protestos e sanções das principais nações mundiais,
Putin tentou manter um cordão de aliados ao redor das fronteiras da Rússia,
principalmente com as ex-Repúblicas da extinta União Soviética, além de
estender sua influência a outros países, tais como a Síria, onde a Federação
Russa se transformou no seu principal fiador militar, e também na Venezuela,
onde tem interesses econômicos, principalmente no campo de exploração de
petróleo e na venda de armas. Esse mandato também foi marcado por acusações
recebidas pela comunidade internacional, alegando ações do Governo russo no
intuito de desestabilizar os processos eleitorais de países estrangeiros, como
foi o exemplo das eleições norte-americanas.
Com sua resiliência característica,
Vladimir Putin voltou a participar das eleições presidenciais russas em 2018 e
novamente venceu com uma estrondosa margem de aceitação de 73,7% dos votos,
contra o opositor comunista Pavel Grudinin, que alcançou 11,8%, sendo eleito
Presidente para mais um mandato de 6 anos.
Desde que entrou no Kremlin pela primeira
vez, em 1999, até o fim de seu quarto mandato presidencial eletivo, que
ocorrerá em 2024, Putin terá passado 25 anos ininterruptos no poder da
Federação Russa, variando entre os cargos de Presidente e Primeiro-Ministro, e seu
governo ficará marcado pela aspiração de recuperar os desígnios russos de
superpotência, seguindo um caminho de certa influência e poder para várias
nações do mundo.
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Nota:
* KGB
é a sigla em russo de Komitet Gosudarstvennoi Bezopasnosti, cujo significado em
português é Comite de Segurança do Estado. A KGB era a principal organização de
serviços secretos da ex-União Soviética, e esteve em funcionamento entre 13 de
março de 1954 e 6 de novembro de 1991. Surgida no período da Guerra Fria
(período de conflitos de ordem política entre Estados Unidos e União
Soviética), a sua extinção coincidiria com o fim da Guerra Fria e desintegração
da União Soviética. As organizações russas sucessoras da KGB são o FSB (Serviço
Federal de Segurança da Federação Russa), responsável pela segurança interna, e
o SVR (Serviço de Inteligência Estrangeira), especialista na inteligência
externa.
Desde que o homem começou a explorar o
espaço sideral, uma enorme quantidade de equipamentos, com as mais variadas
finalidades, foi lançada em orbita da Terra para suportar o avanço dessa
empreitada tecnológica, o que, com o passar das décadas, gerou uma situação que
vem preocupando agências espaciais de vários países, pois, a partir da
crescente quantidade de restos orbitais* proveniente desses equipamentos,
surgem ameaças que podem comprometer o futuro das viagens espaciais.
Segundo dados, mais de 500.000 pedaços de
detritos, ou “lixo espacial”, são
rastreados à medida que orbitam nosso planeta, todos eles viajando a
velocidades de até 25 mil quilômetros por hora, rápido o suficiente para que um
pedaço relativamente pequeno de material possa danificar um satélite, ou uma
nave espacial conduzindo astronautas.
Logotipo da ROSCOSMOS – Agência Espacial Russa
O problema se agravou quando nações que
fazem pesquisa aeroespacial, principalmente de cunho militar, começaram a
realizar testes de armas antissatélite para desativar ou eliminar equipamentos
espaciais para fins estratégicos, como foi o caso do teste conduzido pela Índia
em março deste ano (2019), denominado Missão Shakti**, que destruiu um satélite
desativado na órbita de 300 quilômetros da Terra. O efeito desse teste causou o
aumento de detritos orbitais na casa dos milhares de fragmentos e acarretou
críticas tanto da NASA (Agência Espacial Norte Americana) quanto da ROSCOSMOS
(Agência Espacial Russa) que alertaram sobre o aumento do risco desses
fragmentos colidirem com a Estação Espacial Internacional (ISS – International Space Station).
Essa teoria não foge da realidade quando
comparada ao histórico
de ocorrências relatadas pela NASA, algumas delas demonstradas a seguir,
apresentando a profundidade do problema:
1996 – Um satélite francês foi atingido e danificado por detritos de um foguete de mesma nacionalidade que havia explodido uma década antes;
2007 – A China realiza teste de míssil antissatélite, que destruiu um satélite fora de serviço, acrescentando mais de 3.000 fragmentos na lista de detritos rastreáveis;
2009 – Um satélite russo desativado colidiu e destruiu um satélite comercial de Iridium dos EUA em funcionamento. A colisão acrescentou mais de 2.000 pedaços de detritos rastreáveis para o inventário de lixo espacial.
O problema esta causando uma discussão
global sobre a política espacial e a ROSCOSMOS quer propor a abertura de
discussões envolvendo as potências espaciais para considerar a proibição de
testes de armas antissatélite, para não agravar o problema do acúmulo de lixo,
mas, além da questão militar, existem outros pontos que poderão sobrecarregar
ainda mais essa questão que seria o aumento das missões espaciais já delineadas
por diversas nações. Somente a SpaceX*** recebeu aprovação para lançar 12 mil
satélites do seu programa Starlink,
com o objetivo de criar uma rede mundial de internet. Conforme vem sendo
apontado por especialistas, se nada for feito sobre o problema, as colisões se
tornarão cada vez mais prováveis, o que significa que voos
espaciais seriam quase impossíveis.
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Notas:
* Restos
orbitais é uma referência a qualquer objeto feito pelo homem em órbita sobre a
Terra que já não serve a uma função útil. Tais detritos incluem naves espaciais
não funcionais, estágios de veículos de lançamento abandonados, detritos
relacionados à missões e detritos de fragmentação.
** A
missão Shakti foi empreendida para desenvolver armas antissatélite de alta
potência (A-SAT). Com isso, a Índia juntou-se a outras três nações – EUA,
Rússia e China, capazes de realizar tal operação. Isso dará um grande
impulso para enfrentar os desafios de segurança que a Índia enfrenta,
especialmente com o Paquistão. Com este míssil A-SAT, a Índia terá a capacidade
de interferir com os satélites ou de se envolver em ataques diretos. O míssil
A-SAT pode ser aéreo, marítimo ou terrestre. A partir de 1957 até os anos 80,
os EUA e a Rússia lançaram testes de mísseis antissatélite, o que foi
denominado como violação do tratado da ONU de 1967.
*** Empresa
privada que projeta, fabrica e lança foguetes e naves espaciais avançados. Foi
fundada em 2002, por Elon Musk, para revolucionar a tecnologia espacial, com o
objetivo final de permitir que as pessoas possam viver em outros planetas. A
empresa tem mais de 6.000 funcionários em vários locais, incluindo sua sede em
Hawthorne, CA; instalações de lançamento na Cape Canaveral Air Force Station,
FL; Centro Espacial Kennedy, FL; e a base da força aérea de Vandenberg, CA; um
mecanismo de desenvolvimento de foguetes em McGregor, TX; e escritórios em
Redmond, WA; Irvine, CA; Houston, TX; De chantilly, VA; e Washington, DC.
Há 50 anos, o astronauta norte-americano Neil Armstrong dava os primeiros passos na Lua, completando uma etapa do processo exploratório iniciado alguns anos antes, quando EUA e União Soviética entravam numa disputa de capacidades, no…
A Acron*, uma
das principais produtoras russas na área de fertilizantes minerais, entrou na
fase de finalização do acordo de compra da Unidade de Fertilizantes
Nitrogenados 3 (UFN3) da Petrobras (Petróleo Brasileiro S.A.), localizada no
município de Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. Este processo vinha se
desenrolando desde outubro de 2017, época em que foi anunciada a pretensão de
venda e teve a participação de seis empresas interessadas na aquisição da
unidade.
Com a
formalização da venda esperada para agosto (2019), haverá a retomada das obras
do complexo cujo cronograma havia sido paralisado desde dezembro de 2014, por
conta de bloqueio de bens a pedido do Ministério Público Federal (MPF), o qual
constatou envolvimento de dois ex-presidentes da estatal brasileira em
pagamentos irregulares na construção da fábrica, onde, até o momento, 83% das
obras foram concluídas.
Os investimentos previstos pela Acron a
serem direcionados para a unidade totalizam cerca de R$ 8,2 bilhões, onde a
empresa russa vai investir R$ 5 bilhões na fábrica e pagar R$ 3,2 bilhões à
Petrobras pelas obras executadas. Em contrapartida, o conglomerado russo já
sinalizou, em reunião realizada com a Secretaria Estadual da Fazenda de MS, a
pretensão de receber os mesmos incentivos fiscais concedidos à estatal
brasileira, e ficaria isenta do pagamento de impostos estaduais, entre eles
estão a alíquota de 10% sobre Impostos sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS) para aquisição de equipamentos e, também, 75% de redução no tributo para
as operações de saída de ureia da unidade fabril.
Fábrica de fertilizantes da Petrobras
A empresa russa juntamente com o Governo
do Estado estimam que o complexo vai gerar cerca de mil empregos diretos e aproximadamente
10 mil postos de trabalho indiretos quando suas atividades derem início em
2024, de acordo com programação, considerando que a planta de fertilizantes
nitrogenados tem capacidade
de produção de 761,2 mil toneladas/ano de amônia e 1,223 milhão de
toneladas/ano de ureia granulada. O complexo é composto por unidade de
geração de hidrogênio, unidade de produção de amônia, unidade de produção de
ureia, de granulação, utilidades, áreas de estocagem e expedição.
* A
Acron é uma das principais produtoras russas e mundiais de fertilizantes
minerais, com um portfólio diversificado de produtos compostos por
fertilizantes com múltiplos nutrientes, como NPK [Nitrogênio (N), Fósforo (P) e
Potássio (K)] e misturas a granel, bem como produtos diretos à base de
nitrogênio, como ureia [CO(NH2)2] e nitrato de amônio [NH4NO3]. O Grupo também
gera produtos de síntese orgânica, incluindo metanol, formaldeído e UFR, e
produtos de síntese inorgânicos, como nitrato de amônia de baixa densidade,
dióxido de carbono e carbonato de cálcio. O Acron Group opera em seis países e,
em 2017, vendeu seus produtos para 65 países, sendo os principais mercados de
vendas do grupo a Rússia, o Brasil, a Europa e os Estados Unidos. A empresa é
membro da Associação Internacional da Indústria de Fertilizantes, reunindo mais
de 450 produtores de 80 países. Em 2017, o volume de vendas da empresa russa
atingiu mais de 7,3 milhões de toneladas, com receitas consolidadas de US$ 1,6
bilhão (R$ 5,99 bilhões, pela cotação de 20/07/19 >> 1US$ = R$ 3,7457) e
EBITDA** de US$ 511 milhões (R$ 1,91 bilhão – cotação de 20/07/19 >> 1US$
= R$ 3,7457), de acordo com o International Financial Reporting Standards. A
Acron é uma sociedade anônima de capital aberto, com ações negociadas na Bolsa
de Valores de Moscou e de Londres.
** EBTDA é a sigla em inglês para “Earnings
before interest, taxes, depreciation and amortization”, em português, “Lucros antes de juros, impostos,
depreciação e amortização” (LAJIDA)
Considerada como uma nação baseada em
preceitos patriarcais, a extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(URSS) tinha como imagem tradicional das mulheres a figura subserviente aos
homens, que, como os principais provedores da família, tomavam decisões para
todos. Essa imagem com o tempo mudou, pelo menos superficialmente, por conta da
ideologia do Estado que prescreveu a igualdade de gênero, e o Governo soviético
se utilizou de subsídios para incentivar as mulheres a ocuparem o papel duplo
ideal, não só cuidando do seio da família, mas, também, se inserindo no mercado
de trabalho para tentar diminuir o problema da escassez de mão-de-obra
masculina, a qual foi decorrida da morte de milhões de russos durante a Segunda
Guerra Mundial, o que fez delas trabalhadoras em fábricas, motoristas em linhas
de bonde, entre outros trabalhos.
Trabalhadora russa – década de 1940
Embora a Constituição russa determine que
homens e mulheres tenham direitos iguais, em 1974 o Partido Comunista soviético
lançou uma lista com profissões proibidas de serem executadas por mulheres por
se tratarem de trabalhos que “poderiam
prejudicar sua saúde reprodutiva” e, portanto, a “saúde da próxima geração”, o
que levou ao repúdio das Organizações das Nações Unidas (ONU), considerando
esse ato como processo discriminatório dentro do mercado de trabalho do país.
À época, foram elencadas cerca de 450 posições de trabalhos consideradas
nocivas à saúde das mulheres, proibindo seu acesso a cargos em indústrias
química, metalúrgica, de petróleo, gás e mineração, na construção de túneis,
mecânica aeronáutica, extinção direta de incêndios, manutenção de tubulações,
entre outras, sendo que estas restrições estão em vigor até os dias atuais,
mesmo sendo ignoradas por muitos empregadores.
A atualização dos regulamentos poderá
entrar em vigor a partir de 1º de janeiro de 2021, dando oportunidades de
carreira para as mulheres em empregos como motoristas de caminhão (com mais de
2,5 toneladas de carga), tripulação de convés, paraquedistas, maquinistas de
trens elétricos, mecânicas de automóveis, condutoras de tratores agrícolas, ou
pescadoras em barcos costeiros com redes manuais.
No intuito de atingir a estabilidade macroeconômica, reduzir a inflação e desenvolver o sistema de pagamento independente, a Federação Russa há algum tempo vem adotando politicas monetárias em detrimento das sanções recebidas pelos EUA e…