O governo sul-coreano está mantendo sua agenda de reuniões, troca de informações e cooperação com países vizinhos e em outros continentes. Com a reabertura parcial da economia global evoluindo durante o controle da pandemia da…
Atualmente, o noticiário quando a Ásia é o tema foca nos conflitos e disputas entre a China e seus vizinhos, como a Índia, os países do sudeste asiático e os recentes protestos em Hong Kong. Porém, a batalha mais interessante para a população global e para os profissionais de telecomunicações está ocorrendo de forma silenciosa entre chineses e sul-coreanos: a disputa do pioneirismo em apresentar a tecnologia 6G funcional.
Os países do leste asiático como Japão, Taiwan, Coreia do Sul e, nos últimos 15 anos, a China, estão entre os países mais conceituados na área de tecnologia, desde o desenvolvimento até a inovação, bem como a renovação das já existentes. China e Taiwan possuem poderosos polos de fabricação de hardwares que sustentam boa parte do mercado global, e a os sul-coreanos possuem duas empresas que dominam a tecnologia de telas e as exportam para o mundo.
Na década de 1990 e início dos anos 2000, coreanos e chineses deixavam claro que seu objetivo era superar os japoneses em diferentes segmentos, o da tecnologia não foi diferente e, hoje, possuem empresas que superam o vizinho no mercado mundial. Atualmente, o mercado consumidor de tecnologia e entretenimento está recheado de aplicativos, tecnologias, hardwares e outros produtos de origem destas duas potências asiáticas, o que vem incomodando europeus e norte-americanos.
No final do ano de 2019, o Vice-Ministro do Comitê de Fundação Científica da China, Wang Wei, havia anunciado que o país já estava trabalhando no desenvolvimento da tecnologia 6G, mas não deu muitos detalhes, porém, acredita-se que a empresa Huawei, que hoje é líder de mercado com a tecnologia 5G, esteja à frente destes trabalhos. Em maio deste ano (2020), Lei Jun, CEO da chinesa Xiaomi, deixou entusiastas em tecnologia bem animados quando anunciou que a empresa já estava investindo na tecnologia, dando indícios de que as pesquisas existentes no país estão evoluindo positivamente.
Funcionarios da LG Eletrônicos, do KRISS e KAIST, após assinar acordo de parceria tecnológica / Foto: LG/Yonhap – Divulgação
Na península coreana, as maiores empresas da Coreia do Sul, Samsung e LG Eletrônicos, também anunciaram seus trabalhos no desenvolvimento desta nova tecnologia e já deram previsão de que ela poderá ser implantada até o ano de 2030. Executivos da LG, junto ao Instituto de Pesquisa e Ciência da Coreia (KRISS – sigla em inglês) e do Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia (KAIST – Sigla em Inglês), confirmaram o início de sua parceria no desenvolvimento do trabalho, bem como planos de implementação da tecnologia no país até o ano de 2029.
A Samsung já havia anunciado seus trabalhos de pesquisa sobre o sistema 6G em julho deste ano (2020), prometendo apresentar uma consolidada rede e experiência com ela no ano de 2028, e se mostra muito confiante, pois foi a primeira empresa a apresentar o 5G funcional e é pioneira vendendo produtos prontos para uso da mesma.
Tais especulações e anúncios extraoficiais de chineses e coreanos, ainda em 2019, mobilizaram o governo japonês a se posicionar dentro da corrida por futuras patentes da tecnologia 6G. O país tem planos de investir cerca de US$ 2 bilhões (aproximadamente, 11,24 bilhões de reais, conforme cotação do dia 21 de agosto de 2020) na sexta geração de internet e a parceria entre governo, a fabricante Toshiba e a operadora NTT Docomo tem meta estipulada para o ano de 2030, um pouco atrás dos planos ousados dos chineses e sul-coreanos, mas demonstra que o país não ficará para trás de seus vizinhos.
Os anúncios e avanços na pesquisa da internet de sexta geração nos países asiáticos e o crescimento de aplicativos e conteúdo de entretenimento sino-coreano pelo mundo põem em alerta máximo empresas europeias e dos Estados Unidos.
Atualmente, o aplicativo chinês Tik Tok é o mais baixado e acessado no mundo, com seu valor de mercado crescendo e superando o já consolidado Facebook em algumas regiões; aplicativos e jogos mobile, principalmente chineses, crescem a cada dia, superando as demais desenvolvedoras ocidentais. As plataformas de stream como a NETFLIX estão cada vez mais aumentando e investindo em produções asiáticas para seus consumidores, um movimento que perturba produtoras estadunidenses.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intimou a empresa chinesa ByteDance a vender o aplicativo TikTok para empresas do seu país, assim como, em 2019, com a tecnologia 5G consolidada entre empresas chinesas e sul-coreanas, exigiu que os EUA patenteie a tecnologia 6G primeiro. O líder americano põe em pauta a confiabilidade de dados de corporações chinesas dentro do campo do entretenimento e comunicação, porém, não há empresas nativas de seu país que têm conseguido superar as chinesas e outras asiáticas em muitos campos da tecnologia aberta para cidadãos e empresas.
Orçamento do Governo sul-coreano para Pesquisa e Desenvolvimento em 2020 / Fonte: Ministério da Ciência da Coreia do Sul
Fora do campo da tecnologia militar, as corporações ocidentais estão longe de voltar a obter a hegemonia no desenvolvimento, criação e implementação de novas tecnologias. O crescimento de empresas asiáticas e a parceria dos governos do Japão, Coreia do Sul e da China com institutos de pesquisa e empresas locais, novas e consagradas, acelera cada vez mais o caminho para o ciclo de nações no revezamento da liderança tecnológica mundial para o mercado global, provando que estão muito à frente de grandes companhias ocidentais, que já foram dominantes nestes segmentos.
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Fontes das Imagens:
Imagem 1 “Antena de transmissão de internet sem fio 4G/5G –Foto: Fabricio Bomjardim / CEIRI NEWS” (Fonte):
Imagem de autoria de Fabrício Bomjardim – cedida ao CEIRI NEWS
Imagem 2 “Funcionarios da LG Eletrônicos, do KRISS e KAIST, após assinar acordo de parceria tecnológica / Foto: LG/Yonhap – Divulgação” (Fonte):
O século XXI apresenta-se como o momento mais transparente da globalização, pois, desde o início dos anos 2000, os sistemas, processos e produtos destinados à comunicação apresentaram uma contínua evolução. Ainda que haja diferenças políticas, culturais e nos sistemas econômicos entre as nações, as instituições públicas, privadas, as sociedades, passaram a deter meios para quase em tempo real obterem informações que podem contribuir para o bem-estar social, para a proteção e para o desenvolvimento produtivo.
Com todos os avanços obtidos na história da humanidade com a tecnologia, a informação e a mobilidade, o ano de 2020 ficará marcado pela Covid-19 e pela forma como ela pôs em xeque a política internacional contemporânea.
Especialistas apontam que o investimento em tempo e energia realizados em diversos setores públicos e privados pelo mundo, realizados de forma unilateral ou para benefícios apenas individuais, deixou os países despreparados para enfrentar problemas e adversidades que são comuns.
A história mostrou que sempre que ocorre uma corrida pelo poder, logo, pelos recursos que o aumentam, chega-se a um ápice e começa então o declínio, ficando as sociedades e os Estados com dificuldades de enfrentar as consequências de suas escolhas anteriores. Observando-se os comportamentos no contexto da Guerra Fria, quando o deslocamento de recursos e investimentos para a corrida armamentista chegou ao ápice, o resultado foi a quebra de economias e de países, sem que estes tivessem capacidade de recuperação em curto e médio prazo, contribuindo ainda para o aumento do índice da desigualdade social, além da geração de problemas territoriais, bem como a preservação de guerras ou de situações de conflito daquele período.
Hoje, a guerra basicamente gira em torno de um inimigo sem bandeira, um vírus que em menos de 60 dias pôs à prova a capacidade de troca de informação, o uso de tecnologia, a capacidade de mobilização e a cooperação em situação de crise, pondo em xeque o atual modelo de administração política e a econômica global.
Atualmente, há acima de 4,34 milhões de pessoas infectadas pelo vírus no mundo, com mais de 297,2 mil mortes, conforme o mapa de dados em tempo real disponibilizado pela Universidade Johns Hopkins (EUA). Após o centésimo dia corrido desde a confirmação do primeiro caso identificado na China, a curva de infectados e de mortes continua crescendo pelo mundo. Conforme vem sendo apontado por analistas, durante os meses iniciais do ano de 2020 observou-se o despreparo de economistas e líderes mundiais para tomarem decisões rápidas e aplicarem práticas eficazes para combater as crises que emergem na saúde pública.
Após este primeiro caso confirmado na cidade chinesa de Wuhan, e a constatação de seu grau de propagação e periculosidade, alguns países priorizaram a preservação da sua produção, buscando manter a economia aquecida, não dando, por isso, a devida atenção à possibilidade de risco à saúde pública em seus países. No caso italiano, o país se tornou o epicentro da pandemia na Europa porque, segundo foi disseminado na imprensa, não tratou dos primeiros casos no território de forma adequada, com os agentes políticos locais fazendo descaso e tratando da ameaça como uma gripe comum.
Não apenas em solo italiano, mas em outros Estados da Europa houve demora em agir e fazer frente à prevenção de possíveis novos casos. Nesse sentido, por terem dado mais atenção à economia, rapidamente o vírus se espalhou para outros lugares. Políticas de isolamento social e de fechar o trânsito e as fronteiras também foram decisões demoradas, supostamente feitas de forma incorreta em alguns casos. Isso não apenas na Europa. Segundo apontam os observadores internacionais, os Estados Unidos impediram a entrada de chineses e outros asiáticos no seu território, mas, conforme dados divulgados pela administração municipal de Nova York, o primeiro caso no país provavelmente foi de origem italiana.
Pedro Sánchez preside a reunião do Comitê de Gestão Técnica de Coronavírus – Crédito Imagem: La Moncloa / Fotos Publicas
Hoje, sendo um epicentro da pandemia, identificam os especialistas que os Estados Unidos demoraram em apresentar um plano de contenção do vírus, já que cada Estado da Federação norte-americana criou suas próprias políticas e o governo federal foi prorrogando um discurso na mesma linha das administrações regionais e locais. A redução da produção em suas fábricas e o fechamento total e adequado de suas fronteiras foram considerados tardios e o país conta no momento com números crescentes de novos casos, bem como de mortos pela Covid-19. Como afirmou o especialista em virologia da Universidade de Washington, Alex Greninger, para a BBC: “Nunca se está preparado para um vírus como esse, e creio que nenhum país estava. Mas é certo que no caso dos EUA a resposta não foi suficientemente rápida”.
Alguns experts atribuem à demora de alguns líderes a diferenças culturais, sociais e também ao preconceito e racismo, pois houve um grande aumento de casos e incidentes de racismo e xenofobia reportados pelo mundo, sendo os asiáticos, principalmente os chineses, as principais vítimas, tanto por parte de cidadãos, quanto de autoridades. Ressalte-se que, de acordo com alguns observadores, casos de xenofobia e diferenças culturais estão sendo usados para mascarar a deficiência e ineficácia de alguns governos em atuar em situações adversas como é o caso dessa pandemia.
Embora sem comprovação científica, a população ocidental culpa pela tragédia os hábitos alimentares e de higiene de povos asiáticos, principalmente do sul e sudeste asiático, grande parte sendo de chineses e de populações de países que fazem fronteira com a China, o que levou os governos a priorizarem o impedimento do trânsito de pessoas dessas regiões.
A diferença cultural, de certa forma, contribuiu para o atraso no combate a Covid-19 pelo mundo, a qual, somada à onda de fake news com tom de deboche contra asiáticos, estimulou os atritos e divergências entre autoridades chinesas com outros países, como foram os casos do Brasil e dos EUA. Muitos especialistas econômicos e cientistas políticos temem que o estímulo à segregação venha a agravar ainda mais a atual crise no cenário econômico mundial.
A Covid-19, sozinha, conseguiu abalar toda a economia global. Até o final do ano de 2019, analistas políticos e econômicos apontavam apenas para casos envolvendo americanos e chineses como capazes de afetar de forma negativa ou positiva a economia mundial. Hoje, suas preocupações perderam sentido. Bolsas caíram quase 30% em todo o mundo, sistemas econômicos estão operando abaixo dos 50% de suas capacidades, entre outras situações, levando a previsões de que o mundo irá sofrer mais do que nas crises de 2009 e a de 1929, com seus efeitos na década de 1930, de forma que se acredita que o combate ao desemprego e a busca pela recuperação econômica se tornarão os grandes desafios para pequenas, médias e grandes potências.
Presidente Donald Trump em coletiva sobre o Coronavírus na Casa Branca –
Crédito da Imagem: Official White House Photo / D. Myles Cullen
Em entrevista para a DW, Ben May, economista da Oxford Economics, declarou que “a proporção da economia global paralisada neste momento ronda provavelmente os 50% do PIB mundial, e isso não inclui a China, que, de uma forma geral, está de fora das atuais paralisações”. Até a pandemia, a guerra comercial China-EUA e o Brexit na Europa eram as principais questões internacionais que recebiam atenção intensa, neste momento, o foco passou a ser a recuperação econômica em nível global, mas, principalmente, levanta-se a questão de que isso vai depender de se os países estarão dispostos a cooperar, e como farão tal coisa.
Os casos de cooperação no campo da medicina pelo mundo, baseada na doação de itens, no intercâmbio de profissionais e especialistas entre os países, e na mobilização de hospitais móveis pelo globo tornou-se um case exemplar. Nessa área, a diferença cultural e de nacionalidades não desviou o foco da atenção, com especialistas chineses em contato e presentes em países sulamericanos, ou com sul-coreanos auxiliando os norte-coreanos contra o vírus, por exemplo, sendo tais exemplos posturas e procedimento que podem e devem ser estudados e avaliados para possível replicagem no mundo pós-pandemia.
A produção continua em baixa pelo globo, e algumas fábricas mudaram o seu sistema de produção e o tipo de produto, passando a produzir máscaras, respiradores e outros itens para atender a demanda mundial gerada pelo vírus, mas, muito desta produção está voltada para a doação e outra para a venda emergencial, além disso, o atual cenário de cooperação ainda não é ideal. Contudo, tais procedimentos são vistos como sinais de que a experiência pode ser bem aproveitada para o reaquecimento econômico interfronteiras, animando alguns economistas.
Autoridades políticas, economistas, cientistas e ONGs continuam estudando e avaliando os casos de contaminação, bem como analisando a conjuntura e construindo cenários em todas as dimensões, seja a política, seja a econômica, além da saúde em nível global, pois a Covid-19 expôs todas as deficiências existentes nas relações internacionais. Da mesma forma, os analistas observam os governos atuando em suas sociedades e realizam críticas sobre as formas de atuação voltadas a interesses isolados e sobre as tomadas de decisão unilaterais, razão pela qual sugerem que tais comportamentos precisam ser revistos, dando maior proeminência às Organizações Internacionais, já que se afirma que estas visam o bem coletivo, necessitando, por isso, ter maior importância e participação, tanto no atual momento como no que virá imediatamente a seguir, uma vez que o Coronavírus pôs a forma tradicional de fazer política internacional sob questionamento, e a geopolítica global em xeque.
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Fontes das Imagens:
Imagem 1 “Imagem de viriões de SARS–CoV–2 obtida por microscópio eletrônico de varrimento, em que se observa partículas virais a emergir de uma célula” (Fonte):
Nesta semana, a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) comemorou o 108ª aniversário do nascimento do seu fundador, Kim Il Sung, o avô do atual líder supremo do país, Kim Jong-Un. Porém, a ausência do…
A população mundial está passando por uma
fase jamais imaginável, uma quarentena em nível global, por temer um vírus que
em poucos meses já se manifestou em todos os continentes. Fábricas tiveram
atividades modificadas, eventos sociais, comerciais e esportivos cancelados, o
estilo de vida, rotinas de autoridades e cidadãos foram alterados, muitos
ficaram completamente parados e a crise hoje instaurada que afeta a saúde
pública, bem-estar e economia global fica carente de um culpado, e a China,
onde ocorreu o surto inicial, se torna o grande candidato para receber essa
responsabilidade.
No noticiário internacional é comum ver
personalidades apontando os chineses pela proliferação do vírus. O Presidente
dos Estados Unidos, Donald Trump, entre outras autoridades, assim como diversas
figuras públicas em altos cargos do governo brasileiro, fazem comentários
culpando o governo chinês e o povo chinês pelo Covid-19. Alguns concordam e outros
discordam dessas acusações, assim como o diretor do Instituto Nacional de
Alergia e Doenças Infecciosas e Conselheiro Científico da Casa Branca, Anthony
Fauci, porém tais afirmações fizeram crescer o sentimento anti-China, e em
algumas regiões o sentimento anti-asiático, trazendo problemas em curto, médio
e a longo prazos.
Embora o mundo esteja globalizado e
grande parte da população mundial esteja conectada aos meios de comunicação, os
seres humanos ainda carecem de informações objetivas e verídicas e de outros
meios para criar elos, obter respostas e entender sobre as diversidades
culturais, econômicas e os riscos existentes ainda não explorados que envolvam
a saúde global. A história prova que apenas em poucos casos ou em casos com extremo
grau de periculosidade houve a cooperação.
No ano de 1333, a Europa e Ásia sofreu
com a Peste Negra; em 1817 tivemos a Cólera; a Tuberculose manifestou-se com
grau de emergência em 1850; a Varíola em 1896; a Gripe Espanhola em 1918; a
Febre Amarela e o Sarampo na década de 1960; a Malária e a AIDS mostraram-se de
forma emergencial nos anos 1980. Essas foram consideradas grandes epidemias ao longo
da história que mataram vários
milhões de pessoas em suas respectivas épocas, e boa parte delas estavam
ligadas ao estilo de vida humano, sua higiene e alguma espécie de animal
envolvida na sua origem ou propagação.
Desde e década de 1960 o coronavírus esteve
presente nos livros de medicina: HcoV-229E (1960), SARS-CoV (2002), HcoV-OC43
(2004), HcoV-NL63 (2004), HcoV-HKU1 (2005), MERS-CoV (2012) e o causador da
COVID-19, SARS-CoV-2 (2019). Todos eles afetaram os seres humanos,
diferenciando de algum animal, Alpaca, Morcego, Cobras e carne bovina, como
ponte para o contágio humano, que são fontes de alimento para certas populações
no mundo.
No livro: Spillover: Animal Infections and the Next Human Pandemic (2012-2013),
o autor David Quammen viajou o mundo entrevistando dezenas de cientistas sobre
zoonoses que viraram doenças humanas e, não apenas ele, mas muitos chegam à
conclusão de que a intervenção humana nos habitats mais antigos de certas
espécies resulta no surgimento de algum tipo de doença causada por vírus e
bactérias, entre outros agentes causadores.
Os morcegos são tidos como os principais
reservatórios para vírus potencialmente prejudiciais aos humanos, e a interação
de humanos e animais propicia o salto desses agentes, indo dos animais para as
pessoas, facilitando, assim, a gama de novos hospedeiros para ele. Segundo o
virologista Paulo Brandão, expert em coronavírus entrevistado pela coluna de saúde
da Editora Abril, estuda-se a hipótese de o vírus ir adentrando em contato
com os humanos e criando estratégias para fazer o salto; e também outra hipótese
baseada no salto através de um morcego que já estava contaminado com diversos
tipos de coronavírus.
Teste NAT realizada por especialistas em Shanghai
Foi comprovado por estudos de cientistas
estadunidenses, ingleses e australianos que o SARS-CoV-2 foi originado
naturalmente por seleção natural e não foi criado em laboratório, porém, mesmo
com todos os registros históricos existentes e estudos sobre a origem, ainda há
especulações
de que os chineses manipularam o COVID-19 objetivando vantagens econômicas.
A partir do momento em que se tem
informações concretas sobre vírus e bactérias prejudiciais à espécie humana,
teorias da conspiração, especulações e acusações sobre culpados por doenças
como o novo coronavírus confirmam apenas a interpretação de que o mundo ainda
não está preparado para cooperação por um bem comum e agentes e líderes
mundiais continuam como em séculos anteriores, agindo de forma pragmática,
voltados para seus próprios interesses e passando a responsabilidade de males
comuns ao próximo.
Analistas têm apontado que com tantos
registros sobre a família do coronavírus, pouco tem sido informado sobre
estudos conjuntos para prevenção e medidas de urgência no caso de ele se tornar
um risco universal. Alguns especialistas culpam governos por investirem em
tecnologias bélicas se preparando para uma possível guerra futura e pouco
investido na cooperação para melhoria da vida humana e da economia como um
todo.
Nesse sentido, acompanhando tais
observações, o Covid-19 tem sido visto como um indicativo de que o mundo está
despreparado para epidemias globais, mesmo após milhões de pessoas terem morrido
em épocas mais remotas, que eram carentes de tecnologia como temos na
atualidade.
O vírus surgiu no sul da China, região
com concentração enorme de pessoas por metro quadrado e onde muitas se espalham
pelo sul e sudeste asiático e, mesmo após ver as medidas de quarentena e
construção de centros para tratamento da epidemia em velocidades espantosas, os
líderes mundiais demoraram para tomar atitudes e criar plano de ação para o
combate da pandemia. Hoje, há uma Europa com números superiores aos dos
chineses em novos casos e, conforme tem sido apontado pela mídia e por
observadores internacionais, países do continente americano não deram devida
atenção ao risco, criando planos emergenciais de forma tardia.
O noticiário mais recente está baseado em
discussões de importantes autoridades, como o prefeito de Nova York,
Bill de Blasio, e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com
acusações mútuas sobre problema no país e com discordância sobre o vírus fora
dos EUA. O discurso do líder estadunidense e dos líderes
brasileiros convergem em relação a acusações
contra Beijing, trazendo o risco apontado por economistas e analistas
políticos de que tais argumentos podem pôr em xeque as relações comerciais e
diplomáticas entre as nações e as grandes potências econômicas mundiais,
gerando tensões que podem abalar o mundo e não apenas os envolvidos.
Em contrapartida, há notícias, de certa
forma positiva na Ásia, de médicos, cientistas e autoridades focadas em
combater o problema. O governo chinês elogiou
oficialmente médicos japoneses pelo desenvolvimento de medicamento contra
gripe, o Faviparavir, que, na prática, acelerou na recuperação de pacientes com
o Covid-19, e pode-se ver claramente uma mobilização social de apoio entre os
povos asiáticos no combate ao forte surto de preconceito contra orientais pelo
mundo.
Empresas chinesas retomam, aos poucos, suas atividades
Com a atual pandemia, observam-se
pequenos traços de mobilização para cooperação em combate ao vírus, além de
medidas de quarentena e cuidados internos de cada país. Nesse sentido, de forma
positiva, ressalta-se que Britânicos e chineses vão apoiar a Organização
Mundial da Saúde (OMS) no combate ao Covid-19, bem como líderes da França e da
China estão estudando a cooperação multilateral para controle dessa
pandemia e prevenção contra possíveis ameaças futuras à saúde global.
Acompanhando as notícias asiáticas, é
vista forte mobilização de equipes da China no sul e sudeste asiático,
principalmente em regiões mais carentes, como o Camboja, e uma maior
comunicação entre profissionais da saúde entre coreanos, chineses e japoneses
por um bem comum. Além da atuação forte com seus vizinhos, doações de suprimentos
médicos chineses chegam à América Latina para auxiliar os agentes locais no
combate a epidemia no continente.
Especialistas têm aconselhado que é
necessário avaliar as ações e postura do país onde ocorreu o surto inicial do
Covid-19, antes de se especular sobre manipulação de informações gerando
teorias da conspiração. De fato, a velocidade de construção de estruturas para
combater a pandemia dentro da China foi significativa e é pouco provável que
outra nação as criasse na mesma velocidade. Da mesma forma, afirmam esses
observadores que foi satisfatória a atenção dada aos países vizinhos, após
finalizar as medidas de combate interno do vírus.
Aponta-se que tanto para os principais
parceiros quanto para pequenos países regionais, foi tomada uma posição e
executada uma ação para ajudar no combate ao coronavírus, não deixando os
chineses alertas apenas para o seu território, mas indo além de suas
fronteiras. Alguns poderão entender tais medidas como forma de proteger as
fontes de seus recursos econômicos, ou uma forma de assumir a responsabilidade
pelo surto inicial da doença, mas, conforme tem sido apontado, a história prova
que não há como culpar apenas uma nação por um risco que envolve toda a
humanidade.
Perante o atual cenário econômico global,
e com todo o avanço tecnológico, os intérpretes da história que vem se
manifestando na mídia pelo mundo começam a convergir para a conclusão de que os
líderes globais ainda não aprenderam o significado da palavra Cooperação
Internacional, bem como a utilizar os recursos existentes para o bem-estar
global. Em uma era onde a população pensa em obter conforto e sobreviver de
forma saudável e sustentável, a economia ainda divide sua importância com a
diplomacia pragmática, fixada em possíveis conflitos bélicos entre nações e não
contra riscos reais contra o mundo, e o Covid-19 expôs, além do preconceito
entre as pessoas e culturas, o quão é difícil cooperar mesmo em meio a crises.
No dia 25 de janeiro a China entrou no
ano de 4718 do seu calendário lunar. As comemorações do “Ano novo Chinês” em seu território e pelas colônias chinesas pelo
mundo enalteceram o espetáculo de suas festividades e os avanços da República
Popular da China nesses 70 anos de sua fundação.
Falar e dimensionar possíveis cenários
que incluam os chineses é complexo, graças à sensibilidade de temas internos,
bem como sua participação como potência militar e econômica. Para entender a
China moderna, seu crescimento, desafios e uma fração de seus problemas
internos, mostra-se necessário observar o avanço de sua tecnologia, sendo este
um caminho adequado.
O país quase sempre é destaque no cenário internacional quando o tema é tecnologia e inovação, da mesma forma, o investimento no campo militar é sempre visto como preocupante por boa parte dos países vizinhos e por grandes potências ocidentais, mas, quando se trata de uso civil e em comunicações, o país ganha muitos admiradores, apesar de também “haters”* globais.
A tecnologia militar chinesa sempre é
questionada quanto à sua razão e objetivos. Desde o ano de 2013, o presidente
chinês Xi Jinping vem impulsionando a reestruturação das Forças Armadas e o seu
foco continua sendo a modernização e desenvolvimento de novos itens de ponta,
para fazerem frente às tradicionais potências europeias: Rússia e Estados
Unidos.
Em 2019, especialistas da BBC comunicaram
que o país está no caminho de ultrapassar estadunidenses e russos em
determinados campos militares. No mesmo ano, o país já anunciava que novos
equipamentos de última geração seriam apresentados ao mundo em curto e médio
prazo, como o seu caça de 5ª geração, o J-31.
Embora apresente dados de desenvolvimento
tecnológico e crescimento de aparelhos e efetivo de suas forças militares, a
China ainda está comparável a Forças Armadas da extinta União Soviética, tendo
maior parte de seu efetivo dentro de seu país e focadas na defesa territorial,
diferente dos estadunidenses que têm suas forças militares com prospecção
global e um orçamento até 4 vezes maior que o chinês.
O panorama mais interessante de se
analisar a China é do seu investimento e adaptação de itens tecnológicos
militares para o campo da comunicação, doméstico e empresarial, os quais impactam
diretamente na economia global, desestabilizando alguns mercados e também
criando oportunidades e demandas em regiões antes muito carentes de bens de
alto valor agregado. Os produtos “Made in
China” são os grandes atores da guerra comercial em escala global e também
responsáveis pela mudança do pensamento de Relações Internacionais no país.
Comparando ao seu pensamento até a década de 1970, o país hoje não tem por
objetivo conquistar territórios com sua influência bélica e ideologias, mas,
sim, dominar mercados e garantir parceiros que lhes forneçam energia para ser o
líder global.
Drone da empresa chinesa DJI
Atualmente, os chineses são os maiores
parceiros comerciais de muitas nações, como é o caso do Brasil, sendo eles tão
importantes para manter a economia de Estados aliados quanto de nações antes
vista como inimigas. Seus recursos, especializações e produtos ainda são temas
de debates entre especialistas, internacionalistas e ONGs de direitos humanos
por inúmeros motivos, mas, hoje, a economia mundial é tão dependente da China
quanto um dia já foi dos Estados Unidos.
Para se entender o quão grande se tornou
a marca “Made in China”, o campo de
tecnologia de comunicações e bens de consumo é suficiente para entender sua
atual posição. O país e a Coreia do Sul são os maiores investidores na
tecnologia 5G no mundo, estão à frente das demais nações no quesito de
desenvolvimento, fabricação de hardwares e já estão aptos a implementar o
sistema em seus mercados internos.
Empresas como a Huawei e ZTE já possuem
equipamentos para transformar o 5G em realidade funcional, junto com a Samsung,
Media Tek (Taiwan), Qualcomm e a HiSilicon, sendo as principais fabricantes de
chips, memória e outros hardwares de alta tecnologia para computação e
comunicação em geral, bem como as principais líderes em produção e fornecimento
de componentes para Smartphones de todo o mundo. Possuindo maior escala global
na produção destes itens, os chineses e sul-coreanos estão em posição dominante
e longe de ter concorrentes diretos.
As empresas chinesas já estão bem
consolidadas no mercado global, como são os casos da Xiaomi e da Dji. Essas
marcas se consolidaram quebrando velhos preconceitos sobre a confiabilidade e
durabilidade de produtos fabricados no país.
A DJI é a grande referência no mercado de
drones domésticos e só possui concorrentes diretos de empresas da própria
China. A empresa hoje é a líder mundial em quadricópteros para consumidor
final, empresas, cinema e segurança pública. A Xiaomi é uma corporação mais
versátil, produz itens de alta tecnologia, de computadores e drones até
eletrodomésticos, mas é globalmente reconhecida pela sua linha de smartphones.
Segundo a última atualização da International
Data Corporation (IDC – sigla em inglês), a empresa ocupa a quarta posição
no mercado internacional, atrás da Samsung, Huawei e Apple.
No mundo da tecnologia afirma-se que
poucos apresentam novidades, tudo se copia e se aprimora. Como exemplo, cita-se
o Japão na segunda metade do século XX, que atualizava e melhorava a tecnologia
de estadunidenses e europeus. Os sul-coreanos melhoravam a tecnologia japonesa
a partir da segunda metade dos anos 1990 e a China copiava o que seus vizinhos
faziam. Observadores apontam que, entre tropeços e acertos, essas nações
chegaram a ser referência em determinados campos e temas específicos e os
investimentos que os chineses vem fazendo a partir da década de 2000 vem
elevando cada vez mais o status do país. Em 2018, foi incluído na lista dos 20
países mais inovadores do Mundo, ocupando a 17ª posição, e em 2019 subiu
para a 14ª posição no ranking do Índice
Global de Inovação (IGI).
Com tantos avanços e se tornando uma das
principais referências econômicas e tecnológicas globais, surge a questão do
que esperar dos chineses nessa década de 2020.
Nos próximos anos eles deverão ocupar uma
das três posições no topo do ranking de inovação global, e isso não se espelha
apenas nas tecnologias de comunicação, mas, também, no seu processo de
substituição de fontes de energia poluente para energia limpa e desenvolvimento
sustentável.
Durante a reunião anual do Fórum
Econômico Mundial, que teve seu início no dia 21 de janeiro passado, em
Davos, o presidente do fórum, Borge Brende, e o presidente
chinês Xi Jinping disseram que o país está no caminho certo para combater
as mudanças climáticas e acelerar o desenvolvimento mundial sustentável.
Durante anos a China foi acusada de ser o
maior poluidor do mundo, sua população sempre sofreu com o ar poluído em certas
regiões bem industrializadas, mas o quadro atual é diferente. Hoje, é o país
que mais produz energias renováveis. Também existe muito investimento em tecnologia
para aumentar a eficiência e eficácia de painéis solares e geradores de energia
eólica, além de possuir a maior fabricante mundial de veículos elétricos, a
chinesa BYD.
O governo vem incentivando o
desenvolvimento de novas tecnologias e a busca pela sustentabilidade, com as
oito principais startups chinesas, como a Xiaomi, Alibaba, Tencent, Baidu e
Tencent, apontando que este será o caminho: aumentar o investimento em
inovação. Em 2019 foram mais de R$ 200 bilhões investidos por essas empresas e
os CEOs
chineses estão confiantes e otimistas para ampliar seus negócios já em
2020.
Em meio a turbulências e inovações,
desconfianças e otimismo, a China continua caminhando para estar no topo dos
países mais inovadores e ser a líder no mercado de tecnologia de ponta.
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Nota:
* Hates: Gíria utilizada por amantes de tecnologia, que significa “odiar”, mas também utilizada como “invejosos” e “inimigos”.
No mundo das relações internacionais, a tecnologia, na maioria dos casos, é tratada e discutida principalmente em temas militares, da comunicação geral e da medicina, porém, isso vem mudando ao longo dos anos. A tecnologia…
O governo do Estado de São Paulo tem em
seu planejamento estratégico aumentar as relações bilaterais com a China, uma
forma de deixar ainda mais ativa e dinâmica o relacionamento com empresas
privadas e estatais chinesas, além de atrair investidores interessados em aportar
recursos no programa de desestatização no Estado paulista.
Na década de 1960 os estadunidenses
iniciaram estudos de um sistema de comunicação em rede, inicialmente para fins
militares e comunicação do governo. Com o passar dos anos, os britânicos e
franceses passaram a atuar no financiamento e desenvolvimento dessa tecnologia
e, na década de 1980, a soma de vários estudos e sistemas de rede resultaram no
sistema global de rede de computadores ou, simplificando, a Internet. Na época,
ainda era algo bem restrito e foi ganhando popularidade conforme a tecnologia e
a inclusão de computadores pessoais foram se desenvolvendo e sendo distribuídos
em alguns países.
Campus Party 2019 A Cidade de São Paulo está recebendo a Campus Party Brasil em sua 12ª edição no Expo Center Norte, Zona Norte da capital paulista, entre os dias 12 e 17 de fevereiro…