No dia 18 de agosto (2019), os Estados Unidos (EUA) realizaram um teste de lançamento de míssil de cruzeiro. O projétil que foi lançado da ilha de San Nicolás, na Califórnia, percorreu mais de 500…
No dia 19 de agosto (2019), o Presidente
da Rússia, Vladimir Putin, desembarcou em Fort de Brégançon, na Riviera
Francesa, onde encontrou-se com o Presidente da França, Emmanuel Macron, em sua
residência de verão. A reunião entre os dois líderes ocorreu às vésperas da
Cúpula anual do G7, a qual, este ano (2019), ocorrerá também no sul da França.
Em 2014, após a reincorporação da Crimeia, a Rússia foi suspensa do grupo, que
antes era chamado de G8. Observadores internacionais destacaram que o gesto
francês de recepcionar os russos nesta semana é bastante significativo para as
relações exteriores do país europeu, colocando-o numa posição de liderança no
apaziguamento das relações entre o Ocidente e a Rússia.
A Conversa entre Macron e Putin era
bastante antecipada pela mídia por conta de a pauta de discussão envolver não
apenas questões bilaterais, como também assuntos de interesse internacional,
que outrora seriam discutidos num ambiente de negociação multilateral. Assim, a
situação na Ucrânia, na Síria e questões internas da Rússia foram abordadas no
diálogo entre os líderes.
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, o Presidente da França, Emmanuel Macron e a Primeira-Dama da França, Brigitte Macron em Fort de Brégançon, na França
Em relação à Ucrânia, Moscou e Paris
concordaram em retomar as negociações sobre a crise no país que envolve
movimentos separatistas e a reincorporação da Crimeia à Rússia. Para tanto, ambos
os lados consentiram que o Formato de Normandia seja revisitado, o qual envolve
Alemanha, França, Rússia e Ucrânia nas discussões de um possível Acordo.
Há ainda questões a serem convergidas
entre os dois países. Em muitos aspectos, Rússia e França se distanciam em sua política
externa e até interna. Entretanto, como tem sido apontado por especialistas, é
importante que o diálogo entre os dois permaneça. Da mesma forma, aponta-se ser
relevante, também, que a França esteja tomando partido em se aproximar mais do
Governo russo em um período marcado por conturbações entre o Ocidente e a
Rússia. Observa-se que a disposição para a realização de encontros bilaterais
já destaca um avanço na relação diplomática não só entre os dois países, como
entre a Europa e a Federação Russa.
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Notas:
* A
Província de Idlib, na Síria, é uma região situada no noroeste do país e um dos
últimos redutos dos rebeldes que lutam pela saída do Presidente sírio, Bashar
al-Assad, do poder.
No dia 8 de agosto (2019), ocorreu uma
explosão em uma base militar na Rússia em Nyonoksa, localizada ao norte do
país, no Mar Branco. A companhia nuclear estatal russa, Rosatom, logo emitiu um
comunicado afirmando que ocorreu um acidente durante testes com um motor de
foguete de propelente líquido, o qual ocasionou um incêndio a bordo de um navio
atracado no porto. Ainda segundo a declaração, duas pessoas teriam morrido por
conta da casualidade e outras 6 teriam sido feridas.
Entretanto, a informação começou a ser
contestada quando autoridades de Severodvinsk, cidade localizada a 30km da base
militar, divulgaram em site oficial que os níveis de radiação tinham se
alterado levemente após a explosão. Tal informe causou agitação entre os
moradores, os quais saíram em busca de iodo nas farmácias locais, substância
conhecida por minimizar os efeitos da radiação no organismo. A publicação no
website da cidade acabou sendo apagada e o governo russo seguiu negando o
caráter nuclear do acidente.
Entretanto, o posicionamento das
autoridades não acalmou a população e nem os observadores internacionais.
Primeiramente, de acordo com especialistas, testes que envolvem mecânica de
mísseis não envolve material atômico, então, é instigante que os níveis
radioativos da cidade tenham indicado uma alta. Houve também muita movimentação
de paramédicos em trajes especiais de proteção contra radiação ao transportar
os feridos para um hospital em Moscou. O porto da Baía Dvina, onde localiza-se
a base militar, fechou-se ao recebimento de embarcações por um mês e um
quebra-gelo nuclear responsável por coletar e armazenar lixo líquido atômico
atracou na região do acidente.
Logo da Corporação Estatal de Energia Nuclear Rosatom
Após essas constatações, no sábado, dia
10 de agosto (2019), a Rosatom informou que além das duas mortes confirmadas,
outros cinco funcionários faleceram devido a um acidente causado por testes que
envolviam fontes de energia isotópicas. Isto é, houve de fato vazamento de
material radioativo, porém, não informaram o que foi detonado, nem que tipo de
experimento estava sendo realizado, ou o quanto de radiação foi exposta.
A mídia ocidental especula que a explosão
ocorreu durante o experimento de um novo míssil de longo alcance que seria
abastecido por um reator nuclear. Ano passado (2018), o Presidente da Rússia,
Vladimir Putin, anunciou que estaria testando um novo míssil chamado de 9M730
Burevestnik, conhecido pela OTAN por SSC-X-9 Skyfall. Tal armamento foi
apresentado sob a possibilidade de alcançar qualquer canto do planeta por
utilizar energia atômica, e suas características específicas também impedem que
o Skyfall seja percebido ou até mesmo abatido pelos mais atuais sistemas
antimísseis pelo mundo.
Acidente Nuclear em Chernobyl em 1986
O acidente ocorrido em Nyonoksa
estabelece mais um patamar na tensão entre Rússia e Estados Unidos após o
término do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF, sigla em
inglês). Sem esse Acordo, testes e utilização desse tipo de armamento não estão
sob os auspícios de nenhuma agência de controle, o que escalona uma corrida
armamentista entre os dois Estados.
Além disso, apontam observadores que
ocultamento das autoridades russas sobre o que realmente aconteceu na última
semana assemelha-se ao acidente em Chernobyl, em 1986. Na época, ainda União
Soviética, não foi divulgado o grau do acidente, o que causou um grande aumento
de vítimas intoxicadas e afetadas pela radiação. O acontecimento em Nyonoksa, especula-se,
foi em uma escala bem menor, mas pode ser um dos piores acidentes nucleares
desde Chernobyl.
Nos dias 17 e 18 de julho, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o Presidente da Bielorrússia (ou Belarus), Alexander Lukashenko, realizaram reuniões informais às margens do Fórum das Regiões Russas e Bielorrussas, em…
No dia 12 de julho, a Turquia começou a
receber da Rússia os primeiros equipamentos para a instalação do S-400 Triumf,
sistema de mísseis antiaéreos de longo alcance. Seu objetivo é defender de
ataques de aeronaves, mísseis cruzeiros ou balísticos, inclusive aqueles de
médio-alcance, e também impedir ofensivas terrestres. Seu alcance chega a 400km
de distância e a 35km de altitude. O Acordo entre Turquia e Federação Russa
sobre a venda desse aparato militar foi anunciado, primeiramente, em 2016, e a
assinatura do contrato foi realizada oficialmente em 2017, o qual detém o valor
de 2,5 bilhões de dólares*.
Em contrapartida, membros da Organização
do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) realizaram críticas sobre a venda e
entrega do S-400, em especial os EUA. Como integrante da OTAN, a Turquia
estaria sujeita ao chamado CAATSA, um ato implantado na Organização, em 2017,
que penaliza com sanções os aliados que realizarem transações com o setor de
defesa russo.
Caça norte-americano F-35 Lightning 2
Não houve ainda nenhum informe indicando
que tais sanções serão aplicadas. Entretanto, o Governo norte-americano ameaçou
retirar a Turquia do programa de desenvolvimento e de uso dos aviões de caça
F-35, pois eles não são compatíveis com os sistemas russos S-400, podendo esse
comprometer o funcionamento daquele. Além disso, Washington tem o receio de que
os russos tenham acesso ao sistema de defesa dos caças, o que se colocaria como
um risco às operações militares.
No dia 4 de julho (2019), o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, realizou uma visita oficial à Itália, onde fez reunião com o Primeiro-Ministro italiano, Giuseppe Conte, e o Presidente da Itália, Sergio Mattarella. Putin também esteve no Vaticano para encontrar-se com o Papa Francisco. Essa é sua primeira vez no país europeu desde 2014, quando as relações entre os dois países se desestabilizaram por conta da anexação da Crimeia, na Ucrânia, pela Rússia.
Ao desembarcar em Roma, a delegação russa, liderada por Putin, seguiu primeiramente para o compromisso com líder da Igreja Católica. Na Audiência Papal, o mandatário russo e o Papa Francisco focaram a discussão nas questões globais, como a situação na Síria. O cerne dessa conversa foi a proteção da população cristã no Oriente Médio, ressaltando a importância de fornecer assistência humanitária e a preservação dos Locais Sagrados Cristãos na Síria. Não foi abordado sobre uma possível visita do Papa à Rússia em um futuro próximo, entretanto, discutiu-se sobre as relações Federação Russa – Vaticano, com ambos os lados concordando em cooperar nas áreas de cultura, educação e saúde.
Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o Papa Francisco
Após esse Encontro, Putin e sua comitiva seguiram para o Palácio do Quirinal, a residência oficial da Presidência italiana, onde reuniu-se com o presidente Mattarella e o primeiro-ministro Conte. O principal tópico do diálogo foram as sanções que a União Europeia impôs à Rússia desde os acontecimentos de 2014 com a Ucrânia. A razão para tal é que o novo governo instituído na Itália, no ano passado (2018), é formado por uma coalizão que não aprova as medidas impostas pelos outros países europeus à Rússia.
Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o Primeiro-Ministro da Itália, Giuseppe Conte
Além dessa questão, os líderes também discutiram sobre a crise na Síria, assunto no qual concordaram que é preciso encontrar uma solução de longo prazo, usando políticas pragmáticas e inclusivas. Outro ponto abordado foi o Tratado de Forças Nucleares de Médio-Alcance (INF, sigla em inglês), em que consentiram pela necessidade de pautar os diálogos multilaterais no Acordo, porém, pouca informação sobre essa conversa foi divulgada.
Nos dias 28 e 29 de junho (2019), aconteceu em Osaka, no Japão, a 14ª Cúpula do G20, um grupo que compreende os Chefes de Estado de 19 países e da União Europeia. Este ano,…
Nos últimos dias, está ocorrendo uma onda
de protestos em Tbilisi, capital da Geórgia. Os motivos do movimento são vários
e referem-se principalmente ao descontentamento da população em relação às
questões de política interna. Porém, o estopim do início das manifestações está
ligado às tensões diplomáticas com a Rússia que existem desde 2008*.
Em 20 de junho (2019), quando os
protestos se iniciaram, estava marcado para ocorrer no Parlamento georgiano a
Assembleia Interparlamentar sobre a Ortodoxia (IAO, sigla em inglês), uma
instituição transnacional que visa a discussão entre parlamentares de países
que seguem o cristianismo ortodoxo.
O legislador russo, Sergei Gavrilov,
abriu o evento com um discurso em russo, idioma estrangeiro na Geórgia, e
sentado na cadeira do Porta-Voz do Parlamento, Irakli Kobakhidze. Sua atitude
gerou descontentamento de parte dos legisladores georgianos, com depoimentos
declarando que a conduta de Gavrilov foi “um tapa na cara na recente história da Geórgia”.
Emblema da Assembleia Interparlamentar sobre a Ortodoxia
Assim, os protestantes acusam membros do
governo de estarem cooperando com a Rússia e exigiram a renúncia de Kobakhidze,
por ter convidado a delegação russa e permitido que Gavrilov presidisse a
sessão, e do Ministro do Interior, Georgy Gakhariya. Apesar da tensão
diplomática com a Federação Russa ter impulsionado a crise política, considera-se
que ela não é de fato a causa. De acordo com Thomas de Waal, especialista na
região do Cáucaso, “a causa foi a política doméstica bastante
polarizada em que a oposição utiliza a Rússia como uma forma de desacreditar o
governo”.
Em meio ao acirramento da crise
diplomática, o Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, assinou um
Decreto que bane temporariamente voos para a Geórgia a partir do dia 8 de
julho. Segundo o Documento, a
razão é garantir a segurança nacional do país e proteger seus cidadãos de ações
criminosas perante a insurgência de um movimento anti-Rússia no Estado vizinho.
O Decreto permanecerá em vigência até que a situação se normalize e não haja
nenhuma ameaça para a segurança dos turistas russos. Nos últimos anos, um
grande volume de turistas da Rússia viajou à Geórgia, de forma que o banimento
dos voos pode vir a ser um grande problema para a economia georgiana.
Enquanto questões de política externa se
complicam, protestos pela Geórgia continuam. Até agora, foram 5 dias
consecutivos de manifestações. O resultado foi a renúncia do Porta-Voz do
Parlamento e a divulgação de que um pacote de reformas eleitorais seria
colocado em prática já em 2020. Todavia, não há como prever se essas medidas
serão suficientes para frear os protestos pelo país. Ao passo que a situação
política se mantém instável, as relações com a Rússia também estarão incertas.
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Notas:
* Em
2008, Rússia e Geórgia entraram em conflito direto e tal acontecimento ficou
conhecido como a Guerra dos Cinco Dias. Foi uma guerra de curta duração, em que
a Geórgia buscou manter os territórios separatistas Ossétia do Sul e Abecásia,
enquanto que a Rússia apoiou a independência dessas regiões ao alegar que lá
haveria uma maioria russa que deveria ser defendida. A guerra encerrou-se com
um acordo de cessar-fogo negociado entre as partes e mediado pela União
Europeia. Desde então, a Rússia retirou suas tropas do território da Geórgia,
mas ainda as mantêm na Ossétia do Sul e na Abecásia e reconhece a independência
das duas regiões. Em resposta a esse posicionamento, a Geórgia cortou as
relações diplomáticas com a Federação Russa, algo que se mantém até os dias de
hoje, 10 anos após o conflito.
Os Estados Unidos e a Federação Russa
podem estar a poucos passos do início de uma guerra cibernética*. Recentemente,
o jornal norte-americano The New York Times (NYT) realizou
uma matéria acerca do acirramento das incursões digitais que oficiais
estadunidenses estariam realizando na rede de energia elétrica da Rússia. O
artigo contou com depoimentos de vários oficiais estadunidenses envolvidos na
operação do Comando Cibernético, o qual tem o objetivo de defender e proteger a
rede de computadores militares dos EUA.
De acordo com a reportagem do NYT, os
norte-americanos estariam vigiando a rede elétrica da Rússia desde 2012. Antes,
eram apenas missões de reconhecimento, a fim de encontrar possíveis
irregularidades. Entretanto, nos últimos meses, a atuação teria se tornado mais
severa. De acordo com os oficiais, agora eles estariam transmitindo malwares** para o sistema russo com o
intuito de enviar um “aviso” e também
para garantir que, caso uma guerra ocorra entre os dois países, a rede da
Rússia estaria vulnerável aos programas maliciosos dos americanos.
…..ALSO, NOT TRUE! Anything goes with our Corrupt News Media today. They will do, or say, whatever it takes, with not even the slightest thought of consequence! These are true cowards and without doubt, THE ENEMY OF THE PEOPLE!
Entretanto, de acordo com oficiais do
governo, acredita-se que o presidente Trump não teria sido informado sobre a
operação do Comando Cibernético de colocar o código malicioso na rede elétrica
russa. Tal agência não precisa da aprovação presidencial para agir e não o
teria inteirado por receio de que Trump reagiria contra e cancelasse o
programa.
Embora esse tipo de conflito não envolva
armas físicas, ele pode afetar de maneira mais direta os civis e prejudicar a
economia do país de forma drástica. Dessa forma, não se sabe quais serão as
próximas consequências caso EUA e Rússia iniciem uma guerra cibernética com
ataques reais em suas redes.
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Notas:
*A
guerra cibernética se caracteriza por ser um conflito em que não se utiliza
armas físicas, o confronto é por meios eletrônicos, são ataques a computadores,
softwares ou redes específicas que comandam determinado setor de um país.
** Malwares
são programas de computador que tem o objetivo de se infiltrarem de maneira
ilícita em redes alheias para causar danos, alterações ou ter acesso a
informações.
Entre os dias 5 e 8 de junho (2019), ocorreu em São Petersburgo, na Rússia, o 23º Fórum Econômico Internacional (SPIEF, sigla em inglês). O SPIEF é um evento anual que ocorre desde 1997, seu…