Entre os dias 18 e 19 de outubro, o Panamá recebeu a “XXIII Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e Governo”, da “Organização de Estados Ibero-americanos” (OEI). Sob o lema “O papel político, econômico, social e cultural da Comunidade Ibero-Americana no novo contexto mundial”, foram feitas avaliações sobre o relacionamento entre as nações latino-americanas e caribenhas com aquelas da “Europa Ibérica”, notadamente Portugal, Espanha e Andorra[1].
Apesar da confirmação de presença de 14 “Chefes de Estado”, a Cúpula foi marcada pela ausência desses agentes, na proporção da metade dos seus 22 membros plenos. Brasil, Argentina, Bolívia e Venezuela foram as principais ausências destacadas, porém enviaram representantes oficiais*. O evento contou com a presença dos “Chefes de Governo” de: Colômbia, “Costa Rica”, “El Salvador”, Honduras, México, Panamá, Paraguai e “República Dominicana”, da “América Latina” e Caribe e; Portugal, Espanha e Andorra, da “Europa Ibérica”[2].
Entre os principais objetivos da realização do encontro estavam, entre outras questões, acordar, em um prazo de três anos, (1) as cotas de participação através da “Secretaria Geral Ibero-Americana” (Segib), (2) a criação de um “Fundo de Cooperação Ibero-Americano”, (3) o fornecimento de bolsas de estudos “Erasmus”, aos estudantes provenientes de membros plenos das Conferências e (4) a maior articulação entre uma plêiade de organizações ibero-americanas dedicadas à Educação, Ciência, Cultura, Segurança Social e Justiça[3].
No entanto, dentre os principais acordos resultantes do encontro podem-se citar: (1) a decisão pelo fortalecimento do diálogo da OEI com outras instâncias de articulação política, intrarregionais ou subregionais e (2) a promoção da participação cidadã e inovação social mediante o uso de redes sociais, e outros meios digitais, visando o aprimoramento da governança democrática.
Nesse sentido, representantes da “Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento” (OCDE), que também compareceram ao evento, divulgaram um relatório no qual apontam uma estagnação da contribuição da região para o crescimento do “Produto Interno Bruto” (PIB) de todos os países do mundo**, que se mantém com os mesmos índices, desde os anos 1990. A OCDE incentivou os investimentos em “Tecnologias da Informação e Comunicação” (TICs), além da melhoria das estruturas logística e de infraestrutura, como instrumentos de promoção da integração entre os países.
Além disso, ficou decidido que as reuniões da OEI serão realizadas bianualmente. O próximo país a receber o evento será o México, na cidade de Veracruz. A decisão pela bianualidade gerou críticas por parte de analistas e outros especialistas em “Relações Internacionais”.
O professor Juan Gabriel Tokatlian, da “Universidade Torcuato Di Tella” (Argentina), por exemplo, questionou essa resolução, no jornal “El País”[4], de 23 de outubro. Entre seus argumentos estava o fato de que a realização dos encontros de dois em dois anos não seria uma solução ao papel secundário desse mecanismo atualmente. Ele argumenta, ainda, que existe um hiato entre a conjuntura internacional pós-Guerra Fria, que deu origem à OEI, e a realidade de hoje, tendo assuntos de grande relevância no momento, como a questão da imigração, “meio ambiente”, “drogas ilícitas” e “conflitos territoriais”, estando ausentes das discussões levadas à cabo na ocasião.
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* Outros países que enviaram representantes oficiais foram: Chile, Cuba, Equador, Guatemala, Nicarágua, Peru e Uruguai.
** O PIB mundial mede a quantidade de ativos existentes no mundo que estão em circulação. Serve para medir a riqueza de cada um dos países e é calculado a partir do valor total dos depósitos bancários, fornecidos pelos bancos nacionais; o valor dos títulos públicos e privados e o valor atualizado de todas as ações no mercado.
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Imagem “Acordos” (Fonte):
http://www.sxc.hu/photo/343546
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Fontes consultadas:
[1] Ver:
http://segib.org/es/node/8417
[2] Ver:
http://segib.org/sites/default/files/DECLARACI%C3%93N%20DE%20PANAM%C3%81-XXIII-E.pdf
[3] Ver:
http://internacional.elpais.com/internacional/2013/10/19/actualidad/1382218755_588438.html
[4] Ver:
http://elpais.com/elpais/2013/10/22/opinion/1382431542_751342.html