Segundo pesquisa divulga no domingo passado (26 de julho) pelo Instituto Rasmussen Reports, ocorreu o crescimento da desaprovação à gestão do presidente dos EUA, Barack Obama, dentro de seu país.
De acordo com os dados divulgados, o índice de desaprovação subiu de 35% para 40%, enquanto os números da aprovação entusiástica continuam estáveis, na casa dos 29%. Outro dado relevante é que apenas 49% dos entrevistados ainda consideram boa a gestão do atual presidente dos EUA, enquanto 50% não a vêem como satisfatória.
Apesar do crescimento da desaprovação ser de apenas 5%, os dados são significativos, pois é um número elevado se comparado o período em que o presidente está no poder, à proporcionalidade em relação aos números que o elegeram e a expectativa gerada quando de sua eleição.
Quando assumiu o cargo, Barack Obama tinha duas propostas relevantes, deixando de lado a questão de que seria um líder das minorias. Uma, que buscaria concentrar esforços na solução da crise econômica norte-americana de forma integradora, inclusiva, ou seja, com políticas públicas e investimentos em ações para os setores mais pobres da sociedade, dentro de um projeto, ao qual estaria integrado o grande pacote econômico anunciado no início de sua gestão. O que motivava o povo que o elegeu era o fato de esse projeto anunciado para solucionar a crise norte-americana não desconsiderar os setores menos favorecidos, mesmo que fizesse investimentos em auxílio às grande corporações. A outra proposta era de que mudaria a percepção da sociedade internacional sobre os EUA, mantendo, ainda assim, os objetivos norte-americanos e seu posicionamento hegemônico mundial. A idéia anunciada fora: manter os focos, mudando a metodologia.
A sociedade internacional entendeu errado, imaginando que a proposta de Barack Obama seria de mudar os objetivos. Os EUA não podem fazer isso, pois a economia do país necessita manter seu alto nível de produção, com alto nível de consumo para garantir o funcionamento da máquina e, para que sejam preservados os alicerces econômicos, precisa preservar a projeção de poder no mundo.
A mudança real, em relação ao governo anterior, foi o fato de investir na diplomacia e negociação com antigos antagonistas. Isso foi cumprido, mas os resultados não foram significativos e o mundo está assistindo a emergência de reivindicações que estão tornando mais complexas as relações internacionais e dando oportunidades para que tenha voz ativa potências desestabilizadoras do sistema internacional.
De forma mais clara, o EUA deixaram de ser o freio para manifestações que podem abalar a ordem mundial, exatamente porque está sendo permitido que se manifestem sem barreiras aqueles que desejam revisões mais amplas da ordem internacional e, para isso, não desejam acatar decisões coletivas, mesmo que sofram coerções, ou coações. Exemplos mais evidentes são o Irã e a Coréia do Norte. Ademais, está dando espaço para a expansão de potências como a Rússia que, agora está fazendo investimentos em sua natural área de influência, o continente americano, algo impensável até duas décadas anteriores.
Esses fatos começam a ser notados pela população dos Estados Unidos e tenderão a crescer, pois as ações pacificadoras do presidente, associadas à sua fé na governança global, decorrem mais das já tradicionais metodologias de ação em política externa dos Democratas (Partido Democrata dos EUA) que de uma inovação propriamente dita e o recuo na adoção do “Hard Power” (não apenas, mas principalmente o poder militar), além de ser normalmente menos usado pelo seu partido, no momento ser evitado por necessidades econômicas. Ou seja, porque não há recursos suficientes para gastos dessa natureza, enquanto não forem sanados os problemas da crise interna. Não será surpresa se, ao longo do semestre, o índice caia ainda mais.