Após a entrada em vigor da Lei da Internet Soberana na Rússia, o país aprovou uma medida legal para banir a venda de dispositivos que não contenham tecnologia russa pré-instalada. A lei abrange smartphones, smart…
Em maio de 2019, o Presidente da Federação
Russa, Vladimir Putin, assinou uma lei que permite ao Kremlin desconectar a
Rússia da estrutura global de internet, a World Wide Web (WWW). De acordo com a
agência de notícias TASS, ela
estabelece o suprimento de uma conexão estável da internet russa (Runet), em
caso de desacoplamento do servidor mundial. A lei entrou em vigor em 1o
de novembro deste ano (2019).
Pesquisas
de mídia mostram que a maioria dos russos se opõe à Lei da Internet Soberana, mas o governo permanece impassível. Em
resposta às críticas, o porta-voz do governo, Dmitry Peskov, exprimiu: “Ninguém está sugerindo cortar a internet”.
Considerada
uma gigante global do ramo das telecomunicações e pioneira na criação da
tecnologia 5G*, a empresa chinesa Huawei (traduzido do mandarim: flor), desde 2012
vem sendo acusada pelo Governo norte-americano de ser uma “ferramenta” do Estado chinês para executar espionagem de outros
governos pelo mundo.
Logotipo da Huawei
Considerada uma ameaça para a segurança global, a Huawei foi colocada numa lista
negra, na qual os elencados são impedidos de fazerem negócios com empresas dos
EUA e, consequentemente, não poderão receber fornecimento de softwares e
componentes para serem instalados em seus aparelhos celulares e tablets, deixando, assim, de ter acesso
a alguns serviços do Android** e aos populares aplicativos Gmail e Google Maps.
Outro
fator que potencializou o ataque mercadológico contra a Huawei partiu do FCC (Federal Communication Commission), órgão
regulador das telecomunicações nos EUA que quer instaurar, em duas etapas,
restrições punitivas às operadoras de telecomunicação locais.
Num
primeiro momento, o FCC quer impedir que essas empresas utilizem de fundos do
órgão que subsidiam serviços em áreas pobres para comprar equipamentos da
Huawei e, numa segunda etapa, o órgão irá impor a uma lista de operadoras a
remoção de equipamentos que se encontram na lista negra dos EUA, mesmo que já
instalados em suas redes, sendo direcionadas a comprarem equipamentos de
fornecedores tidos como confiáveis. Por último, quem não acatar as
recomendações poderia ter atuação encerrada no país devido ao risco apresentado
à segurança nacional.
Ilustração tecnologia 5G
Posto
isso, a empresa chinesa busca alternativas para expandir seus negócios e encontrou na Federação Russa um aliado pronto a
receber sua tecnologia 5G, quando, em setembro (2019), abriu em Moscou sua
primeira zona de testes com a empresa MTS, maior operadora de telecomunicações
móveis do país.
Com a nova
parceria, a Huawei irá desembolsar cerca de 500 milhões de rublos
(aproximadamente R$ 31,5 milhões***) na construção de centros de pesquisa e no
treinamento de 10 mil especialistas russos, num período de 5 anos. A Rússia,
por sua vez, analisa a inserção tecnológica chinesa em seu território como um
marco desenvolvimentista para a plataforma do 5G, onde aspira implantar redes
em todas as suas grandes cidades até 2024.
Logotipo do Sistema Operacional russo Aurora
Em
detrimento às restrições norte-americanas, a Rússia também está oferecendo à Huawei,
em substituição momentânea ao Android, seu sistema operacional Aurora, que
poderá ser um trampolim para que a empresa chinesa desenvolva seu próprio
sistema.
Segundo
especialistas, a aliança entre Federação Russa e China, no tocante a tecnologia
5G, é a implantação de um desafio geopolítico que poderá criar uma frente
econômica contra os Estados Unidos, onde o fato de falarem sobre o sistema
operacional é realmente uma ameaça política que irá ao encontro de um processo
de autonomia em relação ao monopólio americano dos sistemas operacionais de
telefonia móvel no mundo.
As duas
potências, trabalhando em conjunto para o desenvolvimento da tecnologia 5G,
poderão alcançar, em primeira mão, elevados resultados estratégicos no tocante
a formatação do ciberespaço, alavancando novos patamares relativos à geração de
cidades inteligentes, à cibersegurança, à Internet das Coisas, ao Big Data e a todos
os sistemas de processamento de informação, não só econômicos como também
militares.
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Notas:
* É a próxima
geração de rede de internet móvel, que promete velocidade de download e upload
de dados mais rápida (10 a 20 vezes mais rápida do que a do 4G), cobertura mais
ampla e conexões mais estáveis. Trata-se de utilizar melhor o espectro de rádio
e permitir que mais dispositivos acessem a internet móvel ao mesmo tempo
(Internet das Coisas).
** Android é o sistema operacional móvel do
Google. Presente em múltiplos aparelhos de diversas fabricantes, como Samsung,
Motorola, LG e Sony, é a plataforma mobile mais popular do mundo. É
conhecido por ser baseado no núcleo do Linux, ter um código aberto e uma série
de possibilidades de personalização.
A internet adquiriu um papel fundamental no cotidiano das populações no mundo. Conforme divulgou a União Internacional de Telecomunicações – agência especializada das Nações Unidas, em 2018, até 51% da população mundial estava conectada à…
Em maio de
2019, o Centro de Inteligência Artificial da Samsung em Moscou apresentou ao
mundo um novo software capaz de criar vídeos deepfakes* com
apenas uma imagem. Trata-se de tecnologia pioneira, que faz uso de algoritmos que simulam os
processos de aprendizagem e cognição do cérebro humano.
Embora a manipulação de vídeos e imagens
exista há muito tempo, os “sistemas
neurais” da inteligência artificial trabalham de maneira a tornar
indistinguíveis a imagem original da imagem manipulada através
do método comparativo: um “Gerador”
cria uma versão de imagem e a apresenta ao “Discriminador”,
que determina se ela é real ou falsa. A similitude dos deepfakes com a imagem real é medida conforme essa tecnologia perde
a capacidade de detectar o que é real do que é forjado.
Na ocasião da divulgação das capacidades
de ponta na criação de deepfakes, a
equipe da Samsung divulgou vários exemplos de retratos
vivos usando apenas uma imagem pré-existente, inclusive a famosa pintura
Mona Lisa. Apesar de surpreendente e um
tanto falha (ainda), esta tecnologia provoca reflexão de especialistas e instiga análise
de possíveis ameaças que advém com tais avanços, como fraudes, desinformação e
adulteração de eleições.
Exemplos de aplicação da tecnologia deepfake – Egor Zakharov
Egor Zakharov e os demais desenvolvedores
do software estão cientes dos possíveis impactos de seu produto. Porém,
consideram que essa tecnologia é uma espécie de democratização
dos efeitos especiais, até então amplamente utilizados por Hollywood, e que
mecanismos para apaziguar os efeitos negativos têm sido desenvolvidos.
Uma conferência realizada no MIT
(Massachusetts Institute of Technology) em setembro deste ano (2019), contou
com a ilustre presença do presidente Russo Vladimir Putin. Exceto que a figura
em cena não era Putin, e sim uma criação de Hao
Li, o maior artista de deepfakes
do mundo. Li mostrou-se preocupado que a tecnologia está se desenvolvendo “mais rápido do que pensava”, e
previu que em dois ou três anos, deepfakes
serão perfeitos. Li alertou que “não haverá
maneira de determinar se algo é real ou não, então temos que ter uma abordagem
diferente”.
Caso as
previsões de Hao Li estejam corretas, os mecanismos de combate ao mal-uso da
tecnologia deepfake apontados por
Egor Zakharov devem estar à altura (e as legislações e regulamentos prontos a
recebê-los).
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Nota:
* Deepfake: Mistura dos termos “deep
learning” (aprendizado profundo) e “fake
media” (mídia falsa) é uma técnica de manipulação de imagem por
Inteligência Artificial.
O Ministério da Defesa Italiano formalizou
oficialmente, durante a feira
DSEI*, realizada em Londres, a participação no projeto de desenvolvimento
do caça Tempest – aeronave de combate militar de nova geração. O país se une ao
Reino Unido e à Suécia, que
recentemente também aderiu ao projeto (em julho de 2019). O anúncio marca a entrada dos 3 países na
corrida armamentista pela criação de caças de “sexta-geração”, que irão substituir os mais modernos atualmente em
produção (ditos de “quinta-geração”).
Porém, o concorrente mais polêmico do
projeto Tempest é o FCAS
(Future Combat Air Systems), dirigido pelos Ministérios da Defesa da
Alemanha, França e Espanha, e que está sendo desenvolvido pela francesa Dassault e Airbus (multinacional europeia).
Apesar de diálogos para que o Reino Unido se unisse à iniciativa franco-alemã,
o país desistiu da parceria e levou à frente a concepção do Tempest. A saída
gerou crítica sobre as consequências de uma Europa dividida em relação aos dois
projetos. O Ministério da Defesa Britânico declarou em julho (2019) que o país
não se associou aos franceses e alemães devido ao fato de
o programa não se encaixar aos objetivos estratégicos do país, mas, que, mesmo
assim, o plano será de maximizar a interoperabilidade entre os distintos
projetos. Vale lembrar que os países envolvidos tanto na concepção do FCAS
como do Tempest são aliados estratégicos na OTAN (Organização do Tratado do
Atlântico Norte).
Protótipo do caça FCAS, em exibição na Paris Air Show 2019
Os dois projetos foram lançados em um
momento incerto para o futuro da geopolítica europeia, com a saída do Reino
Unido da UE. Isso pode gerar uma rivalidade desnecessária entre as potências do
continente. Sobre o assunto, o presidente francês Emmanuel Macron declarou em
junho, durante a Paris Air Show (Feira Aeronáutica internacional na França),
que “a competição entre os Europeus quando ela
‘nos’ enfraquece contra os Americanos, os Chineses, é algo ridículo”.
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Nota:
* DSEI: Defence and Security Equipment International – Defesa e Equipamentos
de Segurança Internacional, é a maior
feira da Europa e uma das principais do mundo para a Indústria de Defesa.
Londres recebeu, entre os dias 10 e 13 de setembro, a DSEI (Defence and Security Equipment International – Defesa e Equipamentos de Segurança Internacional), a maior feira da Europa e uma das principais do mundo…
A estratégia Ecuador Digital está composta por três programas: Ecuador Conectado; Ecuador Eficiente y Ciberseguro eEcuador Competitivo. Cada programa se compõe de um conjunto de projetos que têm como objetivo ampliar o acesso às tecnologias de informação e comunicação (TIC) e fomentar a inovação e o empreendedorismo.
Erradicar a brecha digital e promover o desenvolvimento tecnológico do Equador por meio da implantação de infraestrutura de telecomunicações é a missão do Ecuador Digital. O Ecuador Eficiente y Ciberseguropretende oferecer serviços públicoson line, com garantia da segurança dos dados, para poupar tempo e reduzir o valor gasto pelos cidadãos. A inovação da indústria por meio do uso massivo de TIC é o objetivo do Ecuador Inovador.
Logo do Ecuador Digital
Segundo a apresentação feita pelo Ministro, o Governo almeja até 2021 alcançar 98% de conectividade nos serviços de telecomunicações e 80% dos serviços públicos on line, além de implementar a Agenda Nacional de Transformação Digital. Foram apresentadas simulações de benefícios advindos da modernização digital, como a massificação da tecnologia 4G e implantação da 5G, o agendamento de consultas médicas virtuais (Telemedicina), e a transformação da Indústria 4.0.
De acordo com porta-vozes do Governo Equatoriano, a nova política contribuirá para a implantação de cidades inteligentes, assim como para o atingimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Informam que as parcerias público-privadas impulsionarão investimentos que devem criar mais de 5 milhões de postos de trabalho.
Desde que o homem começou a explorar o
espaço sideral, uma enorme quantidade de equipamentos, com as mais variadas
finalidades, foi lançada em orbita da Terra para suportar o avanço dessa
empreitada tecnológica, o que, com o passar das décadas, gerou uma situação que
vem preocupando agências espaciais de vários países, pois, a partir da
crescente quantidade de restos orbitais* proveniente desses equipamentos,
surgem ameaças que podem comprometer o futuro das viagens espaciais.
Segundo dados, mais de 500.000 pedaços de
detritos, ou “lixo espacial”, são
rastreados à medida que orbitam nosso planeta, todos eles viajando a
velocidades de até 25 mil quilômetros por hora, rápido o suficiente para que um
pedaço relativamente pequeno de material possa danificar um satélite, ou uma
nave espacial conduzindo astronautas.
Logotipo da ROSCOSMOS – Agência Espacial Russa
O problema se agravou quando nações que
fazem pesquisa aeroespacial, principalmente de cunho militar, começaram a
realizar testes de armas antissatélite para desativar ou eliminar equipamentos
espaciais para fins estratégicos, como foi o caso do teste conduzido pela Índia
em março deste ano (2019), denominado Missão Shakti**, que destruiu um satélite
desativado na órbita de 300 quilômetros da Terra. O efeito desse teste causou o
aumento de detritos orbitais na casa dos milhares de fragmentos e acarretou
críticas tanto da NASA (Agência Espacial Norte Americana) quanto da ROSCOSMOS
(Agência Espacial Russa) que alertaram sobre o aumento do risco desses
fragmentos colidirem com a Estação Espacial Internacional (ISS – International Space Station).
Essa teoria não foge da realidade quando
comparada ao histórico
de ocorrências relatadas pela NASA, algumas delas demonstradas a seguir,
apresentando a profundidade do problema:
1996 – Um satélite francês foi atingido e danificado por detritos de um foguete de mesma nacionalidade que havia explodido uma década antes;
2007 – A China realiza teste de míssil antissatélite, que destruiu um satélite fora de serviço, acrescentando mais de 3.000 fragmentos na lista de detritos rastreáveis;
2009 – Um satélite russo desativado colidiu e destruiu um satélite comercial de Iridium dos EUA em funcionamento. A colisão acrescentou mais de 2.000 pedaços de detritos rastreáveis para o inventário de lixo espacial.
O problema esta causando uma discussão
global sobre a política espacial e a ROSCOSMOS quer propor a abertura de
discussões envolvendo as potências espaciais para considerar a proibição de
testes de armas antissatélite, para não agravar o problema do acúmulo de lixo,
mas, além da questão militar, existem outros pontos que poderão sobrecarregar
ainda mais essa questão que seria o aumento das missões espaciais já delineadas
por diversas nações. Somente a SpaceX*** recebeu aprovação para lançar 12 mil
satélites do seu programa Starlink,
com o objetivo de criar uma rede mundial de internet. Conforme vem sendo
apontado por especialistas, se nada for feito sobre o problema, as colisões se
tornarão cada vez mais prováveis, o que significa que voos
espaciais seriam quase impossíveis.
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Notas:
* Restos
orbitais é uma referência a qualquer objeto feito pelo homem em órbita sobre a
Terra que já não serve a uma função útil. Tais detritos incluem naves espaciais
não funcionais, estágios de veículos de lançamento abandonados, detritos
relacionados à missões e detritos de fragmentação.
** A
missão Shakti foi empreendida para desenvolver armas antissatélite de alta
potência (A-SAT). Com isso, a Índia juntou-se a outras três nações – EUA,
Rússia e China, capazes de realizar tal operação. Isso dará um grande
impulso para enfrentar os desafios de segurança que a Índia enfrenta,
especialmente com o Paquistão. Com este míssil A-SAT, a Índia terá a capacidade
de interferir com os satélites ou de se envolver em ataques diretos. O míssil
A-SAT pode ser aéreo, marítimo ou terrestre. A partir de 1957 até os anos 80,
os EUA e a Rússia lançaram testes de mísseis antissatélite, o que foi
denominado como violação do tratado da ONU de 1967.
*** Empresa
privada que projeta, fabrica e lança foguetes e naves espaciais avançados. Foi
fundada em 2002, por Elon Musk, para revolucionar a tecnologia espacial, com o
objetivo final de permitir que as pessoas possam viver em outros planetas. A
empresa tem mais de 6.000 funcionários em vários locais, incluindo sua sede em
Hawthorne, CA; instalações de lançamento na Cape Canaveral Air Force Station,
FL; Centro Espacial Kennedy, FL; e a base da força aérea de Vandenberg, CA; um
mecanismo de desenvolvimento de foguetes em McGregor, TX; e escritórios em
Redmond, WA; Irvine, CA; Houston, TX; De chantilly, VA; e Washington, DC.
Há 50 anos, o astronauta norte-americano Neil Armstrong dava os primeiros passos na Lua, completando uma etapa do processo exploratório iniciado alguns anos antes, quando EUA e União Soviética entravam numa disputa de capacidades, no…