A aguardada visita do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, à terra de seu pai, o Quênia, foi marcada por uma série de declarações de impacto, referentes ao empoderamento de garotas e mulheres, direitos dos gays, combate à corrupção e aos opositores do governo democraticamente eleito no país.
Obama compareceu a dois eventos: o Youth of Africa Leadership Initiative (YALI), uma iniciativa que busca aconselhar a próxima geração de líderes africanos; e o Global Entrepreneurship Summit (GES), realizado pela primeira vez na África Subsaariana e direcionado para o empreendedorismo de jovens e de mulheres[1].
Na iniciativa para jovens líderes no continente africano, Obama declarou que o crescimento da economia queniana seria determinada pela educação das garotas e pelo empoderamento das mulheres. Para o Presidente, “o fato de o Quênia vir de um passado onde as mulheres eram tratadas como cidadãs de segunda classe não significa que as coisas devem permanecer do jeito que estão”[1]. Além disso, seria necessário parar com as tradições repressoras que coíbem o progresso, como a mutilação do órgão genital feminino e os casamentos precoces[1].
Em relação aos direitos dos gays, as declarações do presidente Obama causaram mal estar para o presidente queniano Uhuru Kenyatta. Obama, que recentemente elogiou a legalização do casamento gay pela Suprema Corte dos Estados Unidos, destacou a necessidade de observar como o Estado opera na adequação da lei às pessoas: “É errado tratar pessoas diferentemente por conta das pessoas que elas amam. Como um americano-africano, eu sou dolorosamente consciente do que acontece quando as pessoas são tratadas de forma diferente”[2].
Entretanto, em muitos países africanos, inclusive no Quênia, a homossexualidade é banida. De acordo com Uhuru: “família, democracia e empreendedorismo são valores comuns, mas há outras coisas que nós não compartilhamos”[2]. Entre os assuntos que Uhuru considera críticos para o país, destacam-se a saúde, a inclusão das mulheres, o desenvolvimento da infraestrutura, a educação e o empoderamento dos cidadãos. Para o deputado William Ruto, aliado do presidente Uhuru, não há espaço para gays no país[2].
No combate à corrupção, Obama foi enfático: “As pessoas que estão no topo (da administração pública) que estão tirando das pessoas comuns precisam ser processadas”[3]. Para Obama, pouco progresso foi feito para combater este câncer a partir do topo da burocracia. Apesar de reconhecer que a corrupção é um problema universal, no Quênia ele parece ser tolerado, algo que precisa ser rompido. Para ele: “é a hora de mudar hábitos e quebrar efetivamente o ciclo”[3].
No campo político, Obama solicitou uma reforma no zoneamento do país em novas regiões e tribos, de forma a assegurar que os votos durante as eleições reflitam fielmente o desejo dos eleitores. Para o Presidente Norte–Americano, “a democracia começa com as eleições, mas ela não acaba com elas. Para o sistema continuar, nós também temos que dar espaço para cidadãos exercerem seus direitos”[4]. Obama se declarou um amigo que quer ver o Quênia prosperar e considerou que três pilares são essenciais para o desenvolvimento do país africano: 1) democracia e governança justa; 2) desenvolvimento equitativo; e 3) paz e reconciliação[4].
O Presidente estadunidense chamou a atenção para o discurso duplo de integrantes da oposição que afetam o Quênia. Sem dar nomes, ele destacou que compreende o papel que a oposição deve executar, mas ressaltou que estes opositores só desejam o envolvimento norte-americano quando eles não estão no poder: “Todo mundo quer que os Estados Unidos estejam envolvido quando eles não estão no poder, mas quando eles estão, eles querem que os EUA cuidem de seus próprios negócios”[5]. As declarações provavelmente são condizentes com o líder da Orange Democratic Movement (ODM), Raila Odinga, Ex–Presidente do Quênia, e seus aliados, os senadores Moses Wetangula, Kalonzo Musyoka e Martha Karua[5].
No campo econômico, o Presidente norte–americano destacou que o continente africano é a fronteira mais nova e promissora das oportunidades sem limites. O relacionamento da África com o resto do mundo deve ser baseado em benefícios mútuos[6]. Por fim, afirmou: “não há limites para o que vocês podem fazer”[7]. A pré-condição para o progresso do Quênia estará no aprofundamento da democracia, no combate à corrupção e na exclusão social baseada no gênero e na etnia[7].
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Imagem (Fonte):
http://a57.foxnews.com/global.fncstatic.com/static/managed/img/U.S./876/493/obama-in-kenya.jpg?ve=1&tl=1
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Fontes Consultadas:
[1] Ver “All Africa”:
http://allafrica.com/stories/201507260248.html
[2] Ver “All Africa”:
http://allafrica.com/stories/201507260226.html
[3] Ver “All Africa”:
http://allafrica.com/stories/201507260261.html
[4] Ver “All Africa”:
http://allafrica.com/stories/201507260260.html
[5] Ver “All Africa”:
http://allafrica.com/stories/201507260663.html
[6] Ver “All Africa”:
http://allafrica.com/stories/201507250156.html
[7] Ver “All Africa”:
http://allafrica.com/stories/201507260276.html