A China ultrapassou os Estados Unidos e obteve o maior número de postos diplomáticos em todo o mundo, à medida que suas ambições internacionais e interesses econômicos se expandem. De acordo com o Índice de…
Com o ardiloso uso das redes sociais para espalhar fakenews, a desinformação tornou-se uma ferramenta poderosa de controle das massas. A velocidade e a quantidade de dados que trafegam diariamente em nossas páginas iniciais não permitem um escrutínio necessário. Por vezes, o receptor crê em títulos bem elaborados ou textos passionais, sem analisar o conteúdo. Rússia e China se beneficiam desta estratégia.
Especialistas na área de fakenews e desinformação comparam a abordagem chinesa com a abordagem russa em trabalhar informações jornalísticas, e concluem que são diferentes em estilo e técnica, em parte pelas perspectivas e objetivos divergentes dos países. Enquanto a China “é mais sobre autodefesa, a Rússia é mais sobre ativamente sair a campo, mirando em eventos estrangeiros”, diz o professor Haifeng Huang, do campus Merced da Universidade da Califórnia. Nesse sentido, para ele, na guerra da desinformação a China “se comporta melhor” aos olhos do mundo.
Russia Operação INFEKTION de desinformação
A Rússia conta com uma agência de propaganda chamada Agência de Pesquisa da Internet (Internet Research Agency), sobre a qual há acusações de ser responsável por travar uma guerra de memes* para dividir os Estados Unidos. Isso demonstra um alto nível de conhecimento de causa e, pode-se concluir, se as acusações forem corretas, que os russos se preparam com “meses e meses de antecedência” para criar o paradigma perfeito para espalhar as notícias que querem que o mundo saiba, e, de pronto, a própria influência.
Pelo que tem sido disseminado e apontado por analistas, as informações e (des)informações da Federação Russa são mais críveis que o conteúdo forçado desenvolvido pela China. O Kremlin tem mais habilidade em se infiltrar onde lhe aprouver. Ressalte-se que os escopos são diferentes e não parece que isso mudará tão cedo. Enquanto Beijing olha para dentro, Moscou concentra-se para fora, especialmente agora com a nova Lei da Internet Soberana, que lhe dá a segurança interna de que necessita.
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Nota:
* Meme: imagem, conceito ou frase que se espalha rapidamente no meio virtual, com o objetivo de causar impacto, normalmente de maneira humorada.
A China afirmou na quarta-feira (6 de novembro de 2019) que as questões que atrapalham a Parceria Econômica Global Abrangente (PEGA) podem ser resolvidas até o final do ano (2019), acrescentando que os Estados-membros estão prontos para trabalhar com a Índia para resolver questões pendentes. Quinze países da região Ásia-Pacífico, os dez países da Ásia, além de Japão, China, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia, concordaram com o esboço do pacto comercial na segunda-feira (4 de novembro de 2019), informa o jornal South China Morning Post.
A Índia desistiu
do acordo no último minuto, em meio a preocupações de que sua economia poderia
ser inundada com produtos chineses de preço competitivo e que os agricultores
poderiam ser prejudicados pelas importações agrícolas da Austrália e da Nova
Zelândia. O Vice-Ministro de Comércio chinês, Wang Shouwen, declarou
que a China e os outros 14 países-membros respeitam a Índia e têm preocupações
pendentes, mas estão dispostos a trabalhar juntos para resolvê-los. “Devemos trabalhar duro com a Índia para
resolver esses problemas. E a Índia deve decidir com base nesta resolução se
deve entrar no acordo”, afirmou
Wang.
Primeiro-Ministro da Índia, Narendra Modi (2015)
Na segunda-feira (4 de novembro de 2019), o Primeiro-Ministro da Índia, Narendra Modi, retirou seu país do acordo, apontando que este “não refletia totalmente o espírito básico e os princípios orientadores acordados” e que “falhou em atender às preocupações pendentes da Índia”. Uma declaração conjunta de todos os 16 países, incluindo o Estado indiano, apontou que 15 economias concluíram as “negociações para todos os 20 capítulos e essencialmente todas as suas questões de acesso ao mercado”, embora tenha observado que os indianos ainda possuem questões não resolvidas.
O Ministro de Comércio e Indústria da
Índia, Piyush Goyal, indicou
que as “fortes demandas de Nova Délhi por serviços e investimentos podem ter
sido um ponto de atrito nas negociações”. Além disso, “Se as 15 nações fizerem um esforço sincero para
resolver nossas preocupações, nos dar confiança e nos ajudar a equilibrar a
desigualdade comercial, acho que todas as nações devem conversar com seus
amigos”, comentou
Goyal em entrevista à imprensa indiana. E relembrou:
“Não estamos fazendo inimigos com
ninguém: as relações são fortes com todos os países envolvidos”.
A Índia possui
um antigo déficit comercial com a China, que chegou
a 57 bilhões de dólares em 2018 (aproximadamente, 237,3 bilhões de reais, de
acordo com a cotação do dia 8 de novembro de 2019). Wang reconheceu
que havia alguns setores da indústria indiana que “estão preocupados com a possibilidade de haver algum déficit”.
No entanto, o Vice-Ministro apontou
que “o déficit comercial da Índia
em sua conta corrente era de apenas 1,7% do produto interno bruto, muito abaixo
da linha segura de 4%, e que havia um excedente no setor de serviços”.
“O balanço de pagamentos na conta
corrente indiana é muito saudável”, reiterou
Wang.
A ausência de um oficial americano de alto escalão no fórum regional na Tailândia não deve ser considerada como uma distensão da rivalidade estratégica entre Washington e Pequim, apontam analistas. A Cúpula do Leste da…
O presidente brasileiro Jair Bolsonaro se
encontrou com o seu congênere chinês, Xi Jinping, em Pequim, na sexta-feira (25
de outubro de 2019). Na ocasião, ambos os lados se comprometeram a melhorar o
investimento bilateral, mas não houve comprometimento da parte do Brasil em
relação ao ingresso na Iniciativa do Cinturão e Rota, informa
o jornal South China Morning Post.
Xi afirmou para Bolsonaro que “a China e o Brasil devem continuar a
apoiar o desenvolvimento mútuo, dar prioridade ao desenvolvimento de relações
diplomáticas e avançar sua ‘parceria estratégica compreensiva’”.
Ambos os líderes reconheceram que a Iniciativa do
Cinturão e Rota “pode vir a ser
integrada” às iniciativas brasileiras de desenvolvimento. Contudo,
Brasília não realizou um comprometimento claro de que ingressará no ambicioso
projeto de infraestrutura promovido por Pequim.
Em um fórum na sexta-feira (25 de outubro
de 2019), Bolsonaro apontou que “China
e Brasilnasceram paracaminharjuntos” e asseverou: “Estamos alinhados em mais coisas além da questão comercial”. Durante o evento, o Vice-Primeiro-Ministro da China,
Hu Chunhua, declarou que a China
deseja aumentar suas importações de bens industriais e agrícolas do Brasil, e
que os dois países podem aprofundar a cooperação em áreas como a de
infraestrutura. Em novembro de 2019, Xi Jinping participará do
Fórum Econômico da Ásia-Pacífico, no Chile, e espera-se que o Presidente chinês
também visite o
Brasil para o encontro anual da Cúpula do BRICS, em Brasília.
Plantação de soja no Mato Grosso
A China tem figurado como o
maior parceiro comercial do Brasil por uma década e é sua principal fonte de
investimento externo. O comércio entre as duas nações atingiu a marca dos 100
bilhões de dólares em 2018 (aproximadamente 400,4 bilhões de reais, de acordo
com a cotação de 25 de outubro de 2019), e a China é o maior
importador de produtos brasileiros, principalmente commodities, como soja, algodão e milho. Há a expectativa de que o
Brasil venda mais
soja para a China devido à guerra comercial entre Washington e Pequim, e o país
espera
aumentar suas exportações de carne processada para a China, enquanto a nação
asiática lida com os efeitos devastadores da epidemia
de febre suína africana.
A viagem de três dias de
Bolsonaro ao país marcou o 45º
aniversário de relações diplomáticas entre os dois Estados. Analistas observam
que a viagem de Bolsonaro teve a função de remediar os
efeitos de suas declarações acerca dos investimentos chineses no Brasil,
realizadas durante a campanha presidencial de 2018. À época, Bolsonaro afirmou que “Os chineses não estão comprando no
Brasil. Eles estão comprando o Brasil”. A pesquisadora brasileira
Karin Costa Vazquez, do Centro de Estudos sobre BRICS, da Universidade Fudan,
em Xangai, aponta: “Os diversos desentendimentos criados em
relação à China no começo do governo Bolsonaro são um reflexo de um problema
estrutural do Brasil: a nossa visão de mundo eurocêntrica”. E indica: “Nós temos uma visão ultrapassada e
estigmatizada sobre a China…Teremos que esperar e ver como se desenvolverá a
Cúpula do BRICS em novembro”.
A guerra civil na Síria já dura alguns
anos e iniciou por ocasião da Primavera Árabe, na qual diversas pessoas
protestaram em seus países a favor de democracia e maior liberdade de
expressão. Todavia, a situação síria deteriorou-se e parcela da população
entrou em conflito com o regime do presidente Bashar al-Assad.
O maior fator de agravo na guerra civil
síria ocorreu com a ascensão do grupo terrorista Estado Islâmico (EI), o qual
buscava a instauração de um Califado no entorno da Síria e do Iraque. A
escalada militar intensificou-se na região com o ingresso de tropas dos Estados
Unidos (EUA) e da Federação Russa, as quais combateram o EI até seu
enfraquecimento.
Nas últimas semanas, o Presidente dos
EUA, Donald Trump, ordenou a retirada da força militar estadunidense na Síria.
Esta medida foi duramente criticada pelos curdos, aliados locais de
Washington*, e diversos Estados europeus, pois ressente-se que o EI possa
retomar forças, e que os curdos fiquem sem proteção contra possíveis ataques da
Turquia.
Felizmente, o EI não retornou a exercer o
controle nos territórios sírios, todavia, os turcos iniciaram uma série de ataques
terrestres e aéreos contra o nordeste da Síria. O alvo de Ancara** eram os
curdos, os quais são considerados como terroristas pelos turcos, pois eles
desejam criar um Estado próprio.
A Estônia expressou preocupação com os
atos unilaterais da Turquia contra o território sírio e pediu aos turcos que
cessem sua operação militar. Os estonianos desejam evitar as baixas de civis e
a deterioração da estabilidade regional em um Estado em crise humanitária.
Outra razão para Tallinn*** manifestar-se sobre a questão é que a Estônia é
Membro Não-Permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), criado
para zelar pela paz e segurança internacional.
Ministro das Relações Exteriores da Estônia, Urmas Reinsalu
O jornal The
Baltic Times trouxe a declaração do Ministro das Relações Exteriores da
Estônia, Urmas Reinsalu, sobre a pauta, o qual afirmou: “A Turquia, nossa aliada da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico
Norte], sem dúvida tem preocupações de segurança com relação ao terrorismo; no
entanto, soluções políticas e diplomáticas devem ser buscadas para as tensões
na região. A operação que começou, no entanto, pode prejudicar gravemente esses
esforços e dar um novo impulso ao Daesh [EI]. Estamos preocupados com a
operação militar da Turquia no nordeste da Síria, que prejudica ainda mais a
estabilidade em toda a região. Pedimos a Turquia que pare sua ação militar
unilateral e evite baixas civis e deterioração da situação humanitária”.
Os analistas observam com atenção as
ações turcas na Síria, as quais, diante do Direito Internacional (DI), são
compreendidas como violação da soberania síria. Em relação ao ataque unilateral
turco aos curdos, que na atual situação nada fizeram contra Ancara, ainda
existe, perante o DI, a questão de um possível genocídio. Diante da
problemática, aguarda-se que a Turquia venha a optar pelo diálogo político e
pela resolução de suas diferenças mediante o respeito ao DI e à
autodeterminação dos povos.
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Notas:
* Washington: capital dos Estados Unidos; seu uso no texto representa a ação
política do Estado norte-americano.
** Ancara: capital da Turquia; seu uso no texto representa a ação política do
Estado turco.
*** Tallinn: capital da Estônia; seu uso no texto representa a ação política do
Estado estoniano.
Entre os dias 2 e 5 de outubro de 2019, o Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, esteve na Rússia, como convidado de honra para participar do Clube de Discussão Valdai, fórum global no qual o…
A União Europeia (UE) e o Japão estão
tomando medidas para fazer frente à Iniciativa do Cinturão e Rota (ICR), da
China. Discursando em Bruxelas, na Bélgica, na sexta-feira (20 de setembro de
2019), o Primeiro-Ministro do Japão, Shinzo Abe, apontou
que seu país pretende trabalhar com a UE para fortalecer os seus laços nas
áreas de transportes, energia e tecnologia com a África e os Bálcãs, regiões
importantes para a ICR, informa
o jornal South China Morning Post.
Em um fórum para celebrar o primeiro
aniversário do programa Conectividade UE-Ásia, Abe e o Presidente da Comissão
Europeia, Jean-Claude Juncker, assinaram
um acordo formalizando o envolvimento do Japão no plano Europa-Ásia, que
receberá um financiamento da UE de 60 bilhões de euros (aproximadamente 273
bilhões de reais, de acordo com a cotação de 27 de setembro de 2019), de Bancos
de Investimentos e de investidores privados.
Países participantes da Iniciativa do Cinturão e Rota, em abril de 2019
Abe afirmou
que o Japão trabalhará para que oficiais de 30 países africanos sejam treinados
em gerenciamento de dívida soberana nos próximos três anos. E relembrou:
“A UE e o Japão estão conectados. A
infraestrutura que nós construirmos a partir de agora deve ser uma de alta
qualidade. Seja uma única estrada ou um único porto, quando a UE e o Japão
tomarem a responsabilidade de algum projeto, nós seremos capazes de construir
uma conexão sustentável, ampla e baseada em regras, do Indo-Pacífico aos Bálcãs
ocidentais e à África”.
Juncker ressaltou
que “uma das bases da conectividade
de sucesso é o respeito a regras básicas e ao senso comum” e indicou
que a cooperação UE-Japão se foca no “comprometimento
com a democracia, o Estado de direito, a liberdade e a dignidade humana”.
Em 2018, quando a Comissão propôs
a melhoria da infraestrutura de conexão digital, de transportes e de energia
com a Ásia, negou
que estava procurando conter as ambições chinesas. O plano da UE, que será
apoiado por fundos adicionais do orçamento comum da UE a partir de 2021, por
empréstimos do setor privado e por Bancos de Desenvolvimento, configurou-se
como uma resposta à forte presença da China na Ásia Central e nos Bálcãs, onde
Pequim investiu bilhões de dólares.
Os fuzileiros navais americanos
conduziram exercícios de tomada de bases aéreas e de ilhas nos Mares do Leste e
do Sul da China, o que, segundo analistas, possui a função de relembrar à China
das capacidades militares dos Estados Unidos no Indo-Pacífico. Os exercícios
navais de 11 dias (entre 9 e 19 de agosto de 2019) foram conduzidos nas
proximidades das Filipinas e ao redor da ilha japonesa de Okinawa pelas tropas
americanas estacionadas no Japão, informa o jornal South
China Morning Post.
Observadores afirmaram que Washington deseja
mostrar para Pequim que as suas Forças Armadas podem realizar campanhas
anfíbias em territórios longínquos, caso os Estados Unidos decidam intervir nas
disputas territoriais entre a China e seus aliados na região.
A “31ª
Unidade Expedicionária” e o “Esquadrão
Anfíbio 11” conduziram exercícios conjuntos a
partir de seus navios, pertencentes ao Grupo de Prontidão Anfíbio. O Pelotão de
Reconhecimento Anfíbio também realizou uma missão de
vigilância e reconhecimento de grande altitude e um salto de paraquedas sobre a
ilha de Okinawa. Posteriormente, um heliplano Osprey* enviou uma equipe de operações
terrestres, a partir de um navio Wasp**, a uma localidade a mais de 400
quilômetros de distância, para que estabelecesse um posto de rearmamento e de
reabastecimento. O time alcançou o objetivo em pouco
mais de uma hora.
Heliplano Osprey utilizado pela Marinha dos Estados Unidos
O tenente Guiron Cai, da Equipe de
Controle do Tráfego Aéreo da Marinha da China, afirmou: “A velocidade com a qual os fuzileiros
navais americanos foram capazes de estabelecer o posto de rearmamento e de
reabastecimento demonstra uma habilidade crítica para o exercício de operações
expedicionárias em uma região contestada”.
Adam Ni, especialista em China da
Universidade Macquarie, em Sydney, na Austrália, apontou: “É um claro lembrete para a China acerca
da supremacia militar dos Estados Unidos apesar da aproximação das capacidades
militares dos dois países nos últimos anos. A mensagem é que as Forças Armadas
americanas ainda podem tomar pontos controlados por Pequim no Mar do Sul da
China em um conflito de alta intensidade”.
A China possui um litígio com o Japão em
relação às Ilhas Diaoyu/Senkaku no Mar do Leste da China, enquanto Pequim e
Manila clamam soberania sobre o Atol de Scarborough, no Mar do Sul da China. Desde a eleição do presidente Donald
Trump, os Estados Unidos têm reforçado sua presença militar no
Indo-Pacífico como forma de conter a presença chinesa nos Mares do Sul e do
Leste da China, e a fim de garantir a liberdade de navegação e o respeito ao
Direito Internacional na região.
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Notas:
* HeliplanoOsprey: Osprey (‘águia pescadora’, em inglês) é um tipo de
aeronave militar polivalente. É classificada como um convertiplano, ou seja,
como uma aeronave com capacidade de decolagem e aterrissagem verticais (VTOL), bem
como como decolagem e aterrissagem curtas (STOL). Seu projeto junta a função de
um helicóptero convencional com a de um avião turboélice.
** Navio Wasp:
Classe de Porta-Aviões Leves da Marinha dos EUA.
O Ministro de Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, viajará para a Coreia do Norte entre os dias 2 e 4 de setembro, antes de uma possível visita de Kim Jong-un à China, em outubro de…