Recentemente, durante a primavera europeia, o “Comitê de Defesa do Parlamento da Suécia” apresentou um estudo acerca do desenvolvimento militar em diversos países do mundo. Como resultado, a Rússia fora mostrada como uma possível ameaça à segurança nacional devido à crescente evolução do seu processo de militarização[1]. Agora, após o fato anunciado, observadores começam a debater o veredicto apresentado pelos políticos suecos.
Stefan Hedlund, professor de economia do “Centro de Estudos Russos da Universidade de Uppsala”, acredita que a visão da Rússia como uma ameaça – segundo ele, influenciada pelo complexo industrial militar sueco – baseia-se em duas premissas errôneas: a primeira, do desenvolvimento militar russo; a segunda, do fato de que o país esteja apresentado cada vez mais uma inclinação à uma autocracia.
Hedlund afirma que, de acordo com um recente artigo publicado por um analista de defesa da Rússia, Alexander Golts, a ambição do governo russo de modernizar seu aparato militar, com a injeção de cerca de 650 bilhões de dólares no setor, falhou – algo que já fora reconhecido, afirma Golts, pelo próprio presidente Wladimir Putin. Um dos motivos foi a incapacidades dos produtores russos desenvolverem componentes com qualidade[1]. Além disso, o fracasso do míssil Bulava, em 2009, projetado para ser disparado por submarinos, consistiria em mais um argumento para o fracasso do desenvolvimento militar russo.
No âmbito político, Hedlund acredita que há uma interpretação equivocada sobre os problemas enfrentados pelo regime democrático russo – que, vale a pena ressaltar, possui pouco mais de 20 anos. Para o professor, definir o governo Putin como autocrático é um erro.
Em contraposição, Annelie Gregor, da “Universidade de Nova York”, acredita que a visão de Hedlund sobre o setor militar russo apresenta falhas ao desconsiderar progressos e acontecimentos significativos. Desde o fracasso do míssil Bulava, em 2009, a Rússia já fora bem sucedida em seis lançamentos de mísseis. Ademais, recentemente, ocorreu com sucesso o maior exercício militar da Rússia desde o término da “União Soviética”.
De acordo com Gregor, “o exercício, que visou melhorar a prontidão para o combate de soldados e equipamentos russos, envolveu mais de 160 mil soldados, 5.000 veículos blindados, 130 aviões, 70 navios de guerra e diversos exercícios de reabastecimento aéreo. Alguém poderia argumentar que um exercício de escala tão grande está longe da desmilitarização”[2].
Para Hedlund, por sua vez, o maior problema consiste na sustentação de um orçamento anual de defesa de cerca de 7,1 bilhões de dólares que o Governo sueco deverá realizar com sua população, ainda mais em tempos de crise[1]. Em resposta, Gregor afirma que estes gastos tornam-se cada vez mais necessários e, consequentemente, justificáveis, tendo em vista o crescimento militar russo[2].
Para o Primeiro-Ministro da Suécia, Fredrik Reinfeldt, a Rússia não estaria se preparando para atacar o seu país, uma vez que suas preocupações encontram-se em outras regiões. Segundo Reinfeld, “Os militares russos não tem nem a vontade nem a capacidade para atacar o território sueco”[3].
Deve-se destacar que os debates sobre um eventual ataque russo tiveram início após o “Comandante-Chefe da Försvarsmakten” (“Forças Armadas da Suécia”), Sverker Göransson, ter afirmado, em janeiro deste ano (2013), que o país teria capacidade militar de se defender por somente uma semana[3].
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Imagem (Fonte):
http://www.racketlon.net/sites/default/files/Sweden_flag_grunge_wallpaper_by_The_proffesional.jpg
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Fontes consultadas:
[1] Ver:
http://www.thelocal.se/49688/20130816/
[2] Ver:
http://www.thelocal.se/49730/20130820/
[3] Ver:
http://www.thelocal.se/47874/20130514/