A política externa russa sempre considerou o Oriente Médio como um espaço de interesse com alta relevância para seus objetivos geopolíticos. Em consequência disto, uma série de medidas e campanhas militares foram empreendidas pelo país…
Uma série de protestos vêm ocorrendo no
Iraque desde princípios do mês de outubro. Em manifestações marcadas por
intensos confrontos com as forças de segurança iraquianas, a população tem
exigido do governo o cumprimento de uma série de promessas de campanha.
No poder desde 2018, a atual gestão do
Parlamento havia prometido implementar medidas para diminuir o abismo entre
pobres e ricos, bem como implementar uma série de medidas para combater a
corrupção no país.
Rapidamente os protestos ganharam adesão
por todo o país, sobretudo entre jovens. Em meio ao processo de recuperação dos
impactos produzidos pelo combate com o Estado Islâmico (EI), o Iraque enfrenta
uma série de novos desafios.
Após a invasão pela coalizão liderada
pelos Estados Unidos em 2003 e a subsequente queda do regime do partido Ba’ath,
então liderado por Saddam Hussein, o Iraque atravessou distintos modelos de
governos. Com o passar dos anos, as alternativas democráticas apresentadas
falharam em resolver problemas estruturais e melhorar as condições sociais no
país.
Campanha desenvolvida pelo Observatório Iraquiano de Direitos Humanos contra a violência policial, expondo o slogan Não Atire em Mim (#DontShootMe/#لاترميني) – Página do Observatório de Direitos Humanos do Iraque no Twitter
Apesar da violência, os protestos
demoraram a arrefecer, era comum identificar as pessoas que dissessem que “não
havia mais nada a perder”. A renúncia do
governador de Bagdá, Falah al-Gazairy, também não desmotivou as mobilizações. As marcas da violência geraram reações de distintos grupos da
oposição que acusam o governo de promover ataques à população e podem gerar
feridas difíceis de sanar em um futuro próximo.
Estes protestos são representativos do
caminho que trilha o Iraque em seu processo de reconstrução. Para além dos
conflitos e ameaças de grupos infra-estatais, a reestruturação e o diálogo com
a sociedade representam o real desafio a ser enfrentado pelo governo no país.
Imagem 2 “Campanha desenvolvida pelo Observatório Iraquiano de Direitos Humanos contra a violência policial, expondo o slogan Não Atire em Mim(#DontShootMe/#لاترميني) – Página do Observatório de Direitos Humanos do Iraque no Twitter” (Fonte): https://twitter.com/IraqHumanRights/status/1186336075624652800
Em 19 de agosto de 2019, o Afeganistão
comemorou os 100 anos de independência do país, da Inglaterra, de quem foi
território colonial. Nesta data, entretanto, o Estado permanece sob intervenção
dos Estados Unidos, que ocuparam com suas tropas o território nacional em
setembro de 2001, há quase duas décadas.
Combatentes anti-Talibãn observando o bombardeio americano dos santuários das cavernas da organização terrorista al-Qaeda nas montanhas de Tora Bora, no Afeganistão, em 16 de dezembro de 2001
O uso da força pelos EUA, Reino Unido e
pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) sobre o país, cuja
legalidade é matéria de controvérsia, foi motivado pelos ataques de 11 de setembro em solo
americano. A responsabilidade pelos ataques foi associada à facção Al Qaeda, então abrigada pelo grupo
político e religioso que dominava o Afeganistão à época, o Talibãn, ainda dominante na atualidade, como força opositora ao
governo e à presença americana no país.
A derrota do Talibãn pela coalisão
EUA-Reino Unido foi apoiada pelas Nações Unidas, e materializou-se na posse de
governo interino e na deflagração de um processo de restabelecimento das
instituições democráticas no país. As eleições para Presidente, em 2004,
vencida por Hamid Karzai, a adoção de uma Constituição e, em seguida, as eleições
para o Parlamento demarcaram este novo momento.
Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se encontra na Casa Branca com o presidente Hamid Karzai do Afeganistão e presidente Asif Ali Zardari do Paquistão, maio de 2009
Com o passar do tempo, contrariando a
tendência à estabilização do estado de paz, o Talibãn retornou ao cenário político, como forças insurgentes de
oposição. Estas circunstâncias levaram à permanência das tropas estrangeiras no
país – ao menos até 2014, quando a OTAN e o Reino Unido retiraram-se, restando
os norte-americanos.
O governo Trump, que se encerra em 2020,
em um ano, anunciou recentemente a intenção de cumprir promessa de campanha,
que é retirar as tropas americanas do Afeganistão. Esta iniciativa é também
motivada por uma tentativa de acordo de paz em negociação entre o governo afegão
e o Talibãn, o qual exige que a
retirada se conclua.
A saída dos EUA do país, no entanto,
suscita preocupação de grupos de defesa dos direitos humanos, como as
feministas. Dados
publicados pela imprensa americana indicam que, atualmente, 3,5 milhões de
meninas e mulheres frequentam o ensino primário e secundário, que 100.000
mulheres estão registradas em universidades e que o Parlamento é composto por
20% de mulheres. Sob o governo Talibãn,
as mulheres eram suprimidas em seus direitos humanos, como o acesso à educação,
saúde, a liberdades – como de caminhar
nas ruas desacompanhadas de homens, e de trabalhar. A nova conformação política,
em que os Talibãns ganharão poder,
assusta os defensores da democracia e dos direitos humanos.
Imagem 2 “Combatentes anti–Talibãn observando o bombardeio americano dos santuários das cavernas da organização terrorista al–Qaeda nas montanhas de Tora Bora, no Afeganistão, em 16 de dezembro de 2001” (Fonte): https://www.britannica.com/event/Afghanistan-War/media/1/1686268/75175
O Estreito de Hormuz, faixa oceânica entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã, tornou-se tema de acaloradas discussões nos últimos meses. Especificamente nas últimas semanas, os Estados Unidos apresentaram a proposta de aumentar…
De acordo com veículos midiáticos, como o
Jerusalem Post, os ataques tiveram como principal alvo posições onde
encontravam-se emissários militares e possivelmente armamento iraniano.
A ação reverberou e produziu uma série de
reações de surpresa no país, principalmente devido ao silêncio de Bagdá sobre
os incidentes. Até o dia 8 de agosto, o governo iraquiano não havia emitido uma
posição sobre o ocorrido.
Frente ao silêncio do governo do país, um
grupo significativo de parlamentares iraquianos vêm cobrando uma posição. Eles rememoram
declarações do atual Primeiro-Ministro do país, Adel Abdul-Mahdi, que, frente a
questionamentos, afirmou categoricamente que o Iraque não se tornaria uma base
para realizar ataques ao Irã. Também foram vistas com surpresas declarações
recentes do embaixador iraquiano para os Estados Unidos, que afirmou existirem
“razões
objetivas para buscar uma normalização das relações com Israel”.
O primeiro-ministro iraquiano Adil Abdul-Mahdi em discurso
As acusações que recaem sobre o governo
variam de uma exposição do país frente a um complexo conflito até a colaboração
com Israel, identificado com histórico adversário dos interesses iraquianos.
Mísseis Fateh 110, de fabricação iraniana, sendo disparados
Os armamentos seriam respectivamente dos
modelos Zelzal, Fateh-110 e Zolfaqar, cujo raio de alcance varia entre 200 e
700 quilômetros, colocando, portando, cidades como Tel Aviv no seu raio de
alcance, se disparados de território iraquiano.
Ainda assim, uma investida militar
representa uma mudança na trajetória das relações entre os países que causa
espanto à maioria dos observadores. O Iraque, apesar de haver repetidamente
conclamado sua neutralidade, é
reconhecido como um aliado dos Estados Unidos na região.
Após perder controle sobre a cidade de Mossul em 2017, o grupo conhecido como Estado Islâmico (EI, ou ISIS na sigla em inglês para Islamic State in Iraq and Syria) passou a sofrer recorrentes derrotas militares. O grupo, que possuiu em seu auge um notável poderio, alcançando uma série de vitórias militares e um extenso território físico sob seu controle, passou a ser perseguido. Derrota atrás de derrota, cada vez mais combatentes do EI têm sido mortos ou detidos.
O ISIS foi reconhecido pelo uso feito de um complexo sistema de propaganda. Os vídeos com prisioneiros usando vestes laranja rodaram o mundo expondo a capacidade de comunicação da organização, que contava também com uma revista eletrônica.
A propaganda estimulou a presença de estrangeiros, nascidos e criados fora do Oriente Médio, a compor as colunas da organização. De acordo com o ISIS, e também pelo estimado por estudos conduzidos pelas Nações Unidas, o autoproclamado califado chegou a possuir mais de 40 mil combatentes estrangeiros no Iraque e na Síria. Atualmente, estes combatentes se converteram em um entrave diplomático, em vários níveis.
Após esta série de derrotas, muitos morreram e outros foram presos. Os detidos têm sido distribuídos por prisões no Iraque e na Síria. Também os campos de refugiados estão povoados de mulheres que vieram aderir à causa do ISIS, ou crianças resultantes de uniões entre estrangeiras e combatentes da organização.
Grupo de combatentes do Estado Islâmico, que se entregaram às Forças de Segurança do Afeganistão, após serem derrotados pelo Talibã na cidade da Darzab, Afeganistão, em 2018
Estes prisioneiros tornaram-se um problema e risco de segurança. Provenientes de 46 países ao redor do mundo, não é desejo dos governos locais mantê-los presos em uma única unidade, com temor de uma provável rearticulação por parte do Estado Islâmico.
Entre os dias 20 e 22 de junho, o mundo acompanhou com certa tensão o aumento na complexidade da relação entre Estados Unidos e Irã. Em um comunicado, a Guarda Revolucionária do Irã anunciou haver…
O Knesset, Parlamento de Israel, possui um ciclo de mandato de 4 anos e, hoje, busca renovar a presença de atores da sociedade dentro da principal estrutura política do país. Entretanto, segundo seu regulamente interno, é possível dissolver o Parlamento, adiantando o período de eleições. Para tanto, o Primeiro-Ministro ou o Presidente do país devem invocar tal medida, necessitando ser apoiado pela maioria da casa.
Em dezembro de 2018, o premier Benjamin Netanyahu entrou com pedido para a dissolução do 20o Knesset, solicitando, portanto, a antecipação das eleições do país. O processo eleitoral, que deveria ocorrer idealmente em outubro de 2019, foi abreviado para 9 de abril passado.
As escolhas que levaram à tomada desta medida não foram totalmente esclarecidas pelo Premier ou pelo Likud, partido do qual ele faz parte, entretanto, analistas do processo em Israel apontam alguns motivos. O partido possuía uma maioria bastante exígua, que era marcada por somente um voto a mais, totalizando 61 parlamentares na casa com 120.
Também se via ameaçado por dois fatores. O primeiro era a ascensão da coalizão Azul e Branco. A nova legenda apresentou como novidade o General reformado das Forças de Defesa de Israel, Benjamin Gantz, principal adversário de Netanyahu na disputa pelo comando do Parlamento. Em segundo lugar, o julgamento de corrupção que é movido contra Netanyahu.
Apesar de aumentar sua presença no Parlamento, o Likud não provou ser capaz de produzir a maioria necessária para apontar o próximo Primeiro-Ministro*. Em casos extremos, quando não é possível alcançar o consenso, o Presidente ou Primeiro-Ministro do país podem pedir uma moção para realizar novas eleições.
Benny Gantz, discursa como Membro do Knesset eleito
Frente à possibilidade de ver seu adversário apresentar uma alternativa de composição, Netanyahu colocou em votação nova dissolução do Parlamento. No dia 30 de maio, o 21o Knesset aprovou sua própria dissolução.
Tal ação não significa um vácuo de poder. Como aconteceu desde dezembro do ano passado (2018), a Lei Básica de Israel determina que seja mantido um governo provisório, encarregado da manutenção do Estado e da promoção de novas eleições. Netanyahu permanece na posição de Primeiro-Ministro, bem como os parlamentares eleitos, que cumprirão funções administrativas sem votar leis. Para Amir Fuchs, diretor do Instituto Defendendo os Valores Democráticos do Programa de Israel, 2019 será “um ano perdido” para o país.
O Plenário do Knesset vazio, em Tel Aviv
Entretanto, com as eleições sendo previstas para ocorrerem em setembro próximo, até a formação de novo gabinete Israel terá permanecido quase um ano sob o comando de um governo provisório. Decisões importantes, como a nova legislação para assentamentos na Cisjordânia, matérias econômicas ou mesmo o orçamento de 2020 não poderão ser votadas até a posse do novo Knesset.
A decisão coloca o país em um estado de virtual paralisia até as eleições. Em uma tentativa de amortizar estes efeitos, há rumores de que o Likud e a coalizão Azul Branco buscariam um acordo, o que foi negado por ambos. Quanto à validade da manobra, as opiniões são divergentes.
O encontro acontece em um momento em que
vários desafios se apresentam para a região, como decidir a política de
segurança frente às mudanças no posicionamento de países como a Turquia e o
Irã. Também marca dois anos de um grande problema que é o embargo ao Qatar.
Quando o grupo conhecido como o Quarteto
(Arábia Saudita, Barein, Emirados Árabes Unidos e Egito) anunciou o embargo, a
situação parecia complicada para o governo em Doha. Um dos menores países da
região, apesar de extremamente rico, via-se alijado de aliados próximos.
Entretanto, enfrentando a pressão
política de seus vizinhos, o Qatar mostrou uma resiliência que não era esperada
e saiu fortalecido. Para tanto, necessitou buscar uma série de políticas
próprias, bem como encontrou maiores similitudes com novos aliados.
Doha e Teerã têm experimentado o período
de maior entendimento diplomático em sua história, com reabertura de embaixadas
e voos regulares, por exemplo. Entretanto, para além da renovada simpatia com o
país dos aiatolás, uma posição mais independente e crítica à política saudita
mostrou-se determinante.
O Rei Salman bin Abdulaziz al Saudi, presidindo a mesa de abertura no encontro do Conselho dos Países do Golfo
Os sauditas se pronunciaram condenando o
posicionamento dos vizinhos. Ao sediar uma conferência na Cidade Sagrada,
esperavam encontrar mais coesão nas posições do grupo.
Imagem 2 “O Rei Salman bin Abdulaziz al Saudi, presidindo a mesa de abertura no encontro do Conselho dos Países do Golfo” (Fonte – Twitter do ministro das Relações Exteriores Saudita, Adel al-Jubeir): https://twitter.com/AdelAljubeir/status/1134672364199993344
Os Estados Unidos buscam aplicar as sanções e pressionar o Irã para a negociação de um acordo nuclear mais restrito do que o anteriormente assinado no marco do Plano de Ação Conjunto e Abrangente (Joint…