A inauguração do gasoduto “Poder da Sibéria” foi um marco nas relações bilaterais entre Rússia e China, em tempos de sanções do ocidente contra ambos os países. Em uma empreitada de cooperação sem precedentes, Moscou…
Percorrendo
incríveis 8.111 quilômetros de extensão (3.000 km na Rússia, e 5.111 km na China) e
com capacidade de exportação de 38 bilhões de metros cúbicos de gás por ano,
Vladimir Putin e Xi Jinping celebraram a cerimônia de lançamento do gasoduto
Poder da Sibéria (Power of Siberian) durante videoconferência na segunda-feira
(2 de dezembro de 2019). A parceria entre Gazprom e China National Petroleum
Corporation (CNPC) é descrita como “um prodígio da infraestrutura energética – e
da engenharia política”.
Marcando o septuagésimo aniversário das
relações diplomáticas entre Rússia e China, o funcionamento do gasoduto ocorre
num momento em que as duas nações enfrentam sanções impostas pelas potências
ocidentais. A República Popular da China tem
buscado alternativas ao carvão devido a problemas de poluição do ar e
emissão excessiva de carbono, ao mesmo tempo em que a Rússia tenta mitigar os
impactos das restrições
financeiras advindas do impasse sobre a Crimeia em 2014.
No mês de novembro de 2019, o preço do
barril de petróleo Brent* demonstrou uma acentuada volatilidade no mercado
mundial, com picos que chegaram aos 5,64% na alta (US$ 64,05 p/ barril**) e
5,15% na baixa, fechando o período com o valor do barril em torno de US$ 60,75***.
É evidente que um ativo financeiro como o petróleo seja submetido a oscilações
de preço e, como é de conhecimento geral, nesse ativo existem fortes
correlações com investimentos de âmbito internacional, levando a uma flutuação
de preços de forma direta ou indireta.
Preço barril de petróleo Brent – Novembro 2019
Fatores como a produção, determinada pela
OPEP**** (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), certamente são
indicadores muito acompanhados pela maioria dos grandes investidores a nível
mundial, e isso determinará se o preço do barril irá subir ou descer.
Arábia Saudita e Rússia, que são os
maiores produtores de petróleo dentro e fora da OPEP, respectivamente,
assumiram em dezembro de 2018 a responsabilidade pela estabilidade do mercado
global de petróleo, elaborando acordos para a estruturação de mecanismos de
regulação de preços, e que, juntamente com os demais países participantes do
bloco, definiram os montantes que cada um deveria produzir para que o equilíbrio
fosse respeitado.
O pacto de redução da produção previa o
corte de 1,2 milhão de barris por dia (bpd) em relação aos níveis de outubro de
2018, dos quais 800 mil barris seriam de responsabilidade de membros do cartel
(OPEP) e os 400 mil barris restantes seriam de responsabilidade de países
aliados (10 principais países exportadores não
pertencentes ao cartel, liderados pela Rússia). De acordo com o pacto
global, a Federação Russa (terceiro maior
produtor de petróleo do mundo e maior exportadora fora da OPEP) deveria
controlar seus níveis de produção em torno dos 11,17 milhões de bpd, o que,
atualmente, transcorre em torno dos 11,23 milhões bpd (produção de outubro de
2019), ultrapassando o acordo firmado em 60 mil bpd.
Sede da OPEP em Viena, Áustria
O presidente russo Vladimir Putin declarou
que tem um “objetivo comum” com a
OPEP em manter o mercado de petróleo equilibrado e previsível, mas, certamente,
deverá rever seu excedente produtivo quando se reunir com o grupo e seus
aliados, em 5 de dezembro, em Viena, capital da Áustria, onde o grupo terá que
decidir se deve ou não aprofundar seus atuais cortes de produção para manter o
mercado equilibrado diante do que se espera ser mais um ano lento de
crescimento da demanda.
Apesar das restrições produtivas, a
Rússia tem uma vantagem financeira sobre a Arábia Saudita, pois, pela primeira
vez em oito anos, o estoque total de dinheiro, ouro e
outros títulos do Banco daRússia,
está prestes a superar as reservas da Arábia Saudita,
destacando a vantagem do Kremlin nas negociações entre grandes produtores de
petróleo sobre o volume de corte da produção.
Enquanto a Arábia Saudita tem drenado
suas reservas para cobrir gastos sociais em meio aos baixos preços do petróleo,
a Rússia reforçou seu orçamento e está gerando superávits em meio a temores de
novas sanções. Como a Rússia tem cada vez
mais poder de decisão nas discussões com a Organização dos Países
Exportadores de Petróleo, a vantagem financeira é o mais recente sinal da
mudança da sorte entre grandes produtores.
A mudança do equilíbrio
de poder no mundo do petróleo começa a ficar evidente em um novo indicador: as
reservas de Bancos Centrais.
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Nota:
* O petróleo Brent foi batizado assim porque era extraído de uma base da
Shell com o mesmo nome. Atualmente a palavra Brent designa todo o petróleo
extraído no Mar do Norte e comercializado na Bolsa de Londres. A cotação Brent
é referência para os mercados europeu e asiático.
** Aproximadamente, 271,28 reais, conforme a cotação de 29 de novembro de
2019.
*** Em torno de 257,3 reais, também de acordo com a cotação de 29 de
novembro de 2019.
**** Criada em 14 de setembro de 1960, a Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (OPEP) é uma organização intergovernamental, que tem
como objetivo a centralização da elaboração das políticas sobre produção e
venda do petróleo dos países integrantes (Angola, Argélia, Arábia Saudita,
Catar, Emirados Árabes Unidos, Equador, Gabão, Indonésia, Iraque, Irã, Kuwait,
Líbia, Nigéria e Venezuela).
Considerada como um mercado estratégico global, a Federação Russa está vendo seus níveis de investimentos estrangeiros se elevarem mesmo sendo alvo de várias sanções internacionais nos últimos anos e, segundo o último relatório da empresa…
A Semana Russa
de Energia (Russian Energy Week) aconteceu entre os dias 5 e 9 de Outubro de
2019, em Moscou, e contou com número recorde de participantes. De acordo com Caspian News, o evento reuniu mais de 10.000
representantes de 200 companhias e 80 países, e uma série de acordos foram firmados.
O fórum
internacional foi organizado pelo Ministério da Energia da Federação Russa
e a Fundação Roscongress, com apoio do Governo de Moscou. O carro-chefe entre
os mais de 70 eventos apresentados foi o painel “Parcerias de Energia para o Crescimento Sustentável”, presidido
pelo presidente Vladimir Putin. Em seu discurso, no dia de abertura do fórum,
Putin destacou o importante
papel da Rússia nas cadeias de distribuição de energia no mercado global e
salientou a preocupação compartilhada dos participantes em “cooperar e construir confiança” e “aplicar
todos os meios possíveis para equilibrar as necessidades do mercado”,
com interesses coletivos, como a segurança energética e o meio ambiente.
Principais fornecedores de gás natural para a Europa entre 2010-2017
Putin na Reunião Plenária da Semana Russa de Energia
Todos estes fatores e a crescente demanda
do mundo desenvolvido por energias renováveis reforçam o importante papel da
Rússia nesse setor. Durante o evento, o presidente Putin disse que continuará a
abordar o comércio de energia com a Europa de maneira profissional, contudo,
enfatizou que o país levará seus negócios para outros mercados caso a Europa
siga “mantendo
a energia refém de diferenças políticas”.
Imagem 2 “Principais fornecedores de gás natural para a Europa entre 2010–2017” (Fonte – U.S. Energy Information Administration – Europe natural gas supply composition / 2010–2017, Public Domain): https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=73862747
Quando a União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) teve seu fim decretado, em 1991, o
extinto Estado deixou um saldo da dívida externa em torno dos US$ 70 bilhões
(aproximadamente R$ 286,30 bilhões*), acumulados principalmente no período da
Perestroika** (1985-1991), quando o Governo tentou implementar políticas
econômicas para estabilização nacional, que, no fim, se apresentaram falhas em
seu objetivo e deixariam um legado de dívidas para o novo país que despontava.
Logotipo do Clube de Paris
Em 2006, após anos de
rigorosa escalada de políticas econômicas do governo de Vladimir Putin, a
Federação Russa concluiu o pagamento, de forma antecipada, de toda a dívida
soviética junto ao Clube de Paris, grupo integrado por 19 países credores e que
deixariam registrado como o maior recebimento da
história da instituição, quando, em
uma única parcela, receberia do país devedor o montante de US$ 22 bilhões
(aproximadamente R$ 89,98 bilhões*).
Desde então, a Rússia
vem se empenhando em tomar medidas econômicas restritivas no intuito de
garantir estabilidade financeira em detrimento aos percalços que poderiam se
apresentar. As sanções internacionais promovidas contra si devido à
reintegração da Crimeia, a queda dos preços de petróleo no mercado mundial e a
incerteza sobre as perspectivas de crescimento da economia global relatadas
pelo Banco Central russo, fizeram com que o Kremlin iniciasse um processo de
acumulação de reservas, como instrumento de proteção internacional.
Segundo fontes jornalísticas, o resultado dessa rigorosa política financeira
ocasionou uma enorme queda da dívida pública líquida do país e as estatísticas
mostram que as autoridades financeiras da Rússia podem efetuar pagamento de
todos os seus débitos utilizando, apenas, dos depósitos do Banco Central e de
Bancos comerciais.
Histórico (%) da dívida pública russa em relação ao PIB (1999 – 2017)
Em 1o de
agosto (2019), a dívida total da Rússia, que inclui as externas e internas, era
de 16,2 trilhões de rublos (aproximadamente 1,04 trilhão de reais***), ou cerca
de 15% do PIB (Produto Interno Bruto). Isto representa um pouco menos do que o
total dos depósitos no Banco Central e nos Bancos comerciais, de 17,6 trilhões
de rublos (aproximadamente 1,13 trilhão de reais***).
Um fato interessante
nesse processo de absorção de dívidas é que a Federação Russa está indo na
contramão das operações realizadas no resto do mundo, não só pelas barreiras
econômicas que enfrenta devido às sanções impostas pela comunidade
internacional, mas, também, pela austera política econômico-financeira que vem adotando.
Logotipo do Institute of International Finance
Desde 2008, várias
economias mundiais, ao lidar com a crise global, tiveram que contrair dívidas
em forma de empréstimos adicionais no intuito de evitar recessões internas.
Isso desencadeou um recorde no montante acumulado, onde todos os setores da
economia, como famílias, governos, instituições financeiras e companhias não
financeiras, apresentaram uma elevação de US$ 70 trilhões (aproximadamente R$
286,3 trilhões*), no final de 2006, para um nível sem precedentes uma década
depois, em torno de US$ 215 trilhões (aproximadamente R$ 879,35 trilhões*),
alcançando 325% do PIB mundial, segundo dados apresentados do Institute of
International Finance.
Posto isso, no intuito
de atingir a estabilidade macroeconômica, o Banco Central (BC) russo começou a
elaborar uma forte estratégia de desdolarização, com um processo de redução dos
títulos da dívida pública dos EUA, e, paralelamente, vem se concentrando na
compra de ouro, sendo que, no início de junho (2019), o BC
russo anunciou que as reservas cambiais e de ouro do país atingiram
aproximadamente o equivalente a US$ 502,7 bilhões (aproximadamente R$ 2,06
trilhões*).
A política financeira
russa, no entanto, tem também consequências negativas, segundo os economistas.
A decisão de poupar dinheiro e não o empregar para impulsionar o crescimento
econômico leva à estagnação contínua, além de que o governo teve que cortar
benefícios sociais e aumentar impostos, o que afetou a popularidade dessa
política. De acordo com as atuais perspectivas, provavelmente, a Rússia está
esperando a redução das receitas e a desaceleração da economia global.
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Notas:
* Cotação de 11/10/2019 (USD 1 = BRL 4,09).
** Durante o governo de Mikhail Gorbachev, em 1985, foi introduzida a Perestroika, uma reestruturação
política da URSS
(União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), que, juntamente com a
Glasnost (transparência), tinha o objetivo de reorganizar setores da sociedade
soviética. No sentido literal, Perestroika tem o significado de reconstrução.
Introduzida na URSS no XXVII Congresso do Partido Comunista, afetou
profundamente os rumos do país, além de ter criado uma nova forma de política
soviética. Gorbachev, então Secretário Geral do Partido, ao perceber que o
setor econômico da nação estava a caminho de um declínio, adotou medidas
reformadoras que seriam concluídas quando as ações da Perestroika chegassem ao
seu fim. Entre as principais medidas que deveriam ser tomadas no processo,
estava a redução na quantidade de dinheiro investido no setor de Defesa. Para
realizar esta tarefa, Gorbachev indicou que a URSS precisava iniciar a
desocupação do território afegão, renegociar a redução de armamentos definida
com os EUA nos acordos de Yalta, além de parar a interferência na política em
outras nações comunistas.
De acordo com a agência Bloomberg*, a Federação Russa está prestes a se colocar na quarta posição global entre os maiores detentores de moeda, ouro e outros títulos, devido a um constante processo de limitações…
China e Rússia fecharam acordos no valor
de 20 bilhões de dólares (77,5 bilhões de reais, de acordo com a cotação do dia
7 de junho de 2019) para fortalecer os laços econômicos em setores como
tecnologia e energia, logo após o encontro entre o presidente chinês Xi Jinping
e o presidente russo Vladimir Putin, informa
o jornal South China Morning Post.
A reunião entre os dois Chefes de Estado
ocorreu na quarta-feira (5 de junho de 2019) e marcou a visita de três dias de
Xi Jinping ao território russo para as comemorações do 70º aniversário do
estabelecimento de relações diplomáticas entre Moscou e Pequim. Durante o
encontro, os Presidentes expressaram
o desejo de aumentar a cooperação entre os seus países.
Na quinta-feira (10 de junho de 2019),
Gao Feng, Porta-Voz do Ministério de Comércio da China, afirmou
que os dois países objetivam aumentar o volume de comércio entre si, a fim de
alcançar o patamar de 200 bilhões de dólares (775 bilhões de reais, ainda de
acordo com a cotação do dia 7 de junho de 2019). No ano passado (2018), houve
um aumento de 24,5% no fluxo de comércio bilateral, atingindo o valor recorde
de 108 bilhões de dólares (419 bilhões de reais, também segundo a cotação do
dia 7 de junho de 2019). Gao apontou
que os acordos celebrados abrangem as áreas de energia nuclear, gás natural,
automóveis, desenvolvimento de alta tecnologia, comércio eletrônico e
comunicações 5G.
Os acordos foram os primeiros resultados
concretos oriundos da proximidade entre os dois líderes, que concordaram
aprofundar sua parceria estratégica. Putin anunciou
durante uma coletiva de imprensa com Xi, na quarta-feira (5 de junho de 2019): “Nós discutimos o estado atual e as
perspectivas da cooperação bilateral de forma construtiva e voltada para negócios,
e revisamos, de maneira substantiva, importantes questões internacionais, ao
mesmo tempo que nos voltamos para a cooperação russo-chinesa em áreas que são
realmente importantes para ambos os países”.
O Mandatário chinês reiterou
que ambos os Estados vão trabalhar para “construir
apoio e assistência mútuas em questões relativas aos nossos principais
interesses com o espírito de inovação, cooperação pelo bem da vantagem comum, e
promoção de nossas relações na nova era para o benefício de nossas nações e dos
povos do mundo”.
Entre os acordos realizados, a Novatek e
a Sinopec, as duas principais companhias de gás natural da Rússia e da China,
respectivamente, assinaram
um acordo preliminar com o Banco estatal russo, Gazprombank, na quarta-feira (5
de junho), para estabelecer uma joint venture para comercializar gás no
território chinês. A Novatek também está formando
uma parceria com a Corporação Nacional de Petróleo da China e a Corporação
Nacional de Petróleo Offshore da China para desenvolver uma usina de gás
natural no Ártico. Ambas as empresas chinesas serão detentoras de 10% das ações
do projeto.
Uma das sedes da companhia de gás natural, Novatek, em Kostroma, na Rússia
Andrey Denisov, embaixador russo na
China, declarou
que o país também pretende dobrar as exportações de soja para os chineses,
pois, atualmente, a Rússia detém uma pequena proporção da quantidade total de
soja comprada por Pequim. Os dois lados também discutiram um investimento
de 153 milhões de dólares (593 milhões de reais ainda, segundo a cotação do dia
7 de junho de 2019) para criar uma holding agrícola conjunta em
Primorsky, localizada no leste da Rússia.
A companhia chinesa de telecomunicações,
Huawei, também fechou
um acordo com a empresa russa de telecomunicações MTS, para desenvolver uma
rede de 5G. Além disso, a Corporação de Investimentos da China e o fundo
soberano russo RDIF também acordaram em criar um fundo
conjunto de pesquisa em tecnologia.
Shi Yinhong, professor de Relações
Internacionais na Universidade Renmin, da China, disse
que os dois lados estão reafirmando a sua colaboração estratégica e diplomática
“em uma época de tensões
extraordinárias entre Washington e Pequim”. E lembrou:
“Embora a cooperação [entre
a China e a Rússia] na área de alta tecnologia seja limitada, está garantida
no campo puramente militar”.Em
setembro de 2018, 300 mil soldados de ambos os países realizaram um exercício
militar conjunto na Sibéria oriental, o maior exercício militar na Rússia
em quase quatro décadas.
Logo após a cúpula do G20*, realizada em Buenos Aires, Argentina, no dia 1º de dezembro (2018), os dois países protagonistas da chamada “guerra comercial”, EUA e China, se reuniram para formalizar uma trégua em suas ações bilaterais, referentes à aumentos de tarifas onde o presidente norte-americano Donald Trump se comprometeu a não elevar as alíquotas de importação sobre 200 bilhões de dólares (cerca de R$ 772 bilhões) de produtos chineses, a partir de janeiro de 2019, enquanto seu homologo chinês, Xi Jinping, relatou que elevaria a compra de produtos dos EUA a partir desta data.
Logotipo do G20 – Argentina 2018
Para entender o que ocasionou essa ruptura nos acordos comerciais, deve-se retroceder à julho de 2018, quando as duas maiores economias do mundo entraram oficialmente numa disputa conflituosa em que os EUA impuseram um aumento de até 25% sobre as importações de inúmeros itens chineses, tendo como principais alvos produtos dos setores espacial, robótica, manufaturados e automobilístico, e como suposto objetivo a proteção dos empregos locais, bem como a extinção da transferência injusta de tecnologia e propriedade intelectual para a China. Os chineses, em retaliação ao ato, também impuseram elevações tarifárias entre 5% e 10% a cerca de 545 produtos norte-americanos, dentre eles, automóveis, soja, carne bovina e frutos do mar, num montante de cerca de 60 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 231 bilhões), além de reduzir drasticamente as importações de combustível dos EUA, sendo que, em outubro (2018), a importação de petróleo e gás natural liquefeito (GNL) chegou a praticamente zero, segundo dados da Administração Geral das Alfândegas da China.
Em contraponto a esse desbalanceamento sistêmico entre os dois países, a Federação Russa vem se beneficiando com a criação de oportunidades comerciais com a China, principalmente na área energética. A China importou mais de 3,5 milhões de toneladas de gás natural liquefeito dos EUA em 2017. Comparativamente, em 2018, as importações de GNL não chegaram a atingir 1 milhão de toneladas até agosto, frente a 2,1 milhões de toneladas no mesmo período de 2017. Ao mesmo tempo, Pequim aumentou as importações de gás russo em aproximadamente 17%, o que significa uma janela de oportunidade se abrindo para Moscou.
A potencialização dessa relação comercial só não é maior devido a questões tecnológicas e logísticas por parte da Rússia, pois, tradicionalmente, as exportações de gás russo são realizadas através de gasodutos, enquanto as importações chinesas se baseiam preferencialmente no GNL, o qual é transportado em tanques especiais alocados em navios. Até os gasodutos russos em direção ao Oriente estarem prontos, os exportadores concorrentes vão se beneficiar dessa defasagem técnica, tais como: a Austrália, com fornecimento para o mercado chinês em torno de 2,27 milhões de toneladas; o Qatar, com 960 mil toneladas; e a Malásia, com 496 mil toneladas (dados de outubro de 2018).
* Criado em 25 de setembro de 1999, como um fórum de ministros de finanças e presidentes de Bancos Centrais das principais economias do mundo, a partir da crise financeira internacional de 2008 visualizou-se a necessidade de gerar um novo consenso entre os altos funcionários do ranking. A partir de então, as cúpulas do G-20 também passaram a incluir reuniões em nível de Chefes de Estado e de Governo e a agenda temática foi ampliada. Atualmente, é o principal fórum internacional de cooperação econômica, financeira e política: trata dos principais desafios globais e busca gerar políticas públicas que os resolvam.
Consiste na União Europeia e mais 19 países: Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, África do Sul e Turquia.
No início de outubro (2018), o serviço de imprensa do Governo da Federação Russa anunciou o desenvolvimento de um plano para a diminuição da dependência econômica em relação ao dólar norte-americano. Tal projeto, no entanto,…