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As últimas semanas foram movimentadas para a chancelaria armênia. Desde que Karen Karapetyan, o novo Primeiro-Ministro armênio, terminou de compor sua equipe ministerial, há pouco mais de um mês, mais de dez missões de caráter diplomático, comercial ou financeiro de alto nível passaram por Yerevan, a capital da Armênia.
O novo Governo foi empossado no dia 13 de setembro de 2016, após uma série de agitações sociais que desestabilizaram o país nos últimos meses. Cravada ao sul da instável região do Cáucaso e com diversas pendências históricas com seus vizinhos, a Armênia é um aliado regional frequentemente cortejado pela União Europeia e pela Rússia.
Desde 1999, ela desenvolve uma relação econômica e diplomática fluida com a União Europeia, fortalecida pela sua inclusão na Política de Vizinhança Europeia (2004) e na Parceria Oriental (2009). Contudo, seu alinhamento geopolítico tradicionalmente é baseado mais na dependência de Moscou do que na relação com o Ocidente, fato corroborado por um acordo bilateral que garante a permanência de uma base militar russa em território armênio até 2044, além da opção de Yerevan de não assinar o Acordo de Associação com a União Europeia, em 2013, e unir-se em 2015 à União Econômica da Eurásia, liderada pela Federação Russa.
A despeito da tradicional inclinação pró-Moscou, a recente troca do Primeiro-Ministro fomentou uma “blitz” diplomática europeia sobre o país. Altos representantes governamentais da Itália, Grécia, França, União Europeia (UE), Bélgica e Eslováquia (que atualmente exerce a Presidência Rotativa da UE) estiveram entre as autoridades que visitaram Yerevan nas últimas três semanas.
A pauta comum que esses atores apresentaram foi o fomento às relações comerciais e econômicas por meio de investimentos e cooperação em áreas capazes de alavancar a economia local. Informações que soam muito bem para um país que tem passado por um momento econômico desfavorável nos últimos anos.
Itália e França abordaram também os trabalhos realizados no âmbito do Grupo de Minsk sobre o conflito de Nagorno Karabakh, enclave disputado entre Armênia e Azerbaijão desde 1988. Como essa é uma das pautas internacionais mais latentes para os armênios, cuja mediação é gerida basicamente pelos europeus, ela pode vir a constituir-se como um elemento interessante para atrair a atenção do Governo.
Eslováquia e Bélgica, além do próprio chefe da delegação da UE no país, passaram a mensagem de que a Europa está aberta para aprofundar seus laços com aquele Estado. As ações desenvolvidas no âmbito da Política de Vizinhança Europeia reservaram-no até 170 milhões de euros para o período de 2014 a 2017. A UE já colocou no horizonte de negociação a renovação destas ações para o período de 2017 a 2020. Karapetyan respondeu à esta abordagem destacando os trabalhos000 realizados no âmbito da iniciativa “Parceria Oriental”, também desenvolvida com a UE, e reforçando o interesse de aprofundar a cooperação para fortalecer as reformas econômica e democrática, os direitos humanos e a governança na Armênia.
A intensa abordagem Europeia, no entanto, dividiu espaço com uma marcante presença diplomática e comercial russa. Nas últimas quatro semanas, Karapetyan participou de reuniões com o Ministro dos Transportes e o Embaixador da Rússia, além de um encontro bilateral com o seu homólogo russo, Dmitry Medvedev. Ele se encontrou ainda com empresários russos dos setores de transporte, gás, petróleo e geologia, sendo que nesta última área foi firmado um Memorando, no dia 24 de outubro de 2016, selando a cooperação entre os armênios e uma empresa russa.
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Imagem “Mapa da Armênia e arredores” (Fonte):
https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/am.html
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