A China não estabelecerá uma meta de crescimento para 2020, constituindo um acontecimento inédito. O primeiro-ministro Li Keqiang confirmou o fato no Congresso Nacional do Povo, em Pequim, na sexta-feira (22 de maio de 2020). A medida já era esperada por alguns observadores, com a economia se contraindo 6,8% no primeiro trimestre de 2020, sob enorme pressão da pandemia de coronavírus, informa o jornal South China Morning Post.
O relatório de trabalho do Congresso enfatizou: “Não estabelecemos a meta específica do produto interno bruto principalmente devido à pandemia global e às grandes incertezas na economia e no comércio”, acrescentando que a China estava enfrentando uma época “imprevisível”. O governo chinês, no entanto, estabeleceu uma meta de criar 9 milhões de novos empregos urbanos, em comparação com 11 milhões em 2019, e uma taxa de desemprego urbana avaliada em torno de 6%, em comparação com 5,5% em 2019. No ano passado (2019), a China gerou 13,52 milhões de novos empregos urbanos.
Pequim estabeleceu uma cota de títulos especiais de 3,75 trilhões de yuanes (aproximadamente 2,9 trilhões de reais, de acordo com a cotação do dia 22 de maio de 2020). Emitirá 1 trilhão de yuanes (aproximadamente 775,5 bilhões de reais) em títulos especiais do Tesouro, visando um déficit fiscal de 3,6%.

O relatório de trabalho também frisou: “Devemos deixar claro que os esforços para estabilizar o emprego, garantir os padrões de vida, eliminar a pobreza e prevenir e neutralizar os riscos devem ser sustentados pelo crescimento econômico; portanto, garantir um desempenho econômico estável é de importância crucial”.E continuou: “Precisamos perseguir a reforma e a abertura como um meio de estabilizar o emprego, garantir o bem-estar das pessoas, estimular o consumo, energizar o mercado e alcançar um crescimento estável. Precisamos abrir um novo caminho que nos permita responder efetivamente a choques e sustentar um ciclo de crescimento positivo”.
O vírus inicialmente interrompeu grandes setores da economia chinesa, prejudicando as cadeias de suprimentos e as exportações do país. Mas, agora fechou vários dos principais mercados da China, o que significa que a economia está enfrentando uma segunda onda de choque no desaparecimento da demanda por seus produtos no exterior. O Fundo Monetário Internacional (FMI) previu um crescimento de 1,2% da economia chinesa para 2020, após a paralisia causada pelo coronavírus. Isso seria um mínimo anual histórico, porém ainda é maior do que algumas previsões do setor privado.
Enquanto isso, a inflação ao consumidor disparou durante o segundo semestre de 2019 e no início de 2020, principalmente devido à escassez de carne de porco decorrente de um surto de peste suína africana, que causou a morte de mais de 100 milhões de porcos. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) chinês, que é o preço ponderado de uma cesta de mercadorias, subiu 5,2% em fevereiro de 2020, uma alta de oito anos. A taxa de inflação caiu, desde então, para 3,3% em abril de 2020, com os consumidores reduzindo os gastos após a pandemia de coronavírus, enfraquecendo as pressões sobre os preços.
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Fontes das Imagens:
Imagem 1 “Primeiro–Ministro da China, Li Keqiang, em Pequim” (Fonte):
Imagem 2 “Rua deserta em Wuhan, durante a quarentena por causa da pandemia de coronavírus, em janeiro de 2020” (Fonte):