Desde março de 2014, com a alegação da anexação ilegal da Crimeia e à desestabilização deliberada da Ucrânia, os Estados Unidos, juntamente com a União Europeia, vêm progressivamente adotando diferentes tipos de medidas restritivas à Rússia, no que se refere a processos diplomáticos, medidas restritivas individuais (congelamento de bens e restrições de viagem para agentes do governo e/ou ligados a empresas estatais), sanções econômicas que visam as trocas comerciais com a Rússia em determinados setores econômicos, e restrições à cooperação econômica no tocante à assinatura de novas operações de financiamento junto ao Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD).
Em agosto de 2017, com a promulgação da Lei de Contenção de Adversários da América Através de Sanções (CAATSA – Countering America’s Adversaries Through Sanctions Act) pelo presidente norte americano Donald Trump, a crise política entre os dois países se agravou à um nível não visto desde a Guerra Fria, pois daria início a um novo tipo de sanção, a qual estaria seletivamente dirigida contra nações que optarem por comprar armamento russo, um dos principais itens do comércio exterior do país, levando a considerações por parte de analistas internacionais na área de economia e defesa de se tratar de movimentos anti-hegemônicos provindos de um antigo inimigo da Rússia, em detrimento ao seu desenvolvimento político-econômico angariado no decorrer dos últimos anos, além de violarem os princípios do livre comércio, não criando a base para o desenvolvimento do mercado e da concorrência, contradizendo as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio).
Com o tempo, a aplicação das várias restrições contra a Federação Russa gerou um “efeito bumerangue”, primeiramente pela não intimidação por parte do país, em resposta ao seu reclamante, seguido pela assimilação de oportunidades adicionais para o desenvolvimento da indústria doméstica, a diversificação de produtos para exportação, além de causar um afluxo de capitais à Rússia provenientes de grandes fortunas que estavam em outros países e voltaram aos bancos russos triplicando a taxa de crescimento dos ativos em suas carteiras de negócios, segundo dados da Sberbank Private Banking, filial do maior banco russo, especializada em atender clientes com grandes fortunas.
As restrições norte-americanas, além de estarem aos poucos tendo um efeito decrescente contra a economia russa, devido à sua capacidade de blindagem adquirida com o tempo, está afetando indiretamente países do Bloco europeu que comercializam com a Rússia e estão perdendo negócios na casa dos bilhões de euros. A Alemanha é um dos principais descontentes com as restrições contra a Federação Russa, sobre o que a chanceler federal Angela Merkel já sinalizou como “desconcertante” o impacto restritivo sobre empresas de países terceiros.
Aos poucos, vão surgindo manifestações por parte de empresas e organizações políticas na Europa em favor de um cancelamento gradual ou até mesmo uma suspensão imediata e incondicional das restrições econômicas aplicadas à Rússia, considerando o país não como uma ameaça, mas como um parceiro econômico e comercial, além de um possível mediador estratégico para resolver crises regionais na Síria, na Líbia e no Iêmen.
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Fontes das Imagens:
Imagem 1 “Bandeiras da Rússia e União Europeia” (Fonte):
https://i.lb.ua/005/00/5abb617953386.jpeg
Imagem 2 “Sanções Russas” (Fonte):
Imagem 3 “Angela Merkel” (Fonte):