Desde a última semana, o Egito está em estado de emergência, passando pelo seu período civil mais sangrento em décadas. Pelo menos 900 pessoas, incluindo 100 soldados e policiais, morreram em atos de repressão à “Irmandade Muçulmana” e aos apoiadores do presidente retirado do poder, Mohamed Morsi. Em meio a este cenário conturbado, uma notícia que pode incitar ainda mais a rivalidade entre manifestantes e as “Forças de Segurança” foi anunciada: a soltura do ex-presidente Hosni Mubarak.
O escritório do primeiro-ministro Hazem el-Beblawi fez a declaração na última quarta-feira, dia 22 de agosto. Anunciou: “No contexto da lei de emergência, o vice-comandante militar emitiu uma ordem sob a qual Hosni Mubarak deve ser colocado em prisão domiciliar”[1].
Ano passado (2012), Mubarak foi sentenciado à prisão perpétua, sob a acusação de cumplicidade em mortes ocorridas durante as manifestações de 2011 e casos de corrupção. Porém, o Tribunal aceitou seu apelo no começo deste ano (2013) e ordenou um novo julgamento. A decisão judicial removeu as últimas bases legais que mantinham sua prisão em relação a um dos casos de corrupção. Ele continua sob acusação a respeito dos assassinatos, mas já cumpriu o tempo máximo de detenção pré-julgamento para este crime.
Mubarak governou o Egito autoritariamente por três décadas e renunciou após uma série de manifestações em janeiro e fevereiro de 2011. O ex-presidente está com 85 anos e com a saúde comprometida, o que provavelmente significa que não terá qualquer futuro na política do país. Mas muitos egípcios provavelmente irão entender sua liberação como parte de uma reabilitação da antiga ordem marcada pelo governo militar, que data de 1952.
No último dia 14 de agosto as “Forças de Segurança” invadiram dois acampamentos de apoiadores de Mohamed Morsi, o que deu início a uma escalada de violência em relação à população civil e gerou no Egito o período mais sangrento de toda a Revolução, iniciada há mais de dois anos. Os manifestantes em questão, apoiados pela “Irmandade Muçulmana”, alegam que a retirada de Mohamed Morsi – primeiro presidente eleito do país – foi um ato antidemocrático.
As autoridades declararam que sua briga com a “Irmandade Muçulmana”, a força política mais bem organizada no Egito, é uma luta contra o terrorismo. Ao longo da última semana, o atual governo realizou a prisão de uma série de membros do grupo, incluindo seu líder sênior, Mohamed Badie. Com 70 anos, Badie foi preso na última terça feira, acusado de incitar o assassinato de manifestantes. A prisão do líder da “Irmandade Muçulmana” também proporciona bases para uma revolta ainda maior da população que está apoiando Morsi, mantido sob custódia pelos militares em local secreto desde sua queda no dia 3 de julho deste ano.
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Foto (Fonte):
http://www.haaretz.com/news/
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Fontes consultadas:
[1] Ver: