Empresas inovadoras, algumas das quais oficialmente denominadas como “empresas sociais”, descobriram como aproveitar e atender as necessidades de comunidades carentes, vítimas de catástrofes ou devastadas pela guerra. Este modelo tem funcionado por mais de uma década em algumas indústrias.
Um exemplo se dá no Quênia, que tem sido atingido por quatro grandes secas na última década, cada uma resultando em crise humanitária. Os problemas climáticos continuam, mas o que mudou foi a resposta.
Em 2010, a UAP[2], uma seguradora regional, começou a oferecer políticas de micro-seguros caso a seca chegue matar o gado (sustento de muitas famílias quenianas). Para manter o plano rentável, a UAP trabalha para garantir que seus clientes de micro-seguros saibam como proteger seu gado e outros animais de doenças evitáveis.
Estas apólices de seguros são parte de uma tendência mais ampla na ação humanitária: modelos para fins lucrativos que beneficiam negócios e pessoas afetadas por crises. As empresas ganham quando os seus clientes prosperam ou, pelo menos, sobrevivem.
Operadores de redes móveis, como a Digicel[3], auxiliam os refugiados e as pessoas afetadas por desastres, muitas vezes dando aparelhos ou crédito telefônico para ganhar a lealdade à marca. Esses mecanismos ajudam essas empresas a conquistar novos clientes pagantes e a ajudar os refugiados a permanecerem em contato com a família.
Em alguns casos, como o micro-seguro, os modelos são destinados para produzir lucros, uma vez que atingem uma certa escala. Outros tentam construir uma marca em um determinado mercado, fazendo o bem e trabalhando para fazê-lo visível.
A Unilever[4], por exemplo, apoia a nutrição, a higiene e projetos de saneamento em Bangladesh, China, Quênia, Nigéria, além de outros lugares. Essas atividades salvam vidas, melhoram a saúde e ajudam a empresa a introduzir seus principais produtos a potenciais clientes em economias de rápido desenvolvimento.
As empresas menores também estão vendo o valor na reconstrução para os refugiados e para as pessoas afetadas por crises. Na Jordânia, a Save the Children[5] trabalhou com fabricantes locais para construir abrigos de qualidade para refugiados sírios, para a criação de empregos e em busca de oportunidades de negócios para os jordanianos.
As agências de ajuda sempre serão necessárias, pois as empresas não serão capazes de atender às necessidades de todos os afetados pelas crises. Isso se deve em especial à aversão ao risco, pois muitas empresas não querem se envolver em situações de emergência humanitária causada por conflito. Por outro lado, as agências de ajuda também precisam ser receptivas às mudanças em andamento. Analistas indicam que alguns funcionários dessas agências permanecem céticos sobre as empresas privadas se envolvendo na resposta a crises por receio de exploração em nome de margens de lucro.
Mas, enquanto as corporações são geridas de forma ética, a maioria das pessoas atingidas por catástrofes não se importam se uma empresa de refrigerante está distribuindo água potável para construir a sua quota de mercado e para garantir a reputação da sua marca. Em caso de emergência, os resultados – e não os motivos – devem ser a principal prioridade.
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Imagem (Fonte): http://porisrael.org/files/2013/10/refugiados.jpg
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Fontes Consultadas:
[1] Ver:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-98482009000100007
[2] Ver:
[3] Ver:
http://jamaica-gleaner.com/gleaner/20100119/lead/lead4.html
[4] Ver:
[5] Ver: