A guerra cibernética, que agora envolve também a militarização do espaço, ganhou nova ênfase em 19 de fevereiro de 2019, quando o governo dos EUA assinou a Diretiva de Políticas Espaciais-4 (SPD-4), centralizando todas as funções deste segmento sob uma nova Força Espacial, o Comando Espacial do EUA, que estabelece o sexto ramo das Forças Armadas Americanas* e o oitavo Serviço Americano Uniformizado**.
As principais diretivas envolvem questões pertinentes à Guerra Espacial, financiamento, às operações espaciais globais, domínio espacial, domínio terrestre, o espectro eletromagnético, a inteligência nacional e o Comando Unificado de Combate. Entre os principais objetivos, ressalta-se o de defender o país das tentativas russas e chinesas de interferir nos satélites norte-americanos, dos quais as Forças Armadas e o comércio dependem. Da mesma forma, também defender os seus aliados.
A Diretiva de Políticas Espaciais-4 (SPD-4), assinada pelo governo americano em 19 de janeiro de 2019, lançou novo ânimo na corrida espacial, acentuando a competição estratégica pelo domínio do espaço, principalmente em relação às doutrinas, políticas centradas, estratégias e sistemas e capacidades operacionais adotadas por Rússia e China, seus principais concorrentes globais.
A nova abordagem vem em resposta à utilização do espaço e do ciberespaço para fins militares e civis, diante do desenvolvimento de novos mercados, novas tecnologias de comunicação e informação, implantação de infraestrutura crítica, inteligência nacional, e da guerra cibernética, como consequência convergente.

A Rússia reformulou o seu programa em 1º de agosto de 2015, quando a Força Aérea Russa e as Forças de Defesa Aeroespaciais da Rússia foram fundidas para formar as Forças Aeroespaciais da Rússia. A Força de Apoio Estratégico do Exército Popular de Libertação da China foi criada em 2016 para consolidar as operações espaciais e cibernéticas chinesas, que incluirá operações de alta tecnologia, abarcando operações de espaço, ciberespaço e guerra eletrônica, sendo independente de outros ramos das Forças Armadas. Estas iniciativas reconfiguram o objetivo destas nações na busca de um protagonismo mundial, concebido para geração de novas tecnologias sensíveis, novos ambientes e oportunidades de negócios.
Como reflexo desta competição estratégica, o ciberespaço ganha novas dimensões e características de mercado global e a economia cibernética lucra muito com estes negócios. Somente no setor de segurança e defesa cibernética, a guerra cibernética expõe números que impressionam.
Relatórios publicados pela Cybersecurity Ventures apontam que os custos de danos por cibercrimes e suas variantes atinjam US$ 6 trilhões por ano até 2021 (aproximadamente, 23,2 trilhões de reais, de acordo com a cotação e 8 de março de 2019) que os gastos com segurança cibernética excederão US$ 1 trilhão de 2017 a 2021 (em torno de 3,86 trilhões de reais, também conforme a cotação e 8 de março de 2019), que o cibercrime terá mais do que o triplo do número de postos de trabalho de cibersegurança não preenchidas, o qual está previsto chegar a 3,5 milhões até 202, e que a superfície de ataque a humanos para atingir 6 bilhões de pessoas até 2022.
———————————————————————————————–
Nota:
* Os outros cinco ramos são: 1. United States Army (Exército dos Estados Unidos); 2. United States Marine Corps (Fuzileiros Navais); 3. United States Navy (Marinha dos Estados Unidos); 4. United States Air Force (Força Aérea dos Estados Unidos); 5. United States Coast Guard (Guarda Costeira dos Estados Unidos).
** Os outros sete são: 1. United States Army (Exército dos Estados Unidos); 2. United States Marine Corps (Fuzileiros Navais); 3. United States Navy (Marinha dos Estados Unidos); 4. United States Air Force (Força Aérea dos Estados Unidos); 5. United States Coast Guard (Guarda Costeira dos Estados Unidos); 6. United States Public Health Service Commissioned Corps (Corpo comissionado do Serviço Público de Saúde); 7. National Oceanic and Atmospheric Administration Commissioned Officer Corps (Corpo de oficiais Comissionados da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica).
———————————————————————————————–
Fontes das Imagens:
Imagem 1 “O presidente Donald Trump” (Fonte): https://pt.wikipedia.org/wiki/Donald_Trump#/media/File:Donald_Trump_official_portrait.jpg
Imagem 2 “Emblema da Força Aeroespacial Russa” (Fonte): https://en.wikipedia.org/wiki/Russian_Aerospace_Forces#/media/File:Russian_aerospace_forces_emblem.svg
Acho que seria interessante explicar que a Diretiva, em si, não cria o Comando Espacial, o que só pode ser feito por lei aprovada pelo Congresso dos EUA (onde está questão não está pacificada).
Perfeito Luis Fabrício. Grato pela contribuição.