O Primeiro-ministro guineense, Umaro Sissoco Embaló, transmitiu, em comunicado oficial, a permissão para detenção de crianças e jovens pedintes na área continental. As crianças apreendidas seriam enviadas as Ilhas de Bijagós, onde ficariam integradas a um centro voltado à educação e cuidado. A determinação foi feita após uma visita de Embaló ao interior do país.
Tal medida está relacionada ao crescente número de crianças talibés em regime de mendicância nas ruas de Guiné Bissau. Os talibés são crianças e jovens guineenses, de maioria masculina, que são enviados a Dakar, no Senegal, com o intuito de receberem a educação islâmica e induzidos a pedir nas ruas para assegurar o seu sustento.
O Senegal havia expedido uma lei que proibia a ação das crianças talibés nas ruas, dessa forma, Organizações Não-Governamentais vem trabalhado na repatriação delas. Em abril de 2017, um grupo de dezenove crianças voltou a Guiné-Bissau e foi iniciado o processo de localização de seus responsáveis.
Organizações Internacionais e Não-Governamentais têm discutido a política proposta pelo Primeiro-Ministro e preocupam-se com medidas coercitivas que podem ser tomadas. A Associação dos Amigos da Criança (Amic) da Guiné-Bissau criticou a decisão e o secretário-executivo da Associação, Laudolino Medina, compreende a ação como uma violação as determinações legais, nacionais e internacionais em matéria de proteção à criança, tais como a Carta dos Direitos Humanos e dos povos (1981) e a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito das Crianças (1989), das quais a Guiné Bissau é signatária.
A porta-voz do Escritório Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau, Júlia Alhinho, destaca que a Organização das Nações Unidas está preocupada com a situação presente. Ainda assegurou que existe a intenção da Organização e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) de contribuir com o Governo, em busca de soluções consoantes aos Direitos Humanos e ao Direito das Crianças.
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Fontes das Imagens:
Imagem 1 “Crianças talibé no Senegal” (Fonte):
Imagem 2 “Mapa da Guiné–Bissau, fronteira com o Senegal” (Fonte):