No início de julho (2020), a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) lançou o relatório “As empresas diante da COVID-19: emergência e retomada”. Neste documento, identifica-se que a crise econômica gerada pelo vírus atinge uma estrutura produtiva e empresarial caracterizada pela baixa produtividade e excessiva heterogeneidade entre setores e empresas.
De acordo com a coleta de dados realizada até a primeira semana de junho de 2020, o impacto será muito maior no caso das microempresas e Pequenas e Médias Empresas (PME). A CEPAL estima que seriam fechados mais de 2,7 milhões de negócios formais, sendo 2,6 milhões microempresas, com uma perda de 8,5 milhões de empregos diretos.
Em síntese, os setores mais afetados até este momento são o comércio atacadista e varejista; as atividades comunitárias sociais e pessoais; hotéis e restaurantes; atividades imobiliárias, empresariais e de aluguel, e as manufatureiras. Em conjunto representam mais de um terço do emprego formal e um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) da região.
Complementando este estudo, o escritório da Organização Internacional do Trabalho para América Latina e Caribe destacou recentemente que as previsões do Banco Mundial indicam uma queda no crescimento econômico de -7,2%. Logo, a taxa de desemprego poderá atingir o índice de até 12,3%, ao passo que, se forem considerados os últimos dados de contração do FMI de -9,4%, os níveis alcançariam 13%.
Em números absolutos, essas taxas implicam um aumento no número de pessoas que procuram emprego e não o conseguem – 26 milhões, antes da pandemia – para 41 milhões em 2020. Além disso, há uma deterioração na qualidade dos postos de trabalho e uma redução na renda.

Por fim, deve-se salientar a corrente expansão do teletrabalho e a possibilidade de exclusão de inúmeras camadas da população latino-americana. Por um lado, os trabalhadores de serviços considerados essenciais enfrentam um risco maior de redução de horas ou salários, licenças temporárias ou demissões permanentes.
Por outro, a título de ilustração, Noruega e Cingapura possuem maior infraestrutura para promover teletrabalho do que Brasil, Chile, México, Equador e Peru. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), isso acontece porque mais da metade das famílias na maioria dos países emergentes e em desenvolvimento não tem um computador em casa.
Portanto, os desafios para as populações latino-americanas e caribenhas durante e após a pandemia do Coronavírus demonstram a vulnerabilidade de suas economias, a necessidade de maior investimento em tecnologia e o esforço coletivo para mover as engrenagens sociais dos novos tempos.
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Fontes das Imagens:
Imagem 1 “Relatório Setores e empresas frente à COVID–19 – Fonte: CEPAL/2020” (Fonte):
https://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/45734/4/S2000438_es.pdf
Imagem 2 “O novo documento mede e analisa os efeitos da crise no universo empresarial e nos setores produtivos da América Latina e do Caribe – Foto: Pixabay” (Fonte):