O Ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte, Ri Yong Ho, aterrissou em solo iraniano no dia 9 de agosto com o propósito de realizar uma visita de dois dias ao país. A comitiva norte-coreana foi recepcionada pelo Ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif. O objetivo principal do encontro foi discutir as relações bilaterais e as questões regionais do Oriente Médio.
A visita coincidiu com a reimposição de sanções do governo dos Estados Unidos ao Irã, depois que o presidente Donald Trump se retirou do acordo nuclear selado pela administração Obama, em maio de 2015.
Historicamente, Teerã e Pyongyang* cooperam em temas relacionados às esferas educacional, científico, econômico e cultural e a aliança entre ambos países foi fortalecida, após a Revolução Iraniana de 1979 e o estabelecimento da República Islâmica.
De acordo com estudo realizado pelo Congresso dos Estados Unidos, a colaboração e troca de conhecimentos científico e tecnológico de âmbito nuclear entre Irã e Coreia do Norte envolve diversas formas de cooperação clandestina, possivelmente relacionada com armas nucleares. Neste mesmo documento, funcionários da inteligência estadunidense manifestam preocupação sobre a probabilidade de a Coreia do Norte exportar sua tecnologia nuclear ou material físsil.
Conforme atesta Samuel Ramani, no mês de maio de 2017 o Irã realizou um teste com mísseis desde seu submarino da classe Ghadir** no Estreito de Ormuz. Apesar de o intento não ter sido exitoso, a similaridade entre o Ghadir iraniano e submarino da classe Yono*** da Coreia do Norte alarmou diversos analistas no tema.
Especialistas em defesa do governo dos Estados Unidos declararam que o teste realizado pelo governo persa foi uma prova da continuidade dos trabalhos realizados por Teerã e Pyongyang. Como conclusão, Ramani asserta que a cooperação entre ambos países pode ser explicada por uma desconfiança compartilhada das propostas diplomáticas estadunidenses e pela crença comum de que os países têm o direito de desenvolver mecanismos de autodefesa sem interferência externa.
O segundo dia da visita diplomática foi marcado pelo encontro entre o representante do país asiático e o presidente iraniano Hassan Rouhani. A conversa entre as lideranças foi orientada sobre o futuro acordo nuclear entre norte-coreanos e estadunidenses. Segundo palavras de Rouhani, “os Estados Unidos não são confiáveis. O desempenho da administração dos norte-americanos nesses últimos anos levou o país a ser considerado pouco confiável em todo o mundo, buscando atender a nenhuma de suas obrigações”. E, finalmente, adiciona que, “na situação atual, os países amigos devem desenvolver suas relações e cooperação com a comunidade internacional, o que inclui o Irã e a Coreia do Norte, que sempre tiveram visões parecidas”.
———————————————————————————————–
Notas:
* Teerã e Pyongyang são as capitais, respectivamente, do Irã e da Coreia do Norte. Aqui, ao se falar das capitais, significa referir-se aos governos dos dois países.
** Ghadir: é um míssil de cruzeiro anti-navio com um alcance de 330 km.
*** Yono: Submarino de porte mediano que é produzido para uso doméstico e para exportação.
———————————————————————————————–
Fontes das Imagens:
Imagem 1 “Bandeira do Irã” (Fonte):
https://en.wikipedia.org/wiki/File:Flag_of_Iran.svg
Imagem 2 “Ghadir iraniano” (Fonte):