Um mês após as eleições na Catalunha convocadas pelo Governo Central de Madri, a crise política e territorial continua e ganha novos episódios que vão além de suas fronteiras, mesmo depois da destituição do governo catalão e a dissolução do Parlamento regional, graças à aplicação do Artigo 155 da Constituição espanhola.
Os partidos nacionalistas voltaram a formar maioria no Parlamento regional, embora o partido centralista Ciudadanos tenha saído vitorioso nas urnas de forma individual, com a candidatura de Inés Arrimades. Sem embargo, não alcançou a maioria necessária para ocupar à Presidência, pois o modelo parlamentarista usado na Catalunha possibilita que a indicação e investidura de um Presidente seja apresentada e aprovada pela maioria dos parlamentares, neste caso, os nacionalistas.

Carles Puigdemont e Roger Torrent em Bruxelas, negociando a posse o presidente da Catalunha
No dia 17 de janeiro, Roger Torrent, do partido nacionalista Esquerra Republicana de Catalunya (Esquerda Republicana da Catalunha, em tradução livre) foi nomeado Presidente de Parlamento, viabilizando a nomeação do ex-presidente Carles Puigdemont – o mesmo que declarou a independência da região e depois se refugiou na Bélgica – como novo Presidente da Catalunha.
A tentativa do Governo da Espanha de minar o nacionalismo colocou em evidência o futuro da própria democracia espanhola, já que foi o próprio Governo Central que convocou as eleições e, neste momento, declara abertamente sua oposição à investidura de líder nacionalista, após a aprovação do Parlamento da Catalunha, tanto que o presidente espanhol Mariano Rajoy afirmou que, caso Carles Puigdemont seja investido como Presidente catalão, o Artigo 155 continuará ativo.

Rei Felipe VI em Davos
O grande paradoxo da futura Presidência da Catalunha é o fato de que Carles Puigdemont está fora do território espanhol e seu possível regresso deve resultar em sua prisão por crime de sedição, sendo estudada a possibilidade de que o mesmo assuma cargo estando fora da Espanha, constituindo-se na primeira investidura telemática da história.
Por outro lado, surgem novos movimentos políticos na região, tais como os defensores da Tabarnia, uma região formada por Tarragona e Barcelona, favoráveis à união com a Espanha e separados da Catalunha.
É um panorama cada vez mais complexo que foi levado até Davos pelo Rei Felipe VI, uma vez que a situação não afeta somente a política da região, mas também o desempenho econômico da Espanha, que está em plena recuperação após uma década de crise.
Carles Puigdemont não esteve em Davos mas participou de um seminário na Dinamarca, país onde defendeu a autonomia da Catalunha e pressionou tanto a Espanha como a União Europeia a reconhecerem os resultados e o parecer do Parlamento catalão. Diante do quadro, os nacionalistas da Catalunha pretendem dar continuidade em sua agenda separatista, embora a resolução do conflito pareça ainda estar longe de ser visualizada.
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Fontes das Imagens:
Imagem 1 “Região da Tabarnia” (Fonte):
https://static.noticiasaominuto.com/stockimages/1920/naom_5a43589f73c6b.jpg
Imagem 2 “Carles Puigdemont e Roger Torrent em Bruxelas, negociando a posse o presidente da Catalunha” (Fonte):
Imagem 3 “Rei Felipe VI em Davos” (Fonte):