Neste final de semana, no sábado, dia 8 de dezembro, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez admitiu o retorno do câncer que sofre, bem como que será necessária nova cirurgia, levantando a possibilidade de não poder assumir o cargo presidencial em 10 de janeiro próximo (2013), após a sua reeleição ocorrida no dia 7 de outubro deste ano. Chávez deixou no ar que o risco de morte está presente e também circulou nos meios de imprensa a informação de que ele deveria ter sido operado no máximo na sexta-feira passada, dia 7 de dezembro, no limite durante o final de semana.
O mandatário afirmou: “É absolutamente necessário, imprescindível submeter-me a uma nova intervenção cirúrgica e isso deve acontecer nos próximos dias, inclusive os médicos recomendavam que fosse ontem ou este fim de semana. (…). Preciso de voltar a Havana, amanhã (domingo), aqui tenho uma carta a pedir autorização à Assembleia Nacional para que me seja concedida autorização para sair do país com o objetivo de nova intervenção. Para ir enfrentar esta nova batalha”*.
Declarou ainda: “com o favor de Deus, como em ocasiões anteriores, sairemos vitoriosos. (…) …unidade, unidade, unidade… (…) …os adversários não descansarão na intriga. (…). …o vice-presidente, o companheiro, Nicolás Maduro, fica à frente. (…). Ainda que soe duro, quero e devo dizer que, como diz a Constituição, se se apresentar alguma circunstância que a mim me inabilite para continuar à frente da presidência. Nicolás Maduro não só nessa situação deve concluir o período, mas é a minha firme opinião, plena, irrevogável, absoluta, total é que nesse cenário que obrigaria a convocar a eleições presidenciais, vocês elejam a Nicolás Maduro como presidente da República Bolivariana, eu vos peço desde o meu coração”*.
Observadores apontam que o país poderá passar por uma fase crítica de instabilidade no caso da morte de Hugo Chávez. Pela Constituição venezuelana, caso ele faleça, ou se mostre impedido de assumir, o Vice-Presidente deverá assumir interinamente, mas deverá ser convocada novas eleições em 30 dias, ou se for obrigado a deixar a Presidência nos quatro primeiros anos de governo. Ressalte-se que no primeiro caso assumiria interinamente o Presidente da Assembleia Nacional, no segundo caso, assumiria o Vice-Presidente e seria convocada a nova Eleição.
Chávez declarou quem será seu herdeiro político, Nicolas Maduro, mas não se sabe se os partidários do chavismo o acompanharão, já havendo notícias de intrigas e distanciamentos, sendo incerto se a unidade será mantida.
Da mesma forma, indica-se que a situação da oposição também não é simples, pois vários especialistas demonstram o que ponto unificador dos opositores é o confronto ao Presidente, algo que deixaria de existir e levantam a possibilidade de que eles trabalhem em candidaturas próprias, mesmo que a imagem de Henrique Capriles esteja consolidada como o grande líder opositor do momento, pois arrematou 6,5 milhões de votos** quando concorreu com Chávez e, além disso, as pesquisas apontam que ele é preferido em relação a qualquer nome do atual Governo.
No entanto, o fenômeno Chávez é um caso característico da liderança carismática e a simples indicação feita pelo Presidente poderá dar peso ao seu indicado com capacidade de participar das eleições com desenvoltura. No entanto, pelo próprio fenômeno, qualquer cenário é possível, já que a perda do líder deixa um vácuo de poder incapaz de ser ocupado por algum dos seus aliados que crescem somente a sua sombra e sem brilho para não ofuscar o mandatário, tanto que parte dos opositores atuais de Chávez vieram do chavismo e se indispuseram com o mandatário porque mostraram capacidade de voar com asas próprios e exatamente por isso receberam contraposição direta de Chávez.
Diante do cenário, para o candidato oficialista ser derrotado, os analistas apontam que seriam necessárias algumas condições mínimas, dentre elas podem ser destacadas: (1) que a oposição mantenha a mesma postura e unidade, considerando que o inimigo não é Chávez, mas o Chavismo e todos os seus representantes, logo o continuísmo, com ou sem o atual Presidente; (2) que o aliados de Chávez rompam e não garantam o apoio necessário a Maduro, o indicado do Presidente e (3) que o governo use do mesmo expediente adotado em outubro, ou seja, que use de todas as artimanhas e violências para calar a Oposição, que interfira nos discursos dos opositores e não participe de debates públicos confrontando projetos, além de usar a máquina pública para propaganda e para impedir qualquer avanço do líder opositor.
Diante do quadro, a sensação dos observadores é de que o país passará por grandes instabilidades políticas ao longo desses próximos anos, pois é alta a probabilidade do desaparecimento do atual líder em futuro breve, mesmo que ele consiga uma recuperação neste momento, hipótese que também é cada vez mais frágil diante da forma como Chave se referiu a atual situação em sua declaração feita neste final de semana.
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Fontes consultadas:
* Ver:
http://expresso.sapo.pt/hugo-chavez-volta-a-lutar-contra-o-cancro=f772590
**Ver também:
http://br.noticias.yahoo.com/chávez-volta-cuba-para-cirurgia-contra-câncer-112550092.html
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Assistir vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=aA3ncUcDGkg
Ver também:
Ver também:
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=200868&id_secao=7
Ver também:
Ver também:
http://www.portugues.rfi.fr/geral/20121209-chavez-caminho-de-cuba-para-nova-cirurgia-do-cancer
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