Em uma semana marcada pelo agravamento da Epidemia de Ebola na África, alguns fatos importantes ficaram em segundo plano. Dentre eles, as novas informações divulgadas sobre o “Growth and Transformation Plan”(GTP) na Etiópia[1].
Concebido pelo Governo etíope e por economistas internacionais em 2011, o GTP constitui-se como o pilar central da atual política econômica deste país. Seu objetivo principal é, ao menos, astuto: pretende modernizar por completo a economia etíope, planejando que em 2025 a Etiópia, nação cujo PIB per capita atual não passa de 500 dólares, seja um país de nível de renda médio[1][2].
Líderes da formulação desta política econômica de desenvolvimento, os economistas japoneses Kenichi Ohno e Izumi Ohnoafirmaram na semana passada, em entrevista ao jornal etíope The Reporter, que mudanças estruturais na economia etíope serão sentidas somente após a implementação do GTP II, programado para iniciar no ano que vem[1]. “Ela [a industrialização] ocorrerá a partir do GTP II. Com ele, Etiópia aos pouco irá se assemelhar aos países do sudeste asiático, como Vietnã e Tailândia”[1], disseram os economistas em resposta à recente estagnação no valor de exportações e no fluxo de investimento estrangeiro direto.
Para ambos os economistas, isso ocorre devido ao fato de que a primeira etapa do GTP foi destinada à modernização e reestruturação do setor agrícola no país, um dos mais relevantes para a economia nacional[1]. Segundo dados do Governo da Etiópia, o GTP trouxe significativas melhorias para esse setor: desde 2011 houve uma média de crescimento anual de 8% na renda do trabalhador rural, além de um incremento médio anual de 8% na produção agrícola total[2].
De fato, a recente expansão econômica na Etiópia e a melhora em seus indicadores sociais animam as autoridades políticas a sustentar este cenário com uma política econômica de longo prazo. Segundo dados do Banco Mundial, nos últimos 10 anos a Etiópia teve um crescimento médio anual do PIB de 11% e a porcentagem da população que vive abaixo da linha da pobreza caiu de 38,9%, em 2004, para 29,6%, em 2013[3].
No entanto, ressalvas devem ser feitas quanto aos efeitos colaterais desta política expansionista, principalmente no que diz respeito à desigualdade social. Por ser um país majoritariamente rural – em 2013, cerca de 82% da população vivia na zona rural – uma expansão industrial desperta a tendência de um maciço processo de êxodo rural. Se por um lado o foco primário do GTP na modernização do campo e na capacitação do camponês é coerente, do outro é ineficiente se não se desenvolver rumo à promoção de uma estrutura completa nas cidades, capaz de incorporar e beneficiar todos os membros da sociedade etíope no processo de industrialização. Grandes cidades ao redor do mundo ilustram as disfunções sociais que grandes êxodos, combinados com a ausência de planejamento urbano, causam a seus cidadãos.
—————————————————————————
Imagem (Fonte – Nazret):
—————————————————————————
Fontes consultadas:
[1] Ver “The Reporter”:
[2] Ver “Ethiopan Agriculture Transformation Agency”:
http://www.ata.gov.et/priorities/national-growth-transformation-plan/
[3] Ver “Banco Mundial”: