No mês de maio, em Joanesburgo, inúmeros empresários africanos e internacionais voltaram para seus países cheios de esperanças, mas com muitas peças ainda espalhadas para finalizar um complexo quebra cabeça. O “6th Mobile Money & Digital Payments”, sediado na cidade sul-africana, é um marco no que diz respeito ao avanço dos pagamentos digitais na África[1].
Os pagamentos eletrônicos são mais um passo de um longo processo que remodelou a geografia, o cotidiano e a política africana nos últimos anos: o desenvolvimento econômico. Para continuar neste caminho, empresários e autoridades políticas veem os pagamentos digitais como etapa crucial para o crescimento econômico e, principalmente, o empoderamento das mulheres africanas[2].
Em um relatório da empresa Better than Cash, financiado pela Bill & Melinda Gates Foundation e de autoria do Banco Mundial (BM), publicado na semana passada, relata-se que significativa parte significativa do montante de 2,5 bilhões de pessoas sem nenhum tipo de conta bancária no mundo encontra-se na África[3].
Claramente, a concessão de financiamentos e a participação formal no setor bancário é etapa importante para o desenvolvimento econômico e social, haja vista os resultados positivos das políticas de microcrédito em pequenas comunidades no sudeste asiático[4].
Ao contrário do baixo número de contas bancárias abertas, a presença de telefones celulares entre os africanos é expressiva: cerca de 65% da população africana possui um aparelho móvel[2]. Dessa forma, a expansão do serviço de pagamento digital é a grande ferramenta existente para os formuladores de políticas trabalharem na expansão do crédito, bem como para facilitar as transações financeiras e aumentar a segurança destas[2][3].
Contudo, especialistas e empresários apontam uma série de questões que devem ser abordadas a fim de criar um ambiente favorável ao crescimento desta atividade. Entre os principais desafios destaca-se a criação de um marco regulatório seguro e a superação da desigualdade na posse de telefones celulares: segundo o relatório citado anteriormente, ao redor do mundo os homens possuem 300 milhões de celulares a mais do que as mulheres[3].
No âmbito privado, a estruturação destas atividades não será levada a cabo por companhias africanas, mas sim por grandes organizações americanas e europeias. Uma das principais, a título de exemplo, é a Emerging Markets Payments, filial da companhia britânica de private-equity Actis[5]. A princípio, o vasto contingente populacional africano e o incremento de renda nos últimos anos servem como indicador de uma latente demanda para este tipo de serviço no continente[5].
A companhia canadense Telepin Software, as americanas Fiserv– listada na bolsa americana Nasdaq – e Amdocs e a sueca Ericsson também estão presentes na região: elas serão os principais patrocinadores da “7th Mobile Money & Digital Payments”, em maio do ano que vem (2015), quando serão apurados os primeiros resultados sobre a estruturação dos pagamentos digitais na África[1].
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Imagem (Fonte – Retail-digital):
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Fontes consultadas:
[1] Ver “6th Mobile Money & Digital Payments”:
http://www.mobile-money-africa.com/Content/2014-Agenda/3_15/
[2] Ver “Banco Mundial”:
[3] Ver “Bill & Melinda Gates Foundation”:
http://www.gatesfoundation.org/~/media/GFO/Documents/What%20We%20Do/G20%20Report_Final.pdf
[4] Ver “Banco Mundial”:
[5] Ver “The Economist”: