O Parlamento alemão votou na última quinta feira, 22 de junho de 2017, a favor da anulação das sentenças de homossexuais condenados em razão do extinto artigo 175 do Código Penal. A lei que criminalizava as relações sexuais entre homens havia sido introduzida em 1871, tendo as suas penas sido fortalecidas e aplicadas de maneira intensiva durante o regime nazista, em 1935. Apesar de a homossexualidade ter sido descriminalizada na Alemanha Oriental e Ocidental em 1968 e 1969, respectivamente, a legislação prevista pela Seção 175 não havia sido completamente descartada até 1994.
Em 2002, os parlamentares alemães aprovaram uma Lei que revogava as condenações que ocorreram durante o nazismo. No entanto a ação não previa a absolvição das mais de 50 mil pessoas que foram alvos da sentença após a Segunda Guerra Mundial. A última decisão aprovada pela Câmara Baixa do Parlamento prevê a anulação das penas, o provimento de compensações no valor de 3 mil euros e um valor adicional de 1.500 euros por cada ano na prisão aos condenados entre 1945 e 1994. Além disso, se estabeleceu um fundo coletivo no valor de 500 mil euros anuais conferido ao Hirschfeld Foundation. A fundação nomeada em homenagem a um proeminente pesquisador alemão e ativista gay ficará responsável por um processo de recuperação da história de homens atingidos pela legislação.
O Ministro da Justiça Alemão, Heiko Maas, manifestou apoio à decisão e a definiu como um ato atrasado de justiça. Um representante da Federação de Gays e Lésbicas da Alemanha declarou ao The Guardian que, finalmente, há a adoção de medidas legais em relação às graves violações dos direitos humanas perpetradas pelo Estado contra os grupos de homossexuais.
A decisão possui também um caráter político, uma vez que o partido da primeira-ministra Angela Merkel foi o seu maior defensor no Parlamento. O apoio surge em um contexto em que o Estado tem discutido e se aproximado da aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo no país. Além disso, a Lei fortalece o discurso político, uma vez que promove memória, debate e reflexão, inspirando na população a mensagem de que violações de direitos não serão toleradas e de que o Estado Democrático tem zelado pela justiça e democracia.
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Fontes das Imagens:
Imagem 1 “Bandeira LGBT hasteada em Berlim” (Fonte):
Imagem 2 “Ministro da Justiça alemão, Heiko Maas” (Fonte):