O duro golpe sentido pelos situacionistas no governo argentino não surgiu inesperadamente. Ao longo do período desde que assumiu a pasta, a presidente Cristina Kirchner não conseguiu manter o controle sobre os variados setores da sociedade que sentiram de perto a estagnação econômica.
Em termos de política externa, a presidente encenou aproximações com a Venezuela de Hugo Chávez e foi obrigada a retroceder, quando o venezuelano anunciou que estava estatizando empresa argentina em seu território. Adotou política para defender os produtores argentinos, quando sobretaxou produtos importados afetando o comércio com o Brasil e regras do MERCOSUL. Mas, se isso agradou a alguns setores, prejudicou outros, como os comerciantes importadores, e perdeu apoio no exterior.
O atual governo, prevendo que poderia sentir mais fortemente a resposta do povo à sua política, antecipou as eleições legislativas que seriam em outubro, com o argumento da união para enfrentar a crise. Acreditava que o apelo para o povo seria interpretado adequadamente e receberia apoio para manter o controle nas duas casas legislativas e, assim, conseguir aprovar sem ressalvas ou sobressaltos as propostas e projetos de governo.
Outras lideranças que surgiram, apresentando propostas mais modernas, apresentam-se como outra alternativa. É o caso de Maurício Macri, cujas propostas, quando da eleição em Buenos Aires, mostraram planejamento diferente do atual governo, com proposta alternativa de combate à inflação.
Para completar anunciou que um modelo de política e condução de políticas públicas que lhe interessava era o do ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso, cuja metodologia de combate à inflação foi bem diversa da adotada pelo presidente Kirchner, o que representa uma tomada de posição em relação às políticas adotadas até o momento e significam alternativas para o povo.
Essas eleições enfraqueceram os Kichners que agora terão de negociar em vários setores para manter o seu projeto político, significando isso que terão de adaptar o projeto de governo e modificá-lo para não perderem mais espaço.