Na quarta-feira, dia 7 de outubro, o presidente do Equador, Rafael Correa, desembarcou em Caracas para rever, reforçar e desenvolver os acordos entre seu país e a Venezuela. Ao todo foram revistos 34 Acordos bilaterais entre os dois países e firmados mais dez ampliando a parceria entre ambos, cuja configuração não se mostra apenas como apoio mútuo, mas como uma “Aliança Estratégica”.
As trocas vão além da questão de produtos e aspectos comerciais, como são os acordos de turismo e as licenças para entrada de automóveis produzidos no Equador, também firmados.
Elas atingem a área militar, pois ficou acertado que haverá um acordo entre as escolas militares para treinamento e formação mútua. Estudiosos das questões militares destacam que, à medida que as formações se desenvolverem, elas podem se concretizar numa doutrina comum e isso significará a criação de condições para a coordenação de uma ação conjunta, basta que seja firmado um tratado de assistência recíproca automática, como a história tem demonstrado.
Dentro dessa lógica, foram doados seis caças de ataque Mirages, de origem francesa que pertenciam à Venezuela. Os aviões são de menor importância, pois suas vidas úteis estão na casa dos seis anos, tanto que políticos opositores de Rafael Correa acusaram de estarem recebendo “ferro-velho” da Venezuela.
A resposta de Rafael Correa foi de que a doação é bem vinda, pois já fazia anos que os equatorianos não tinham investimento em equipamentos militares e, tanto o presidente do Equador, quanto Hugo Chávez, Presidente da Venezuela, reforçaram que a importância está no fato de os equipamentos serem utilizados para treinamento de pilotos.
Os laços entre ambos os presidentes estão estreitando de forma ascendente as ações conjuntas dos países. Isso ficou claro com o acordo de se criar um fundo Equador-Venezuela para financiar quaisquer projetos “binacionais” (não serão bilaterais, mas binacionais) em áreas amplas como: transporte, turismo, alimentos, saúde, ambiente, energia, infra-estrutura e telecomunicações. No último caso está em vias o projeto para a construção do “observatório latino-americano de mídia”, incorporando do Equador no projeto da Rádio do Sul, de acordo com Chávez.
Como forma de manter a substituição da Colômbia como principal fornecedora de produtos para a Venezuela, atrás apenas dos EUA, foram concedidas as licenças para que o Equador forneça mais 8.000 veículos produzidos no país, além dos 10.000 já concedidos anteriormente. De imediato, também foram doados US$ 20 milhões em cadeiras de rodas, equipamentos médicos e muletas, dentro de um projeto de inclusão social do governo equatoriano.
Apesar das negativas, os discursos revelam a Aliança ampliada entre os dois países, e transparece um planejamento para obrigar qualquer opositor posicionado entre os dois países a fazer uma guerra em duas frentes, com ênfase no combate de guerrilha. Nas palavras de ambos os presidentes há a confirmação dessa visão estratégica, ao se pronunciarem sobre a questão militar que envolve os dois países, apesar das negativas em suas respostas. Em suas declarações podem ser destacadaos:
-
“fortalecer a capacidade militar de nossos países, nossas revoluções” (presidente venezuelano Hugo Chávez)
-
“Demos um passo à frente para alcançar esta união, integração, entre povos irmãos”, (Rafael Correa)
-
“há muitos urubus que buscam fracassar as vias alternativas do socialismo” (Rafael Correa)
-
“Sabemos que temos inimigos que tentarão romper esta união entre povos, irmãos, bolivarianos e revolucionários. A melhor maneira de contra-atacar isto é trabalhar eficientemente por nossos povos”, (Rafael Correa).
-
“a revolução cidadã e a revolução bolivariana são um chamado para uma nova ordem” (Hugo Chávez).