A economia portuguesa está a ser alvo de uma mediação financeira internacional desde meados de 2011. Naquele momento, o Governo minoritário liderado pelo Primeiro-Ministro socialista José Sócrates viu-se obrigado a recorrer aos mecanismos do “Fundo Europeu de Estabilidade Financeira”, em função das altas taxas de juro a que o Estado português se submeteu nos mercados. O Governo viria a ser substituído, semanas depois, na sequência de eleições legislativas que abriram caminho a uma coligação de direita, chefiada por Pedro Passos Coelho.
Os 76.000 milhões de euros acordados neste processo foram entregues a Portugal, em tranches*, por um “consórcio” composto pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e pela Comissão Europeia (CE). Porém, este financiamento teve um custo político claro: a necessidade de levar a cabo reformas liberalizantes na economia portuguesa que reduzissem o peso do Estado.
Passados dois anos, as reformas estruturais tardam em surgir. O mercado de trabalho foi liberalizado, mas o desemprego aumentou. Os esforços para equilibrar o Orçamento de Estado são feitos, sobretudo, do lado da receita, o que levou a um enorme aumento de impostos sobre o consumo e sobre o trabalho, que se repercutiu gravemente no consumo interno. A grande aposta do Governo residia nas exportações, mas a desaceleração europeia não permite qualquer compensação passível de criar postos de trabalho.
O principal problema português reside, assim, na incapacidade da economia nacional para gerar emprego (a taxa de desemprego está acima dos 17%[1]) e o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, por motivos difíceis de avaliar, tem falhado em suas previsões, tornando a execução orçamental problemática, bem como o reequilíbrio das contas externas.
Conforme tem sido apontado por vários observadores, o resultado imediato verificado em 2012 apresentou que mais de 200.000 trabalhadores[2] perderam o seu posto e a economia caiu 3,2%[3]. Porém, deve ressalvar-se o tipo de resistência dos portugueses, que têm feito do civismo a imagem de marca dos seus (enormes) protestos contra o Governo.
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* Em administração financeira refere-se à divisão de um contrato.
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Imagem (Fonte):
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/cc/Terreiro_do_Paço_-_Lisboa.jpg
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Fontes consultadas:
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