Ocorreu entre os dias 3 a 5 de setembro (2017) a 9º Reunião de Cúpula dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em Xiamen, na China. Tendo surgido como uma mera sigla* sinalizando mercados de investimentos, o grupo vem crescendo na sua cooperação e se encontra em uma fase de institucionalização formalizada. Este fato é simbolizado em sua máxima expressão no Novo Banco de Desenvolvimento, popularmente conhecido como Banco dos BRICS.
Algumas questões prementes desafiam a capacidade de coordenação do grupo, são elas: como se posicionar em um ordenamento de redução gradual da influência hegemônica dos Estados Unidos; conciliar os interesses da coligação com as prerrogativas regionais de cada membro e, ainda, como se posicionar frente a um cenário de risco político e redução do ritmo da economia global.
A Cúpula de Xiamen trouxe interessantes novidades. Novos Estados foram convidados a se juntar à reunião: Cazaquistão, Egito, Quênia, Indonésia, México, Tadjiquistão e Tailândia. Esta é uma sinalização que poderia levar a expansão do grupo e, se este fato se consolidar, os BRICS podem se tornar um foro de diálogo representativo para grandes economias emergentes no futuro.
Por outro lado, a expansão levaria à diminuição do poder de barganha de países como Brasil e África do Sul. Devido às crescentes assimetrias de poder entre os seus membros, a posição chinesa é cada vez mais importante para determinar os rumos da coligação. A política externa chinesa valoriza os BRICS e seleciona cuidadosamente os diplomatas designados para os países do grupo.
A Declaração de Xiamen enfatiza a necessidade de cooperação no combate ao terrorismo, incluindo a denúncia a grupos sediados no Paquistão, representando uma vitória diplomática para a Índia. Adicionalmente, o Presidente da China, Xi Jinping, estabeleceu conversas bilaterais com Narendra Mohdi, Primeiro-Ministro da Índia, cessando as tensões fronteiriças.
As intensas crises políticas vivenciadas no contexto doméstico do Brasil e da África do Sul dificultam que estes países tomem posturas propositivas no âmbito dos BRICS. Portanto, a conjuntura salienta a necessidade de formação de consenso com outros membros para que se possa trabalhar na formação de agendas para a coligação. Por fim, foi estabelecido um plano de trabalho conjunto no setor de inovação para o período de 2017-2020.
———————————————————————————————–
Notas e Fontes consultadas, para maiores esclarecimentos:
* A coligação intergovernamental dos BRICS surgiu como um indicador de mercados potenciais para investimentos, no ano de 2006, conforme anunciado por Jim O’Neill, um economista do banco Goldman Sachs. Com o passar dos anos os países foram estabelecendo laços de cooperação e interação política no sentido de promover a democratização das Instituições Internacionais, visando uma governança econômica mais justa para os países emergentes. Os BRICS partiram de uma sigla de investimentos para ganhar materialidade e institucionalização. No momento, o desenvolvimento é o seu principal eixo temático.
———————————————————————————————–
Fontes das Imagens:
Imagem 1 “Chefes de Estado dos BRICS ” (Fonte):
Imagem 2 “Mapa mostrando a distribuição geográfica dos países membros dos BRICS (Fonte):
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/bb/BRICS.svg/1280px-BRICS.svg.png
Imagem 3 “Tipografia estilizada sobre a sigla do grupo” (Fonte):
https://pixabay.com/pt/brics-brasil-r%C3%BAssia-%C3%ADndia-china-1301745