Com forte atuação político-militar dentro do território sírio, e detentora de alianças pacíficas com Israel e Irã, a Rússia poderá ser projetada como possível mediadora de acordos de não agressão entre as duas nações, segundo analistas internacionais. A efetividade dessa mediação seria também de grande benefício para a Federação Russa, devido ao fato de os conflitos ocorridos nos últimos dias estarem sendo travados num espaço geográfico sob sua proteção, e que, se houvesse um prolongamento destes embates, certamente afetariam os interesses russos não só na Síria, mas em toda aquela área, levando o Kremlin a tomar uma posição mais radical.
A causa desse desequilíbrio regional teve início com um dos maiores conflitos fronteiriços dos últimos anos na região, sendo que, num primeiro momento, no dia 8 de maio, forças armadas de Israel foram colocadas em alerta máximo após, supostamente, detectarem movimentos militares iranianos irregulares dentro do território sírio, o que levou, a um ataque aéreo preventivo contra um depósito de armas na cidade de Kiswah, sul de Damasco, causando a morte de nove combatentes da Guarda Revolucionária Iraniana e mais outros seis integrantes de milícias xiitas pró-iranianas, segundo informações do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Em resposta ao ataque, forças iranianas baseadas na província de Quneitra, sudoeste de Damasco, lançaram, nas primeiras horas do dia 10 de maio, 20 mísseis do tipo Grad e Fajr em direção das Colinas de Golan, região ocupada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e anexada ao território em 1981.
Segundo informações do Exército Israelense, os danos causados por esse ato foram minimizados pela ação do sistema de defesa antimísseis Iron Dome e não houve relato de pessoas feridas.
A resposta de Israel veio logo em seguida, com o ataque massivo a dezenas de alvos militares iranianos na Síria, entre eles, centros de inteligência, bases militares, armazéns, e um veículo Pantsir-S1, que servia como plataforma de lançamento de mísseis terra-ar.
A tarefa de Vladimir Putin para minimizar esta disputa geopolítica será deveras desgastante, devido ao fato da dificuldade de colocar estes dois inimigos mortais juntos numa mesa de negociação, sendo que, por um lado, o Irã tem demonstrado, repetidas vezes, aversão a existência do Estado judeu e, por outro lado, Israel se opõe drasticamente a presença de tropas iranianas no território sírio, localizadas muito próximas a sua fronteira, além de ter demonstrado total apoio aos Estados Unidos em se retirar do acordo nuclear com o Irã, o que, na visão de analistas internacionais, foi fato potencializador de discórdia, no que se refere aos últimos conflitos entre os dois países.
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Fontes das Imagens:
Imagem 1 “israel–syria–conflict–terror–attack” (Fonte):
Imagem 2 “Ataque israelense contra Síria” (Fonte):
https://www.kavkazr.com/a/29220789.html
Imagem 3 “Mapa Colinas de Golan” (Fonte):
http://www.gbcghana.com/kitnes/cache/images/800x/0/1.12127945.png