O partido de situação do Zimbábue, o ZANU-PF, suspendeu, na semana passada, dois oficiais membros do Governo, Rugare Gumbo e Enoch Porusingazi, juntamente com o líder veterano Jabulani Sibanda[1][2]. Segundo especialistas, a suspensão ocorreu devido a uma suposta aliança entre os suspensos e a vice-presidente Joice Mujuru, dentro do debate em torno da sucessão presidencial.
O fato aumenta as tensões envolvendo a sucessão do presidente Robert Mugabe ao fim de seu mandato. Ainda que este termine somente no ano de 2018 e o atual Presidente seja elegível a um segundo termo, membros do ZANU-PF desconfiam de sua aptidão para se recandidatar, já que Mugabe está com 90 anos[1][2].
Entre os mais cotados para se candidatar e poder assumir a Presidência nas próximas eleições estão a vice-presidente Joice Mujuru e o atual ministro da justiça Emmerson Mnangagwa[2]. Joice Mujuru está a serviço do Governo do Zimbábue desde 1980, tendo participado da guerra de independência do país na década de 90[2]. Contudo, especialistas afirmam que Mujuru vem perdendo força como possível sucessora de Mugabe, principalmente após as acusações da primeira dama Grace Mugabe de que ela estaria planejando uma desestabilização política de seu marido[1][2].
Presidente do Zimbábue desde 1987, Mugabe é alvo de constantes críticas por parte de organizações internacionais que lhe acusa de haver levado a cabo “condutas antidemocráticas”[3], como perseguição a opositores e manipulação das eleições. Tais críticas culminaram em uma sanção por parte do Governo norte-americano no ano de 2003[3][4].
Tendo em vista tais questões, o futuro sucessor de Mugabe na Presidência encontrará grandes desafios à frente, com a questão diplomática e a fraca economia. O país enfrenta atualmente expressiva taxa de desemprego, especialmente entre os jovens de 18 e 25 anos[5].
Este fraco desempenho da economia é, em parte, explicado pelas severas sanções impostas[4]. Desde que as sanções do Governo estadunidense foram estabelecidas, em 2003, o crescimento médio anual do Produto Interno Bruto per capita é 2,5% menor, se comparado aos dez anos anteriores (1993-2002)[6]. Assim, é impreterível que o próximo Presidente e as instituições internacionais entrem em diálogo para que uma solução a esta questão seja encontrada.
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Imagem (Fonte – The Telegraph):
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Fontes consultadas:
[1] Ver “Agência Reuters”:
http://www.reuters.com/article/2014/11/14/us-zimbabwe-politics-idUSKCN0IY1H520141114
[2] Ver “Daily Mail”:
http://www.dailymail.co.uk/wires/afp/article-2834452/Zimbabwes-ruling-party-axe-officials.html
[3] Ver “USA Treasury”:
http://www.treasury.gov/resource-center/sanctions/Programs/Documents/zimb.pdf
[4] Ver “The New York Times”:
http://www.nytimes.com/2013/11/08/opinion/mutiga-why-zimbabwe-sanctions-boomerang.html?_r=0
[5] Ver “Washington Post”:
[6] Ver “Banco Mundial – Estatísticas”:
http://data.worldbank.org/country/zimbabwe