O Egito enfrenta seu momento mais turbulento e sangrento em mais de dois anos. No dia 14 de agosto, a última quarta-feira, as “Forças de Segurança” do governo invadiram dois acampamentos no Cairo, ferindo e gerando a morte de centenas de pessoas que apoiavam o presidente deposto, Mohammed Morsi. O país está passando por grande instabilidade, revolta e manifestações por parte da população desde o dia 3 de julho, quando Morsi foi deposto após aproximadamente um ano de sua eleição. Ressalte-se que as manifestações estavam sendo apoiadas desde o princípio pela “Irmandade Muçulmana”, grupo através do qual Morsi chegou ao poder.
Os acampamentos de manifestantes se localizavam próximo ao Cairo, na mesquita “Rabaa al-Adawiya” e na “Praça Nahda”, ao oeste da cidade. As “Forças de Segurança” utilizaram gás lacrimogêneo para dispersar os protestos e rajadas de tiros foram ouvidas. Além disso, tanques blindados foram utilizados na invasão. A operação deixou cerca de 525 mortos no primeiro dia, segundo o “Ministério da Saúde”. No entanto, somente corpos que passaram por hospitais foram contabilizados. A “Irmandade Muçulmana” alega que o número de mortos é superior a dois mil. De qualquer forma, a quantidade parece ser bastante superior a informada pelo Ministério.
O dia 15 de agosto foi seguido de retaliação. Centenas de manifestantes invadiram um prédio do governo no Cairo e o incendiaram. A “Irmandade Muçulmana”, que se mantém como a principal fonte de apoio ao Presidente deposto, chamou a população para marchar em protesto às mortes de quarta, tanto no Cairo quanto em Alexandria. Após a invasão do prédio, que funcionava como sede do governo em Giza, os manifestantes foram retaliados pela polícia.
Em seu primeiro ano na presidência, o islamita Mohammed Morsi entrou em desavença com diversas instituições políticas e setores da sociedade. Ao longo de seu governo, foi acusado por muitos egípcios de não fazer nada em relação aos problemas econômicos e sociais do país, mas, deve-se ressaltar, que, desde sua ascensão ao poder, o Egito ficou dividido entre os que lhe apóiam e seus oponentes, dentre os quais estão esquerdistas, liberais e seculares.
No dia 30 de junho de 2013, milhões de cidadãos egípcios tomaram as ruas em protesto ao primeiro aniversário de Morsi na Presidência. Nesta ocasião, os manifestantes incitaram o Exército a avisar ao presidente que iria intervir e impor seu próprio roteiro governamental caso ele não atendesse às demandas públicas em 48 horas. A resposta de Morsi foi de que ele era o líder legítimo do Egito e qualquer ato que o forçasse para fora do governo levaria o país ao caos. No dia 3 de julho, a Constituição foi declarada suspensa pelo chefe das “Forças Armadas”, general Abdul Fattah al-Sisi.
Após a derrubada de Morsi, o “Chefe da Justiça”, Adly Mansour, ficou responsável por liderar um “Governo de Transição” até que eleições parlamentares fossem realizadas. Mohamed ElBaradei foi apontado como vice-presidente, mas renunciou em protesto à ação militar da última quarta-feira, dia 14 de agosto.
Até o momento, foram declaradas aproximadamente 3700 feridos dentre os civis. Diversos países, incluindo os “Estados Unidos”, condenaram as ações das “Forças Armadas” egípcias. O “Primeiro-Ministro da Turquia”, Recep Tayyip Erdoğan, descreveu os atos como um “massacre muito sério”[1].
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Imagem (Fonte):
http://br.reuters.com/article/worldNews/idBRSPE97E01O20130815
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Fonte consultada:
[1] Ver:
http://www.bbc.co.uk/news/world-middle-east-23711534