Nos últimos anos, tornou-se recorrente noticiar ataques de homem bomba ou a participação de grupos terroristas nos atentados ocorridos nos países do leste africano. A Forbes reconheceu como as ameaças terroristas tem se diversificado e se intensificado no continente e incluiu o leste africano como uma das seis regiões que merecem ser observadas com mais cautela[1]. Na área, através de um governo de transição apoiado pelas forças de peacekeeping da União Africana, a Somália se encontra constantemente em estado de insegurança e violência, com alta incidência de pirataria, corrupção, tráfico humano e terrorismo.
Atualmente, esse terrorismo é praticado em sua maioria pela Milícia al-Shabaab*, grupo islamita da Somália ligado à Al-Qaeda, que luta contra o Governo da Somália apoiado pela ONU[2]. Em 2010, apesar da existência de outros grupos armados e de grupos islamitas radicais, o Governo dos Estados Unidos reconheceu o Al-Shabaab como um grupo terrorista[3].
Após o sequestro de turistas no Quênia por grupos muçulmanos extremistas, o Governo queniano lançou seus militares na linha da fronteira para pressionar e mitigar os efeitos desses atentados sobre o turismo do país, setor chave para a geração de divisas e responsável por aproximadamente 10% do seu Produto Interno Bruto (PIB)[4]. De 2012 para 2013, o número de turistas caiu de 1,2 para 1,1 milhões, com uma queda de mais de 136 mil. Após os ataques em junho, o Grupo al-Shabaab anunciou que o Quênia era uma zona de guerra e que os turistas que para lá fossem estariam assumindo por seus riscos[5].
Apresentando as dificuldades encontradas para solucionar o problema do terrorismo, seis pontos foram retratados pelo Washington Post: 1) fraqueza institucional da agência de inteligência; 2) má colocação no ranking da corrupção; 3) estratégia fraca anti-terror; 4) equipamentos inadequados; 5) investigações pouco articuladas e 6) cooperação local e regional escassa[6].
No final de abril de 2014, os países membros da Comunidade do Leste Africano – sendo eles, Burundi, Quênia, Ruanda, Tanzânia e Uganda – se reuniram para implementar uma estratégia antiterrorismo comum para combater o crimes transnacionais. A decisão de adotar uma estratégia contra-terrorista a nível regional foi lançada na 12ª Cúpula Extraordinária dos Chefes de Estado da Comunidade do Leste Africano[7].
De forma a guiar investigações e conceitos utilizados no tocante ao terrorismo transnacional, David Shinn, sintetizou três tipos de atividades terroristas no Leste Africano (Quênia, Uganda e Tanzânia) e no Chifre da África (Sudão, Etiópia, Eritreia, Djibouti e Somália), segundo suas origens e seus focos de atuação. Para Shinn, as atividades podem ser caracterizadas por: 1) organizações que se situam primariamente fora da região; 2) organizações da região, mas que atuam nos países vizinhos e; 3) organizações movidas por grupos insurgentes internos que lutam contra a autoridade de um único país[8].
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*A expressão árabe “al-Shabaab” significa “A Juventude”.
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Imagem (Fonte – USNEWS):
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Fontes consultadas:
[1] Ver “Forbes”:
http://www.forbes.com/sites/riskmap/2014/02/06/six-places-at-risk-of-terrorism-in-africa/
[2] Ver “BBC”:
http://www.bbc.com/news/world-africa-15336689
[3] Ver “Carnegie Endowment for International Peace”:
http://carnegieendowment.org/2010/09/23/terrorism-out-of-somalia/wnc
[4] Ver “Coast Week”:
http://www.coastweek.com/3714-kenya-02.htm
[5] Ver “Daily Mail”:
[6] Ver “The Washington Post”:
[7] Ver “Daily Nation”:
[8] Ver “Terrorism in East Africa and the Horn: a overview” (em “The Journal of Conflict Studies”):
http://journals.hil.unb.ca/index.php/jcs/article/view/218/376