O “Governo dos Estados Unidos da América” anunciou o cancelamento da viagem do presidente Barack Obama à Rússia, no âmbito da realização da cimeira bilateral entre os dois países que ocorreria no início de setembro (2013). Para alguns analistas, tal atitude pode acarretar no início de uma nova “Guerra Fria”.
Em comunicado oficial, o vice-Conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Ben Rhodes, deixou claro que a decisão fora tomada em resposta à concessão do asilo temporário ao ex-agente Edward Snowden. Afirmou Rhodes: “Ainda vamos trabalhar com a Rússia em questões onde podemos encontrar um terreno comum, mas é a opinião unânime do Presidente e de sua equipe de segurança nacional de que a cúpula não faz sentido no contexto atual”[1].
Em entrevista concedida ao programa televisivo “The Tonight Show with Jay Leno”, do canal NBC, o presidente Obama caracterizou as atitudes russas como manifestações de um pensamento característico dos tempos de “Guerra Fria”. Nas palavras do Presidente, “houve momentos em que eles [o Governo russo] escorregaram de volta para um pensamento da Guerra Fria e para uma mentalidade da Guerra Fria. O que eu sempre digo a eles, e o que eu digo ao presidente Putin, é que é o passado, e temos que pensar no futuro, e que não há nenhuma razão pela qual nós não podemos ser capazes de cooperar de forma mais eficaz”[1].
Já o senador Chuck Schumer, do “Partido Democrata”, fora mais duro em suas declarações contrárias ao “Governo Putin”, chegando a afirmar que este pretende fazer da Rússia uma grande potência e, sendo assim, o cancelamento da cimeira bilateral passaria o recado de que o Governo americano não respeita tal atitude[2].
O jornal alemão “Deutsche Welle” apresentou um posicionamento crítico[2] às ações defendidas pelo presidente Obama que, ao cancelar sua visita, dispôs-se a arriscar as relações bilaterais entre os dois países – relativamente estáveis após um longo período de conturbações. O jornal indaga se as atitudes de Obama foram politicamente sábias ou, ainda, se refletem um momento interno de pressão sobre o seu Governo.
Para o analista do “Washington Kennan Institute”, Matthew Rojanski, as atitudes do “Governo Obama” podem acarretar no agravamento das relações bilaterais. Ademais, o fato de que o Kremlin não coopera da forma esperada pela “Casa Branca” não deve ser interpretado – tanto pela sociedade civil, como pelo governo – como um sinal de impossibilidade de uma futura cooperação e, consequentemente, a caracterização da Rússia como um inimigo.
Para Rojanski, “a Rússia sempre vai estar na mesa [de negociações] e vai, cada vez mais, desempenhar o papel de contrapeso aos Estados Unidos [da América]. E isso é simplesmente porque os russos estão se vendo nesta posição por suas próprias ações, e agora cada vez mais pelas ações dos EUA. Não ajuda quando os EUA lutam contra o fogo com fogo”[2].
O Governo russo, através de seu assessor de política externa Yury Ushakov, declarou estar extremamente desapontado com o cancelamento da viagem de Obama e, consequentemente, da cimeira bilateral. Ushakov, em tom crítico, enfatizou que “este problema enfatiza que os “Estados Unidos” [da América], como antes, não está pronto para construir relações em pé de igualdade”[1].
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Imagem (Fonte):
http://i.telegraph.co.uk/
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Fontes consultados:
[1] Ver:
http://www.dw.de/obama-
[2] Ver:
http://www.dw.de/us-russian-